Lauren M. J. M.
- E você comprou de rodinhas, né?- perguntei me certificando de que estava tudo certo.
- Sim. De rodinhas, com desenho de carros. Copo com tampa, toalhinha, escova de dente, escova de cabelo e lancheira.
- Muito bem. Era só isso - falei aliviada por ele não ter esquecido nada - Você vai ir comigo segunda levar ele?
- Eu não sei Lauren... -suspirou - é bem provável que não. Estou cheio de trabalho no escritório. Mas as coisas eu mando por meu motorista hoje mesmo.
- Eu sei que você está cheio de trabalho Matthew (N.a: Daddario). Você sempre está. Mas ele quer que você vá. E faz um bom tempo que você não vem visitar ele. Eu não gosto de ficar inventando desculpas pro meu filho. Sei que seu trabalho é importante, mas o seu filho também é.
- Vou dar o meu máximo pra conseguir ir, mas não prometo que vou conseguir. Fala pra ele que eu o amo, okay? Preciso ir agora.
- Não. Quando resolver vir visitar ele, você mesmo fala. Tchau.- desliguei - Aaah - grunhi de frustração.
- Calminha, Jauregay. Ele não virá pra levar o Cameron segunda? - minha amiga pergunta o óbvio se tratando de Matt.
- Disse que é bem provável que não. - suspirei - Sei que as coisas entre a gente não acabou muito bem, mas meu filho não tem culpa de nada. Faz três meses que ele não o visita Vero. - falei frustada - Só ligações não são o suficiente.
- Ei Esquece isso Laur. Pelo menos por agora. Olha como eles são felizes com você - apontou pra Cam que estava correndo em volta do andador da Charlie fazendo caretas - os dois são de pais diferentes, mas são sua cara. E dou graças a Deus por isso. Se ele tivesse o jeito gay do Matt... -riu debochada - Acho que a presença paterna do Cody (N.a: Christian) serviu de algo.
- Você nunca gostou do Matt, Vero - gargalhei fraco - Realmente Cody tem sido pai dos dois. E eles realmente são a minha cara.- sorri orgulhosa -Qualquer erro que eu tenha cometido até agora, valeu a pena, por ter eles aqui comigo agora e sempre.
- Mama, mama. Olha, olha - falou puxando minha perna.
- Calma, calma, bebe. Vamos ver, o que quer me mostrar?- falei seguindo ele.
- Vem, vem ver você também tia Velo - voltou e puxou Veronica pelas pernas também.- Ela levantou mama, e você não viu.
Cameron está tão empolgado com Charlotte dando os primeiros passinhos, que é até engraçado de ver. Ele é o mini pai dela, cuida mais dela do que o próprio Cody. E olha que ele vem aqui pelo menos três vezes na semana.
Pois é, o único que não vem ver o filho é Matthew. Vemos que o lado paterno, Cam não puxou dele. Graças a deus.
Na verdade, acho que Cameron não puxou nada dele fora o sangue e o sobrenome. Fisicamente ele é minha cara, e mentalmente, é uma mistura minha da Vero, Cody e até mesmo o jeitinho empolgado da Mani. Pessoas que tem influência em sua vida. Não teria como ter um pouco de Cody nele. Talvez, pelo fato de ele não ser presente na vida dele. Ou talvez, só por sorte mesmo.
Quando Matthew passa muitos meses longe, e resolve vir, Cameron o trata como se fosse um estranho. Nunca me imaginei em tal situação, isso deve machucar ele pra cacete. Um filho não reconhecer o próprio pai. O quão merda isso é?
{...}
A sete anos atrás, tinha acabado de terminar meu doutorado. Em que? Arquitetura. Dei meu melhor e me esforcei por tempos. E hoje tenho uma carreira promissora, por assim dizer. Achei que isso faria com que me sentisse completa. Fazer algo que gosto. Mas eu estava, miseravelmente errada.
Sempre me faltou algo. Não sei o que. Só sei que sim. Um ano e meio depois disso, uma de minhas melhores amigas teve sua primeira filha. Ally me disse como se sentia em relação a isso. Disse que era como se tudo fizesse sentido naquele momento, que era o que lhe faltava por todo o tempo. Que se sentia completa e feliz. Que aquela era sua meta, e que ao menos sabia disso, até então. E isso me deu uma pulga atrás da orelha. Pensei se esse também fosse o meu caso. Que talvez, fosse o que me faltava também.
Um filho.
Nunca duvidei da minha sexualidade. Sempre tive a certeza de que gostava de garotas. Mas dedos não fazem filhos não é mesmo? E muito menos língua. Adoção? é algo realmente complicado.
E é ai que Matthew entra.
Me envolvi com ele. Em menos de um ano estava grávida. Era meu objetivo, então não demoraria a acontecer. Depois que engravidei não dava tanta atenção pra ele. E com isso ele passou a me trair. Sabia que ele me traia. Mas a verdade é que: não o via mais do que como um amigo, que quebrou um galho.
No nosso termino descobri que ele fazia isso pra chamar minha atenção. Definitivamente não fiquei surpresa. As traições não me incomodavam. Me sentia até culpada por ter usado ele só pra me satisfazer, realizar minha vontade de ser mãe. Mas sinceramente? não me arrependo.
Cameron é fruto de um erro. Mas é ao mesmo tempo, o meu maior acerto.
Quando Cameron tinha 1 ano e meio, eu e Matthew nos divorciamos. Tivemos uma briga feia, diga-se de passagem. Quanto tempo duraria um casamento sem amor, sem interação, um casamento, sem um casal de verdade?
Depois do termino, minha melhor amiga-irmã, vulgo Veronica, veio pra me dar algum tipo de apoio. Eu estava completa e feliz como Ally disse que seria. Não me faltava mais nada. Ambiciosa, resolvi que queria mais disso. Mais felicidade, me sentir mais completa, se é que isso fosse possível.
Veronica me aconselhou, disse que eu não precisava me casar com um homem e ser infeliz por anos pra ter outro filho. E então, fizemos procedimento de inseminação artificial. Usando esperma de Cody. Ele jurou ser uma ótima figura paterna para o nosso pequeno, mesmo eu não cobrando isso. No caso nossa pequena. Charlotte. Hoje eu me sinto completamente feliz, mas nada completa. Não acho que ter outro filho me completaria. Mas isso não importa. Nada importa por agora. Estar feliz e junto aos meus filhos me basta.
Veremos por quanto tempo.

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Wrong To Hit
Fiksi RemajaLauren Jauregui, arquiteta com carreira promissora, que mesmo com uma vida considerada mil maravilha por outros, não se sentia completa. Sentia-se pela metade e queria mudar isso. Camila Cabello, professora de crianças de 5 aos 7 anos, baladeira, na...