- Camila, pode me passar os relatórios, por favor? - escuto Scarlett dizer enquanto checo toda a papelada vulgo, relatórios da criança.
- Só um instante, tô conferindo se minha assinatura está em todos eles - passo por umas nove folhas e vejo que tem meu nome em todas elas - Aqui está. Você sabe se vai demorar muito os pais chegarem aqui? Não vi nenhum entrando até agora.
- não, a diretoria os deixa primeiramente no pátio para que nenhum deles se percam em qual sala entrar, daqui a pouco alguém os trás até aqui, creio que não vá demorar, são quase 8.
- Okay. - falo simplesmente, minha cabeça estava com uma dor daquelas por conta da noite mal dormida. Checo mais alguns papéis somente para ter o que fazer enquanto espero mas logo paro ao ouvir alguém indicando que os pais se sentem.
- Então, senhores pais e representantes. Estamos aqui, eu diretora Montgomery, como a maioria dos senhores já conhecem, e à quem não, muito prazer. E nossa equipe de professores, com alguns rostos novos - se referiu a mim obviamente. - Como todos sabem é apenas uma reunião de rotina como temos em todo começo de ano e isso não faz dela menos importante. Creio que já falei tudo ou até demais. Podemos começar.
E então ela falou mais um monte de coisas normais em reuniões como essas, no meio disso me apresentei e foi aí que vi alguém que de longe eu esperaria encontrar, justo aqui. Lauren.
Por sorte, consigo ser muito profissional em alguns momentos, e esse foi um deles, então consegui não gaguejar mas, ainda sim travei meu olhar no dela por alguns segundos. Enquanto falava, ainda sentia seus olhos em mim, queimava.
E Deus, porque justo ela? Eu odeio misturar minha vida profissional com a pessoal. Isso seria algum tipo de castigo?
Após terminar de me apresentar e ter falado alguma coisa referente a minha turmame sentei novamente, e me permiti olhar Lauren agora com um pouco mais de atenção e por um tempo a mais. Ela parecia fazer o mesmo, seu rosto era inexpressivo, não consigo dizer sequer algo que deve estar passando em sua mente.
Ela deve ser tia de algum aluno certo? Não, deve ser um dos filhos dela, lembro de Vero ter falado que ela não tinha ido na boate por ter que cuida-los. E se o filho dela ser da minha classe? Qual a probabilidade disso? Tem muitas outras salas em que seu filho ou filha pode estar. Mas eu devo contrariar as probabilidades? Já que de tantas escolas, seu filho foi estar justo na que eu dou aula?
Meus devaneios foram longe, e não tenho certeza se meu olhar se perdeu ou se eu a encarei durante todo o tempo, se sim devo estar com uma cara nem idiota. Escuto senhorita Montgomery dar fim aos discursos e vejo Scarlett me passando um pouco dos papeis, que acredito ser os relatórios dos meus próprios alunos, para então começar a chamá-los.
Que o nome dela não esteja nessa lista. Que o nome dela não esteja nessa lista. Que o nome dela não esteja nessa lista. Só conseguia repetir isso em minha cabeça.
Fui chamando os nomes dos pais um por um e tendo uma breve conversa sobre seus filhos, logo após os mandando assinar na folha de relatório. E a cada nova folha meu coração disparava com o medo de ter um nome conhecido por mim alí.
- Eu não sabia que eles tinham contratado mais professoras esse ano, ainda mais uma tão bonita. Eu teria vindo bem antes se soubesse - Austin, pai de Carlos, um pai bem ousado, me cantou na cara dura, após termos falado tudo sobre seu filho, que era um bom garoto. Ri sem um pingo de humor, e ele nem era feio, mas sua atitude ridícula o fez ficar.
- Não acredito que o senhor vindo antes ou depois disto mudaria alguma coisa sobre as minhas aulas. - falei com um humor falso. E ele riu parecendo não perceber minha irônia.
- Mais com certeza teria mudado algo pra mim, você é um colírio aos olhos, professora Cabello. - tá, aquilo já foi o cúmulo do ridículo.
- Okay, senhor Marrone. Ainda tenho outros pais para conversar, então. - agora ele deve ter percebido minha cara nada boa já que não fiz questão de esconder.
- Tudo bem, até mais Camila. - respirei aliviada e virei o próximo relatório. Eu não poderia ter respirado de alívio antes se soubesse quem seria o próximo responsável.
Lauren Jauregui. E se não bastasse o choque de ler seu nome, aumentou ao ver o nome de seu filho. Cameron Daddario Jauregui. Meu don Juan. Não percebi o quanto demorei até escutar Scarlett perguntar se tinha algo de errado. Então a chamei.
- Lauren Jauregui. - seu nome soava agridoce em minha boca.
- Bom dia, Professora. - se sentou. - Eu nunca tive um choque tão grande em toda minha vida, juro. De todos os lugares que eu possivelmente poderia te encontrar, esse sequer passou em minha mente. - falou um pouco mais baixo, fazendo meu coração dar uma leve acelerada. Não sei se ela falou isso por não se incomodar com a situação ou por estar nervosa demais com o todo.
- Digo o mesmo senhorita. - falei apenas, olhando o papel tentando evitar seu olhar. - Então, Cameron, hum? Agora descobri de quem ele puxou aquele par de olhos, sabia que me lembravam alguém só não fazia ideia... Enfim, devo lhe dizer que seu filho é um amor o que você provavelmente já sabe.
- Sei sim, e eu devo lhe dizer que isso é totalmente recíproco, ele pensa o mesmo sobre você, Também não fazia ideia de que você seria a tão famosa C.c. - Lauren falou abaixando seu olhar. Após isso ficamos pouco silêncio que logo foi cortado por ela. - Do que adiantou a gente não trocar telefones, huh? - falou sussurrando enquanto assinava o relatório.
Fechei meus olhos por um segundo não querendo lembrar daquela noite. Não neste momento, olhei novamente para Lauren que tinha seu olhar fixo em mim. Eu não conseguia falar nada. Não diante aquele olhar.
- Acho que foi um prazer lhe rever senhorita Cabello. - Levantou rapidamente e saiu não me dando tempo ao menos de responder.
Merda.
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Wrong To Hit
Teen FictionLauren Jauregui, arquiteta com carreira promissora, que mesmo com uma vida considerada mil maravilha por outros, não se sentia completa. Sentia-se pela metade e queria mudar isso. Camila Cabello, professora de crianças de 5 aos 7 anos, baladeira, na...