Capítulo 17 - Decepção

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ADAM

O sol atravessava a janela do meu quarto, eu estava deitado na cama olhando para o teto branco, as folhas da arvore que ficava em frente a minha janela que estava em direção à rua balançava tranquilamente. Seria um dia ensolarado de céu azul, mas havia nuvens escuras ao leste. Poderia chover.

  Eu havia conseguido dormir bem na noite anterior e apesar de ter cochilado algumas vezes eu sempre acordava, eu buscava uma solução para os problemas que eu havia conseguido em tão pouco tempo. Isso era ridículo, mas em apenas um dia eu havia ferrado parte da minha vida. Mas nada que eu não pudesse tentar consertar, então me levantei e fui para o banheiro.

Liguei o chuveiro e deixei que a água quente percorresse todo o meu corpo, relaxando meus músculos enquanto eu pensava em como falaria com Rafael para que pudéssemos nos entender. Então apressei-me e sai do banho e voltei para o meu quarto, abri o guarda roupa e La estavam todas as minhas roupas que eu deixara no ultimo semestre após ter sido "expulso" de casa pelo meu pai.

Peguei uma calça jeans e fechei o guarda roupa, calcei o tênis e me olhei no espelho, eu havia mudado nesses últimos meses, estava mais alto e tinha encorpado só agora eu prestava atenção nesse detalhe. Então virei-me de costas e vi as largas cicatrizes brancas em minhas costas que percorriam toda a sua extensão, abri novamente o guarda roupa e peguei uma camisa preta e a vesti. Desci e sai de casa e quando fecho a porta o Sr. Tanner buzina do seu carro, com um largo sorriso.

- Uma carona?

Ri e fiz um meneio de cabeça confirmando que aceitava a carona. Fui em direção ao carro e entrei, coloquei o cinto e ele me olhou.

- Não esta esquecendo a mochila?

Sorri sem graça.

- Na verdade não vou à escola, mas para onde eu vou é bem próximo então... Desculpe-me professor, eu vou a...

Ele da um largo sorriso e segura minha mão.

- Não me chame de professor e muito menos de Sr. Tanner pelo menos fora do ambiente escolar, nos conhecemos há muito tempo para tanta formalidade não acha? – ele riu. – pode me chamar de Gutho.

- Tudo bem professor, quero dizer... Gutho. – fiquei vermelho ao dizer seu nome enquanto ele dirigia pela avenida já movimentada naquela manhã.

Não era algo que eu contei há alguém, mas minha primeira paixão foi ele. Isso aconteceu muito antes de conhecer João Paulo e Rafael, na época eu tentava me ajustar aos desejos do meu pai. Ser um garoto, ou homem com H maiúsculo. Eu namorava com uma garota Jane. Mas naquele momento eu queria evitar ter esses pensamentos, lembrar do meu passado de uma época em que não era eu, e sim uma maquina que obedecia padrões e não tinha opinião própria e muito menos meus próprios preceitos de felicidade.

- Então aonde quer ir exatamente?

- Ao sul da cidade na estrada que leva ao lago.

- Hmm... Há uma casa no caminho, muito bonita por sinal. Alguém conhecido seu mora lá?

- Sim. – abaixei a minha cabeça.

- Há alguma coisa errada? – ele me olhou preocupado e com urgência.

- Não esta tudo bem. – ri brevemente.

- Tudo bem, mas quando quiser conversar, estou aqui. Pode contar comigo sempre.

- Obrigado.

A avenida havia sido ultrapassada e havíamos pego uma rua de lajotas lisa e negras, era uma rua tranquila e residencial, com arvores em toda a sua extensão ate chegar a uma estrada de chão batido. As arvores começavam a se aglomerar com mais frequência e o verde tomava conta da visão fazendo arcos, fazendo sombra na estrada e o ar puro adentrava o ambiente. Estávamos em silencio a um bom tempo e eu pensava no que ele estaria fazendo naquele momento ate que Gutho me tirou de meus devaneios.

- Então o que fazia na casa da sua avó?

- Estou morando lá agora.

- Serio? – ele pareceu surpreso. – Isso explica porque não te vejo mais todas as manhãs.

Ele riu e me olhou. Retribui com um sorriso quando avistamos a casa, então ele parou o carro na entrada principal já que o portão estava aberto. Gutho estacionou em frente a entrada principal onde havia um crossfox vermelho estacionado e não havia sinal do carro de Rafael.

- Quer que eu espere. – perguntou ele.

- Obrigado profe... Quero dizer Gutho. Não quero te atrapalhar.

- Você não atrapalha.

- Obrigado.

Então sai do carro e adentrei a casa enquanto ouvia o carro fazendo a baliza para dar meia volta. Fui ate a cozinha onde Sara estava preparando o café.

- "Bum" dia "sinhor" Adam. Já de pé? "Gerarmente" é seu Rafael que "si" levanta primeiro.

- Bom dia Sara – dei um sorriso – Rafael ainda esta na cama?

- Sim "sinhor". Mas "pera", "cês" não "tavam" "durmindo" junto?

- Não Sara.

- "Oxente" e quem é que tava com ele quando passei e fechei a porta do quarto?

Não precisando de mais uma palavra subi rapidamente as escadas e fui para o nosso quarto, chegando lá vejo Rafael e Lisa abraços dormindo juntos. Meus olhos se enchem de lagrimas, foi quando o despertador tocou e Rafael se mexeu na cama e abriu os olhos lentamente acariciando a pele de Lisa.

- Bom dia meu amor.

Então ele coçou os olhos e me viu em pé surpreso, voltou-se para quem estava do seu lado na cama e se levantou rapidamente vindo em minha direção.

- Amor... Por favor...

- Por favor o que Rafael? – eu estava chorando. – Você dormiu com ela. – apontei.

- Adam eu não... Eu. Deixe-me explicar. – disse ele com urgência o que fez com que Lisa acorda-se.

- Que gritaria é essa meu amor? Volta pra cama... A noite de ontem foi tão boa quando fizemos amor...

Fiquei inerte e estático.

- Essa é toda a explicação que eu preciso...

Sai correndo descendo as escadas o mais rápido que eu podia sem olhar para trás, eu não queria ser impedido. E eu como um idiota estava chorando por causa dele, passei por Sara rapidamente ela me chamou, mas eu não voltei continuei correndo ate o portão e foi quando vi o carro de Gutho vindo em minha direção, ele freou bruscamente e saio do carro.

- O que aconteceu? – ele estava preocupado.

- Me tira daqui, por favor... Tira-me daqui.

Sem dizer mais nenhuma palavra ele, me colocou o carro, fez a baliza e quando ia acelerar Rafael gritava meu nome. Gutho me olhou esperando por uma resposta minha, mas eu apenas chorava então ele acelerou e saímos dali.

De Repente Amor | Romance BLOnde histórias criam vida. Descubra agora