Capítulo 1 - A biblioteca

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Era inverno. As ruas começavam a ser cobertas por uma camada fina de neve. As crianças corriam na rua juntando o pouco de neve que havia para uma previa das guerras de bolas de neve que logo chegariam, junto com os bonecos de olhos de ameixa, nariz de cenoura e sorriso muitas vezes com botões e para o lago no centro do parque no meio da cidade que se transformava nesse época do ano em uma pista de patinação.

Eu podia ver tudo isso pela janela da sala de aula do segundo andar do Colégio Sigma, o Sr. Almeida – meu professor de química – dava aula em uma monotonia e tranquilidade. Eu estava a observar a felicidade das crianças, naquela época tudo parece ser mais fácil e simples.

Tudo parecia estar no seu lugar agora, aparentemente, eu havia terminado com minha namorada – Lisa – que fazia parte das lideres de torcidas do time de basquete em que eu sou o capitão, alem de ser o mais popular do time, eu era rodeado de amigos, mas eu estava cheio de futilidades, de interesseiros e de falsos amigos.

O ultimo sinal soara e eu sair da sala como eu entrara sem entender o assunto. Caminhei pelo corredor em silencio, desci as escadas e sai pela porta principal indo em direção ao estacionamento, subi em minha CB650 prata, a liguei e fui para casa.

Minha casa ficava a 08 km da escola, eu morava com minha mãe – Raven – em uma cidadezinha em uma mansão ao norte da cidade, meu pai – Jason – morrera quando eu tinha doze anos e às vezes eu me sentia sozinho sem ele por perto e ainda me sinto um pouco sem rumo, como se não houvesse uma luz no fim do túnel par mim... Eu o amava... Minha mãe me ajuda e tenta ao máximo minimizar a ausência dele.

O portão se abriu e eu entrei, coloquei a minha moto na garagem, dei a volta e entrei pela porta da cozinha onde dona Ângela fazia o jantar.

- Cheguei. – ri brevemente a abraçando.

- Como foi à aula Rafael? – ela retribuiu o abraço.

- Chata – abri a porta da geladeira – E a minha mãe?

- Ainda não chegou, quer comer algo?

- Não eu estou bem, vou para o meu quarto.

Para chegar ao meu quarto atravesso a sala de jantar e a sala, subo as escadas que há lá e sigo para o meu quarto. Eu tinha uma vista incrível do meu quarto que tinha o que você pudesse imaginar em tecnologia alem da cama, guarda roupa e o meu banheiro.

Deito-me na cama e olho para o teto branco, não era nada fácil entender o que se passava na minha cabeça, o porquê de eu estar me sentindo tão vazio por dentro, meu relacionamento com Lisa não era o que pensava que fosse tudo não passou de uma mentira contada mim mesmo que tudo tenha sido real para ela.

Eu estava perdido em alto mar e não havia nenhum farol a vista. Talvez meu pai soubesse como me guiar, minha mãe tinha problemas de mais com a empresa e eu não queria preocupá-la. Talvez se eu der tempo ao tempo tudo se encaixe e eu volte a ser como antes.
Não sei quando e que horas aconteceu, mas me perdi em meio à escuridão do meu quarto.
 

Meus olhos se abriram em protesto ao sol que atravessava a janela de vidro e iluminava o meu rosto. Olhei para o relógio e ele marcava oito e meia da manhã. Eu estava muito atrasado para a aula. Tomei um banho rapidamente, vesti o fardamento, peguei a mochila que eu havia deixado esquecida no canto do quarto e desci as escadas passei pela cozinha e peguei uma maçã e sai porta a fora sem ao menos ouvir o sermão sobre alimentação de dona Ângela que me olhava com cara brava enquanto eu acenava indo para a garagem.

Quando finalmente cheguei ao colégio a Sra. McFly dava sua aula de física, ela estava de costas para mim e escrevia algo no quadro e no exato momento em que entrei sem se virar para me olhar ela disse:

- Sr. Albuquerque esta atrasado e não assistira essa aula.

- Mas professora... – tentei argumentar.

- Sem, mas Sr. Albuquerque e quando sair feche a porta.

Dei meia volta e fechei a porta ao sair.

- Mais que merda!

Eu não podia ficar no corredor durante o horário de aula, se eu ficasse seria suspensão fora a bronca da minha mãe, então fui para o único lugar do colégio onde eu não teria problemas.

A biblioteca.

Ela era dividida em seções com enormes instantes de madeira intercaladas por mesas de estudo individuais ou grupais. Dirigi-me para à ultima seção que era onde ficavam os livros de literatura, o lugar era afastado e ficava bem próxima da seção de misticismo o que me fazia perguntar por que tínhamos aqueles tipos de livros ali, bem o que importava era que quase ninguém ia ate lá, a maioria não sabia daquela seção e geralmente todos evitavam a biblioteca.

Tirei minha mochila das costas e a coloquei em cima de uma mesa, o livro que eu queria estava na quarta prateleira ao lado das Crônicas de Narnia que eu havia lido no verão passado, peguei o livro e quando eu me virei para voltar para a mesa esbarrei em alguém o que nos fez cair no chão junto com os livros que carregávamos.

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