Capítulo 22 - Adeus

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JOÃO PAULO

O céu estava tingido de nuvens negras que ondulavam no céu fúnebre. Relâmpagos iluminavam o céu com frequência enquanto o vento frio inundava a rua praticamente vazia naquela manhã, enquanto isso eu estava sentado na mesa da cozinha tomando o costumeiro café da manhã. Levante-me e fui para a sala peguei as chaves do carro e fui para a garagem.

Joguei minha mochila nos bancos traseiros do carro, entrei e liguei o carro e sai da propriedade da minha casa e comecei a dirigir pela rua enevoada daquela manha nublada na pequena cidade de River Spring. Por alguma razão eu estava mais sentimental do que eu nunca estivera há muito tempo desde que... Eles se foram.

A lua estava no alto e iluminava a floresta que cercava o bosque que se entrelaçava com a floresta de River Spring em alguns quilômetros. A estrada estava deserta, mas a nevoa atrapalhava a visibilidade naquela noite. Eu estava sentado no banco de trás com os fones de ouvido ouvindo musica enquanto meu pai conversava com minha mãe. Foi então que tudo aconteceu.

Minha cabeça doía um pouco, mas eu podia ver o carro de cabeça para baixo a uma distancia considerável de mim, eu sentia o cheiro de sangue e o sentia escorrendo pela minha testa enquanto uma voz ao longe pedia com urgência.

- Corre...

Meus olhos se voltaram para seu rosto, meu pai estava preso no carro com a parte inferior do tronco preso em seu interior, procurei por minha mãe, mas ela estava de olhos fechados e presa no lado mais destruído do carro, seu rosto sangrava.

- Corre... – ele pediu mais uma vez. – Salve-se filho.

Ele estendeu a mão então procurei forças e me virei, meu corpo doía, sentia dores nele todo, estava com uma das minhas pernas fraturadas sem sombras de duvidas e teimoso segui me arrastando em direção ao carro.

- Não! – ele gritou e tossiu sangue e começou a desfalecer no chão.

Foi então que senti o cheiro de gasolina se tornou forte, olhei com urgência para meu pai.

- Pai. – sussurrei sem forças para falar.

- Nós amamos você... – disse ele por fim.

E então o carro explodiu e me jogou a uma distancia maior ainda, ate que minha cabeça encontrou o chão e tudo ficou escuro.

Passei algum tempo no hospital e depois na casa de parentes, foi uma época difícil ate conhecer ele.

Adam.

O sol estava no alto naquela manhã de verão, as nuvens brancas dançavam no céu azul, a brisa morna tocava meu rosto enquanto eu caminhava pela rua que dava acesso ao Elite High eu acabara de mudar de vota para esta cidade River Spring uma cidadezinha nublada na maior parte do tempo, onde os dias são mais curtos e as noites mais longas.

A velha casa dos meus pais continuava a mesma e eu já estava cansado de mudar de “alojamento” já que eu era mandando de um parente a outro com frequência, ninguém queria cuidar do garoto solitário com problemas psicológicos mal resolvidos, nem eu mesmo queria, foi então que o vi.

Sua pele é parda e seus cabelos negros como uma noite sem estrelas e seus olhos são de um verde cristalino e podiam ver através da alma. Ele estava com mochila e seguia cabisbaixo pela rua foi então que ele parou e pareceu pensar por um momento, então pegou uma rua estreita e curioso decidir seguir ele.

A rua era estreita de lajotas lisas e brilhantes e tinha varias casas amontoadas uma em cima das outras, era pacata e sem muito movimento, carros não pareciam passar por ali. Era uma rua destoante do resto da cidade talvez resquício dos colonos italianos que ali vivem pelo formato dos prédios e das casas.

Caminhei o seguindo por uma hora e meia em meio a uma estrada de terra quando finalmente a rua “italiana” acabou e dava entrada ao bosque. O sol já estava no alto e eu começava a suar e a pensar em desistir de seguir aquele garoto, mas por alguma razão algo me dizia que eu devia segui-lo.

Então ele pegou a estrada de terra da direita em uma bifurcação e seguiu por alguns metros ate o lago. Lá ele colocou a mochila no chão e olhou para o céu azul se deitando na grama, fiquei de longe o observando ate que ele tira a camisa e vejo o contorno de seu corpo definido, ele tira a camisa. Olha para o sol e pensa por alguns instantes e pula na água, não demora muito ele sai da água e se senta. Pega a mochila e pela algo que reluz com a luz do sol, então algo me faz ir correndo ate onde ele esta.

Quando me aproximo ele estava chorando e seu pulso esquerdo emanava sangue que escorria rapidamente, então sem ao menos pensar eu arranco minha camisa e amarro no corte segurando firme para estancar o sangue que fluía de lá.

As lagrimas corriam pelo meu rosto e as enxuguei, lembrando das palavras que eu mesmo havia dito a ele naquele dia.

- Chorar não vai resolver seus problemas, enfrenta-los sim.

Foi naquele dia que me apaixonei por ele, eu sempre soube que ele era especial. Enxuguei minhas lagrimas e me concentrei na estrada que começava a ficar movimentada. Não demorou muito e entrei na 317 que é a avenida que da acesso ao Sigma. Ela era quase completamente reta se não fosse pela curva que da na entrada principal da escola.

LISA

Eu estava plantada naquela maldita curva da 317, e só ela seria útil para o meu plano. O Sigma High é uma escola muito bem arborizada e que fica a uns seis quilômetros do centro da cidade então a avenida era cercada por um bosque virgem que era usado apenas na época de caça. Eu já estava impaciente quando o celular começa a vibrar, olho para a tela do meu celular e vejo que era o idiota que eu contratara para ajudar na execução do meu plano.

- Alô. – eu disse irritada.

- Tudo pronto madame. Do jeitinho que a senhora pediu.

- Então vai ocorrer conforme o planejado? – disse animada.

-Sim senhora – disse a voz satisfeita.

- Então esta dispensado. O dinheiro esta na sua conta. Passar bem.

Desliguei o celular satisfeita. Eu o observara todos esses dias com uma única intenção e hoje eu faria com que ele paga-se pelo que me fez. Hoje iria acertar as minhas contas com a gazela saltitante. Como de costume ele passava as sete e quinze na curva da 317 que da acesso ao terreno do Sigma High.

Então ouvi o barulho de um carro, olhei para o relógio e vi que faltava um minuto para sete e quinze da manhã, esperei e vi que era o Logan preto dele que se aproximava, por via das duvidas conferia placa e quando tive a certeza peguei um aparelho que estava no bolso do meu casaco e o apertei.

JOÃO PAULO

Estava tudo ocorrendo bem ate que cheguei a curva 317 e perdi o controle do carro, então percebi que tudo aconteceria novamente. O carro capotou. Meu corpo esta praticamente todo fora do carro, mas meu pé havia ficado preso então tentei me soltar ate que sentir o cheiro da gasolina novamente.

Era esse o cheiro da morte?

Então olhei para o céu azul e vi uma nuvens caminhando sozinha ao encontro de outras duas solitárias na infinidade do céu.

- Estou indo para casa. – sussurrei.

Então ri por um momento, Adam não ouviria jamais isso, mas ainda sim teria significado para mim.

- Eu amo você Adam.

LISA

E o grande finale seria mais do que perfeito e por fim apertei o botão vermelho e como em um show pirotécnico vi o carro explodindo.

- Adeus gazela. – disse eu rindo e cantarolando me afastando dali.

De Repente Amor | Romance BLOnde histórias criam vida. Descubra agora