Capítulo 25 - Perdão

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ADAM

O horizonte estava laranja quando chegamos a River Spring. As nuvens aos poucos se acumulavam na imensidão azul e se espalhavam por sua extensão, as faíscas matinais esquentavam levemente meu rosto. A brisa movimentava a copa da arvores naquela manhã. Rafael havia deixado o carro no estacionamento e nos direcionamos ate ele quando passo por uma maquina de jornais. Paro por um breve momento, tiro uma moeda do bolso e a deposito na maquina que abre e retiro o jornal. Havia uma nota do lado esquerdo da manchete do jornal que dizia:

O MISTERIOSO CASO DA CURVA 317

Já se passaram cerca de seis meses desde que o carro do estudante João Paulo Augustin de 18 anos de idade, matriculado no Sigma Hight capotou na curva 317 na cidade de River Spring. Ate o momento não foi encontrado nenhum suspeito da ação e o reconhecimento do DNA coletado no local não identifica se os restos mortais encontrados no carro são do estudante ou não. O delegado que cuida do caso não quis se pronunciar quanto às poucas evidencias que encontraram.

Olho para a imensidão azul e fecho os olhos, a brisa toca meu rosto como se a acariciasse, então sinto os braços de Rafael me envolverem e tirarem o jornal da minha mão me abraçando forte e permanecendo em silencio. Então abro meus olhos devagar.

- Esta tudo bem? – ele perguntou.

- Sim. – dei um breve sorriso.

Então em seus braços nos direcionamos para o carro, ele destravou as portas e quando estávamos prestes a entrar quando uma voz familiar me chamou.

- Adam.

Virei-me para ver quem me chamava e Rafael fez o mesmo, mas quando meus olhos encontraram com os dele acionaram um gatilho de lembranças que inundavam a minha mente. De uma época mais feliz, mais simples. Em uma época que eu não tinha preocupações.

“A velha picape vermelha estava parada na Colina dos Arcanjos. O céu estava em um azul avermelhado e em poucos minutos o sol chegaria à linha do horizonte iniciando um dos maiores shows naturais que alguém poderia admirar na vida. Eu estava sentado do capo do carro, quando meu pai se aproximou com um casaco e colocou em minhas costas. Naquela época do ano, as noites eram frias e ele não queria que eu ficasse doente. Ele então se encostou no capo lateral com uma lata de refrigerante na mão, me aconcheguei em seu ombro e ele me abraçou.

O sol se punha no horizonte sem pressa alguma, meus olhos estavam presos naquela grande bola alaranjada que tingia o céu azul aos poucos com seus raios. Meu pai sorria e fazia cafuné na minha cabeça. Quando ele finamente havia ido embora, eu costumava deitar no capo do carro e observar as estrelas, meu pai conhecia todas as constelações e me ensinava cada uma com paciência.”

Uma vez no mês fazíamos isso. Era um programa meu e dele. De pai e filho. Eu sempre o amei, pelo grande que é pelo o que me ensinou e que formou a pessoa que sou hoje. E lá estava ele caminhando em direção a mim, então ele abriu os braços e não pude me conter corri ate ele e abracei. Seus braços me envolveram e me apertaram.

- Pai. – disse em meio ao choro.

- Me perdoa filho. Eu sinto muito. – lagrima caiam do seu rosto.

- Pai, eu sinto muito, me perdoa pai. – eu chorava como uma criança.

- Não precisa se desculpar. Eu que fui um idiota filho. Eu é que tenho que pedir desculpas. Senti sua falta filho.

- Eu também pai. Eu preciso tanto de você.

- Eu estou aqui agora filho, e não vou deixa-lo sozinho de novo. Nunca mais.

Então senti os braços de minha mãe nos envolverem e nos abraçamos, minha mãe tentava conter as lagrimas em seu rosto.

- Eu amo vocês.

- Nós também te amamos filho.

Então ele beijou minha testa e olhou para Rafael que observava de longe. Rafael se aproximou devagar de nós e se postou ao meu lado, seu braço direito me segurou pela cintura.

- Então você é o Rafael. – disse ele encarando-o.

- Sim senhor. – disse ele com a voz firme e com um belo sorriso no rosto.

- Cuide bem do meu filho. – ele disse e estendeu a mão.

Rafael a apertou, então meu pai deu u sorriso e minha mãe o abraçou.

- Não se atrase para o jantar filho. – ele fez cafuné me minha cabeça.

- Não me atrasarei pai.

Então ele se virou e com minha mãe voltaram caminhara em direção à velha picape vermelha. Rafael segurou a minha mão e voltamos para o carro. Eu estava voltando para a velha casa que ficava ao sul da cidade em estilo colonial, Rafael dirigia pela estrada ate que chegamos à propriedade que estava exatamente do mesmo jeito que eu vira pela ultima vez com uma pequena varanda e um velho e gasto balanço de madeira que acompanhava um velho banco de carvalho que estavam no mesmo lugar e intactos.

Eu estava de volta a minha casa.

De Repente Amor | Romance BLOnde histórias criam vida. Descubra agora