XI - Somebody?

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Karla. C. C. E.

- Pode olhar? - Falei um pouco mais alto do que o normal mas ainda não a ponto de estar gritando enquanto mantida minha mão sobre meus olhos para que as crianças fizessem o mesmo.

- Não. - elas responderam em um lindo coro desajeitado e muito agradável aos ouvidos.

- Ninguém vai olhar? - Perguntei novamente naquela antiga cantiga de criança que passará de anos em anos, ela definitivamente marcou a minha infância também.

- Não - gritaram um pouco mais alto e agitados dessa vez, como se estivessem cada vez mais excitados com o que viria a seguir.

- Quem olhar vai levar um beliscão, bem na ponta do dedão pra deixar de ser bobão - falei ainda cobrindo os olhos com as duas mãos, mas dando sempre uma espiada por entre os dedos - podemos olhar,  Isac ? - falei me dirigindo a criança que estava agora com o pano branco.

- Pode, fessora - olhei atrás das minhas costas, incentivando todos que estavam na roda a fazer o mesmo.

- Ei parece que está com você Sophie. Tente pegar o cadu, Sophi - a pequena começou a correr em volta do círculo tentando alcançar Isac, que era um pouco mais grande que ela - Isso, Sophie. Mais um ponto para as meninas, uhul -  Falei fazendo cossegas na garota que se contorcia. Tamanho não é mesmo documento. - E então vamos lá?!

- Corre cotia na casa da tia corre cipó na casa da vó lencinho branco caiu no chão de quem será? - falava animada batendo palmas, pelo que parecia já se passava da décima quinta vez.

- De um bobão - gritaram novamente. Aquilo realmente não enjoava ou dava tédio em nenhum deles.

- Moça bonita do meu coração. Pode olhar? - Tentei não imaginar o quão ridícula era aquela minha cena para alguém que visse de fora. Isso me fez sorrir porque devia mesmo ser o cúmulo do ridículo, mas eu se quer me importava. Era o que eu amava, afinal.

(.)(.)

- Podemos olhar já? - perguntei pela terceira vez para o pequeno, que demorava um pouco mais para esconder o lenço. Nós não brincamos o dia inteiro com isso mas, ao final da aula com o tempo de sobra as crianças começaram pedir para que repetissemos a brincadeira até chegar a hora de ir pra casa. Não tive como negar.

- Calma C.c. - falou sua voz estava bem próxima a mim. Parece que eu vou ter que correr atrás dele. - Plonto agola já pode - falou se afastando. Me virei, e como esperado vi o lencinho atrás de mim. Ele gargalhou e eu levantei começando a correr atrás dele, um pouco de vagar, levando em consideração que eu sou uma adulta (fisicamente) e ele uma criança.

- Ah te peguei, Don Juanzinho - falei cochichando no ouvido dele assim que o peguei e ele gargalhou. Ele é  lindo, seus pais devem ser alguns descendentes de deuses, não que estivesse imaginando o pai de fato, mas... - PONTO PRA MIM UHUL - gritei interrompendo meu diálogo mental.

{...}

Duas semanas tinham se passado após o ocorrido com a deusa. Vulgo, Lauren. Que mulher! eu não queria falar ou se quer pensar sobre isso, mas era inevitável. Depois da nossa incrível noite de sexo, no mais tardar da noite, eu me pegava lembrando de cada detalhe e sensação que eu havia sentido, e ainda acrescentava alguma imaginação a mais do que realmente rolou e isso fazia com que eu ficasse extremamente quente. Consequentemente, me masturbei algumas vezes com tais lembranças, e não era algo que eu me orgulhasse já que eu não tinha o costume de fazer tal coisa.

Deus, eu não sou *mesmo* de fazer essas coisas, apesar de pervertida eu nunca tinha precisado disso, sempre tinha alguém. E como a influência era diretamente ela, não tinha como eu colocar *alguém* para isso, a não ser que fosse mesmo *ela*, o que estava fora de cogitação pelo que eu sei. E olha eu colocando Deus no meio dessa história. Não que eu já não fosse pro inferno, mas eu pareço garantir minha vaga lá a cada dia. Enfim, como eu ia dizendo, duas semanas se passaram, e por incrível que pareça eu não sai nos dois finais de semana, Dinah não me encheu o saco também, o que era por si só um incrível milagre. Ela fica pouco em minha casa, mais ainda sim era mais do quevela ficava na sua própria casa, e eu sempre tive noção sobre isso.

Wrong To HitOnde histórias criam vida. Descubra agora