XIV - New Nanny

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Lauren Michelle J. M.

Como seria morrer afogado? Quer dizer, pensando por um instante, você sabe e eu sei o quão ruim é não conseguir respirar. Nada mais justo, certo? É o que é o que nós mantém vivo, afinal. Tirar o ar de alguém soa tão simples, quando essa ação pode tirar uma vida, uma vida. Uma vida que é tanta coisa. Praticamente se resume a nada, contando pelo fato de que apenas não respirar pode tira-la. Você consegue entender essa linha de raciocínio? Não sei se isso está fazendo sentido, é o meu devaneio.

Resumidamente, uma vida é tanta coisa, vida são anos, são milhares de pequenas grandes coisas, são milhares de sentimentos, e milhares de pensamentos e milhares e milhares de outras mil coisas e, o que pode tira-la (a vida) é apenas... Não respirar! Isso é tão... Ok. Acho que eu já posso parar e respirar.

Eu não sei de fato se, consciente ou inconscientemente eu prendi a respiração após sair daquela sala e percorrer o caminho até meu carro. Camila, ou agora professora Cabello, parece gostar de tirar meu ar de qualquer forma possível. Sim, eu estou surtando.

Mas, olhe pelo meu lado, ela é... Vocês sabem!
Eu simplesmente achei que aquilo tinha acabado logo após começar, naquela manhã em que eu fui embora, a gente nem trocou telefones! E agora ela é a professora do meu filho. Ok, eu só tenho que aceitar, certo? Afinal, o que eu poderia fazer? Aquilo só aconteceu uma vez e agora mais ainda não pode e nem vai se repetir.

Após essa conclusão atormentante e óbvia, só me resta voltar para casa.

(.)(.)

Duas semanas se passaram após a reunião da escola onde eu tive a incrível surpresa de conhecer a nova professora de Cameron.
E nessas duas semanas aconteceu tanta coisa que, dizer que pareceu um mês é clichê. Verô tem levado Cam na escola por esses dias por insistência minha, ela não pediu muitas explicações o que foi ótimo.

Primeiro mas não mais importante: o meu trabalho. Gerald parece estar querendo acabar comigo, eu não tenho outra explicação.
Ele me deu nada menos do que três projetos e se não bastasse, todos eles com datas similares de entrega.

Segundamente: a babá me deu aviso prévio de que vai ter que parar de trabalhar pra mim porque vai estudar no exterior, um intercâmbio ou algo assim. E eu nunca impediria o futuro de alguém, então só a tratei da melhor forma possível, mas isso por fora, por dentro eu estava explodindo.

Em quem eu vou confiar para cuidar dos meus filhos? Eu tenho um puta medo dessa coisa. Tá que eu sou nova mas isso não faz de mim uma mãe irresponsável.

Verô tem ficado com eles a quatro dias, pela tarde. Já que ela trabalha a noite em uma boate no centro da cidade. Durante a manhã eu cuido de Charlie já que meu horário de sair de casa é após as 13h. Antes da pirua escolar deixar Cam.

Mas nada é tão ruim que não possa piorar não é mesmo?

- Então, eu tenho que te falar isso. - Verô falou não olhando nos meus olhos, o que já me fez respirar fundo.

- O que? Meu deus, não me fala que é uma coisa muito ruim, eu já tô cheia delas vêro, você sabe. - falei tudo em um fôlego só.

- Calma, Michelle. - Falou com um tom de riso, me tranquilizando um pouco. Um pouco. - Então, eu tenho culdado da Charlie, essa semana certo? Acontece que eu não vou pod...

- Verônica! Meu Deu, o que? - me disesperei alí mesmo. - vou ter que me demitir, estou sentindo isso, meu Deus.

- Lauren, para. Espera, deixa eu terminar. - falou colocando a mão em meu joelho tentando me acalmar. - como eu ia dizendo, não vou poder continuar porque eu passei na faculdade que eu me escrevi, é período integral. - esse era o plano dela pra me acalmar? Não está dando certo.

- Amiga, se eu não estivesse tão em choque eu juro que estaria pulando em cima de você agora mesmo. - falei me sentindo culpada por estar ocupada com toda preocupação e não poder comemorar com minha melhor amiga. - mas eu estou tão feliz por você

- Eu sei, eu sei. Mas, como eu sou a melhor amiga que a sua pessoa tem e poderá ter, eu já tenho uma candidata pra vaga de sua nova babá.

- Verônica, você acha que eu sou irresponsável a ponto de deixar meus filhos na mão de qualquer um? Eu acho que você sabe muito bem que não.

- Sei sim, e é por isso que eu vou te apresentar Karla antes mesmo de ela saber a cor linda dos olhos de seus filhos. - falou e eu enfim respirei tranquila.

- Eu espero que você saiba que eu não vou facilitar.

- Eu sei disso, também. Eu já falei com ela, e ela já aceitou. O horário dela bate certinho e nada pode dar errado aqui.

Assim que ela terminou de falar pulei em seu colo, a alegria que estava sendo consumida por culpa pode finalmente se libertar.

- Lauren, meu deus. Eu sei que eu sou demais mas não precisa me esmagar por isso. - falou com a voz saindo baixa ir conta do meu abraço sufocante.

- Eu estou finalmente podendo respirar verô. - eu estava quase chorando de emoção. O acúmulo de toda aquela semana estava me abalando. - Tudo vai ficar bem, não vai.

- Agora sim, tudo vai ficar bem, Michelle.

(.)(.)

Eu assistindo BBB só tenho uma conclusão:
Ainda bem que eu gosto de mulher.

Wrong To HitOnde histórias criam vida. Descubra agora