Teto preto - cap 45

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Murilo

O homem que estava na varanda pareceu assustado com a nossa chegada, mas não saiu do lugar.

- Boa tarde. - disse um dos policiais

- Boa tarde, no que posso ajudar? - perguntou ele

- Estamos atrás de uma desaparecida, em um dos locais em que ela esteve nós encontramos o seu endereço. Precisamos entrar para procurar.

- Sem problemas, até porque quem não deve não teme, mas vocês querem olhar na minha casa ou na loja?

- Loja? - perguntei

- Sim, eu tenho uma loja de lá no fundo.

- Loja de quê?

- Tem de tudo um pouco, aqui nessa região as pessoas não costumam sair para comprar as coisas na cidade, então sempre que precisam de algo elas vêm comprar comigo.

Um dos policiais mandou três agentes olharem na casa e outros três olharem a loja. Nós ficamos com o homem, na frente da casa.

- Quem foi seu último cliente? - perguntou o policial

- Foi a dona Marilda, ela veio atrás de um chá para dor nas costas.

- Nos poupe dos detalhes. Por acaso uma moça de mais ou menos 1,61 de altura, cabelos castanhos e olhos verdes passou por aqui nos últimos três dias? - perguntou Letícia irritada

- Olha, isso é difícil dizer, mas há uns dois dias quando Sávio esteve aqui, ele... - Eu o interrompi

- O senhor disse Sávio, por acaso o senhor sabe o sobrenome dele? - perguntei

- Claro, Sávio Pontes, ele é meu cliente há anos, é neto de uma amiga querida.

- Calma, Sávio é o ex da Thaís, o que ele fazia aqui? - disse Rebeca

- Provavelmente estava fugindo com ela, precisou de algo e parou aqui para comprar. - disse Emílio

- Sávio esteve aqui, pra onde ele foi? - perguntou o policial

- Ah, ele me disse que estava indo para a antiga casa que a avó dele morava, parece que ele queria reformar a casa e colocar à venda.

- Ele está com a Thaís, e eu tenho certeza.

Os policiais que estavam olhando as casas chegaram e disseram que não encontraram nada.

- Senhor, preciso que me diga exatamente o que esse Sávio comprou. - disse o policial

- Ele comprou um chip, uma tinta de cabelo que não me lembro a cor, uma tesoura, alguns pregos e martelos, e não me lembro o resto, são tantos clientes, eu não me lembro de tudo que cada um compra.

- E onde fica a tal casa que ele disse que estava indo? - perguntou Letícia.

- Mais ou menos uns 100 km pra frente há um complexo de três vilarejos, pelo que eu me lembro, a avó de Sávio morava no último, a casa dela era um pouco mais afastada das outras, mas é fácil de identificar, tem um enorme pé de manga na frente. - disse ele

- Mas se é longe, como o senhor sabe? - perguntou Letícia

- Porque de vez em quando eu fazia umas entregas lá, mas após ela mudar há uns anos atrás, eu nunca mais fui pra lá.

- Entendi, obrigado e boa noite. - Agradecemos e logo depois seguimos para esse lugar que ele havia dito. 

Sávio

Thaís estava mais fraca do que nunca, e apesar de eu ainda ter raiva e querer me vingar, eu ficava mal por vê-lá naquele estado, mas não daria o braço a torcer, não planejei tudo isso para no final ser descoberto, e pior ainda, perder a oportunidade de arrancar tudo dela, e principalmente daquele imbecil do Murilo, que se acha o máximo mas não é nada.

- Chefe, a Thaís já sofreu bastante, acho que já podemos tirar ela daqui, olha como ela está. - disse Sandro

- Virou defensor dos oprimidos agora, foi?

- Não, só não acho que seja necessário continuar com isso.

- Escuta aqui, Sandro, quem dá as ordens sou eu, e a ordem é que nós não vamos parar até eu arrancar tudo que o Murilo tem.

- E como o senhor vai fazer isso? Afinal, até agora não nos disse nada. - perguntou Alex

- O primeiro é tirar a Thaís, coisa que eu já fiz. Segundo é fazer todo mundo acreditar que foi ele quem armou o sequestro, como tenho tudo planejado, terceiro é desmentir esse negócio de romance fake para acabar ainda mais com a reputação dele. Por último, nós pegamos toda a grana dele e vamos para bem longe daqui.

- Mas antes nós vamos soltá-la? - perguntou Sandro apontando com a cabeça para Thaís

- Claro que não, ficou louco? Vai tudo por água abaixo se eu fizer isso.

- E o que pretende fazer com ela? - perguntou Alex

- Deixa isso comigo que eu já sei o que vou fazer.

Thaís se levantou para ir ao banheiro que tinha no quarto, ouvimos ela vomitar e eu não permiti que eles fossem lá para ajudar. Ao voltar e fazer o caminho até a cama, ela caiu desmaiada no chão, pela quinta vez.

Agora sim, corremos para socorrer, e a colocamos na cama, não que eu me preocupasse, mas essa situação já estava ficando totalmente fora de controle, do jeito que ela está, duvido que dure muito tempo.

Uns cinco minutos depois ela acordou, dessa vez parecia ainda mais fraca.

- Sávio, eu não estou bem, você sabe que o melhor é me levar para o hospital.

Realmente, seria o melhor, não eu não podia, não depois de tudo que eu planejei.

- Sim, é o melhor a se fazer, mas infelizmente eu já escrevi o roteiro dos próximos capítulos, e a parte em que vamos para o hospital não está inclusa.  - falei e saí do quarto, antes que me arrependesse.

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