Capítulo 9 - Você cheira a bolo

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RAFAEL

Adam ficou alguns dias no hospital e em duas semanas teve alta, eu fui buscá-lo e o levei para o shopping para comprar roupas.

O pai dele havia descoberto o relacionamento dele com João Paulo através de uma vizinha que os havia visto aos beijos próximo a escola há alguns dias atrás.

Ele o havia espaçando e o colocado para fora de casa. Adam perambulou pelas ruas da cidade em pleno inverno com as roupas leves e o frio havia piorado a recuperação dele.

Ele estava morando comigo.

Apesar dos dias terem se passado ele evitava falar com a maioria das pessoas no colégio e ate mesmo com minha família – ele só se sentia a vontade para falar comigo – a mãe dele havia ido à escola para falar com ele, mas ele recusou e só trocou poucas palavras com ela e por que eu insisti e foi assim durante todo o inverno.

Minha mãe havia conseguido trocar as aulas dele para que ele ficasse na mesma sala que eu e havia conseguido uma bolsa de estudos para ele.

As férias finalmente haviam chegado e eu estava deitado na cama olhando para o teto branco, eu não estava pensando em nada especial, Adam estava na cozinha provavelmente se empanturrando – o que me fez rir por um breve momento ao imaginar ele falando de boca cheia enquanto dona Ângela brigava e ria satisfeita – o que eu não faço normalmente.

As comemorações do final de ano foram divertidas, ri muito vendo ele tentar se manter em pé em um skate em pleno inverno na nossa sala e muito mais quando ele se engasgou com uma trufa de chocolate. Por mais que ele sofrera nos últimos meses ele parecia esta bem agora, ele estava feliz.

A maçaneta do meu quarto fez um ruído e a porta se abriu, eu não precisava olhar para ela para saber que era Adam.

Ele caminhou ate a cama e se deitou ao meu lado.

– Você cheira a bolo de chocolate.

– Eu não poderia dispensar tal gostosura da dona Ângela.

Ri. Houve um silencio no quarto e virou o rosto para me olhar e eu fiz o mesmo.

– Obrigado – ele disse.

– Pelo?

– Por tudo o que esta fazendo por mim...

– Não precisa agradecer... – houve um novo silencio – Adam...

– O que?

Seus olhos estavam nos meus e eu sabia agora o que eu sentia apesar de ser errado, mas eu não estava me importando com o que os outros pensariam, eu só desejava ser feliz, desde o começo.

Ele me olhou como se procura-se algo.

– Eu gosto de você.

– Gosta?

– Não...

– Não? – olhou ele surpreso. – Não estou entendendo.

Eu me aproximei, minha mão segurou seu rosto e o beijei.

– Eu amo você.

De Repente Amor | Romance BLOnde histórias criam vida. Descubra agora