O vento balançava do lado de fora da casa, à lua majestosa iluminava a relva verde que rodeava a casa, o pio da coruja emitia uma sinfonia em conjunto com os grilos da propriedade. As nuvens dançavam no céu escuto escoltados pelas estrelas.
Eu estava sentado na janela do quarto pensado enquanto olhava para o horizonte quando sinto Rafael me abarcar e beijar a nuca. Ri brevemente, me virando e o beijando-o.
- No que esta pensando? – ele me olhou serenamente.
- Não é nada de mais. – respondi.
Ele me olhou com o semblante preocupado, de alguma forma ele sabia que eu estava incomodado com alguma coisa, mas não fez menção em perguntar então ele me beijou mai uma vez.
- Eu te amo.
- Eu também te amo.
Ele se levantou, sorriu e saio do quarto descendo as escadas. O quarto era enorme, a luminária era de cristal e pendia no centro do quarto, havia uma enorme cama de casal em madeira maciça com adornos. Um guarda roupa em estilo colonial, uma escrivaninha antiga com um espelho e uma poltrona em sua frente, ao lado da janela havia uma porta de vidro que levava ao terraço onde havia uma cadeira de balanço. A cama era macia, e em cada lado dela havia um criado mudo com um abajur cada, e um telefone sem fio no que ficava do lado de Rafael, os travesseiros tinham penas de ganso e o piso de madeira lisa brilhava com a iluminação. Mas havia elementos novos em meio a decoração antiga como a TV de plasma e o ar condicionado na parede.
Era uma grande casa cheia de luxo e ostentação.
Isso me fazia pensar no que eu descobrira nos últimos dias sobre Rafael, mas eu não iria pensar nisso agora. Continuei olhando pela janela e vi a grama verde sendo escondida pela escuridão.
As luzes estavam sendo apagadas.
Levantei-me e fui para a cama, desliguei a luminária e liguei os abajures me deitando, Rafael entrou logo em seguida, ele tirou camisa e colocou sobre a poltrona, seguiu para o banheiro e quando voltou ele veio caminhando em direção à cama apenas de cueca Box preta. Ele se deitou e me abraçou.
- Não fique preocupado.
- Você não esta?
- Não. – disse ele por fim em meio a um sorriso, me abraçando forte.
Rafael estava decidido quanto a tudo e eu não deveria estar preocupado, mas eu sabia que não seria tão fácil como ele pensava. Eu estava com medo. Medo do que vira.
O sol adentrava a janela do nosso quarto. O eu estava azul e a copa das arvores balançava tranquilamente com a brisa matinal, o canto dos passarinhos me acordara. Meus olhos se abriram lentamente, minha mão foi em direção a minha face para proteger meus olhos da claridade matinal. Levantei-me lentamente, me espreguicei e fui para o banheiro. Tomei um banho, escovei os dentes e me vesti, e ao sair do banheiro caminhei como de costume ate a cozinha.
Ela era relativamente pequena, mas aconchegante. Rafael falava ao telefone enquanto Sara – nossa empregada – fazia o café da manhã.
Ri com a lembrança da cena de sua contratação.
Rafael estava sentado no escritório da biblioteca da casa – comportando-se como um homem de negócios – as entrevistas estavam se arrastando desde as oito da manhã e eu já estava cansado de tudo aquilo, quando uma senhora de um metro e quarenta, cabelos curtos e acinzentados, corpulenta e olhos de um âmbar cristalino adentrou o escritório em um vestido floral. De todas que haviam passado por aquele cômodo ela era a mais simples. Respondeu todas as perguntas de forma simples e não se mantinha olhando para nós por muito tempo, então ele me olhou e devolvi o olhar.
- A senhora tem experiência?
Ela se voltou par mim, não me olhando nos olhos e de forma tímida começou.
- Não "sinhor". Sempre "trabaiei' no campo, mas as coisa se "apertarum" e o "campu" num da mais pra "sustentra" meus fios. – disse ela em lamento.
- A senhora tem filhos?
- Sim "sinhor", um "muleque" de dezoito ano e um de doze. – pude ver ela sorrir quando falou deles.
- E porque quer esse emprego?
- "Num" tenho como alimentar meus "fios" desde que meu marido morreu. E também "num" tenho dinheiro para pagar os estudos deles em uma escola boa, já tava "disisperada", "pasano" fome quando minha "cumade" falou que tinha um emprego perto de casa e que eu "divia" vir talvez Deus me ajuda-se nesse momento, e aqui to eu.
Rafael não se intrometeu em nenhum momento e me olhou novamente com um sorriso no rosto.
- Então não precisa se preocupar. – disse ele.
- O emprego é seu... – conclui em meio a um sorriso.
Os olhos delas se encheram de lágrimas enquanto ela agradecia, então passou as mãos calejadas nos olhos e nos olhou.
- Muito obrigada.
- O prazer é nosso, mas tem um detalhe... – Rafael disse em meio a um sorriso.
- Qual? – perguntou ela sem entender nada.
- Algum problema em trabalhar pra um casal gay adolescente? – ele mantinha o sorriso no rosto enquanto eu abaixava a minha cabeça tentando não ri da situação embaraçosa.
Sara ficou seria e de repente...
Caiu.
Foi meio engraçado como ela fora acabar trabalhando em uma casa onde moravam dois adolescentes e eles estavam "juntos". Era de mais para ela tanto que ela apagou por uns cinco minutos. Adentrei a cozinha.
- Bom dia Sara. – disse em meio a um sorriso.
- "Bum" dia "sinhor" Adam. – ela deu um sorriso – Aqui esta o do "sinhor" – falou me entregando a xícara de café com leite, com um prato de cucuz.
- E o Rafael já comeu?
- Sim "sinhor". Só num "sorta" esse celular desde que se "levantô".
Ele continuava no telefone por um motivo óbvio para mim. Havia coisas que eu descobrira depois que chegamos a esta casa. Rafael não precisava arranjar um emprego, pois seu pai havia lhe deixado uma empresa, além de propriedades e uma herança. Este ano ele fará dezoito e começara a participar do negócios. Quando ele finalmente saio do telefone ele me olhou com o sorriso matinal e me beijou na boca, retribui e quando ele se afastou de mim disse em meio a um sorriso.
- Pronto Sara, já pode tirar a mãos dos olhos.
- Obrigada "sinhor".
- De nada. Tenha um bom dia Sara. Qualquer coisa...
- Ligo pra "ocês". – disse ela sorrindo e nos seguindo pela casa.
Seguimos ate a sala onde estavam nossas mochilas e nos direcionamos a entrada, o carro já estava estacionado a frente da casa. Entramos no recente Cross Fox preto que Rafael comprara e saímos da propriedade com Sara ao longe acenando desejando a nos um bom dia de aula.
E lá no fundo eu esperava que fosse realmente um bom dia de aula.
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De Repente Amor | Romance BL
Teen FictionOBRA REGISTRADA NA FUNDAÇÃO DA BIBLIOTECA NACIONAL. PLÁGIO É CRIME! De Repente Amor traz a historia de Rafael e Adam que se conhecem acidentalmente após ter chegado atrasado ao colégio Sigma. Rafael procura por um sentimento que nunca encontrou...