Capítulo 6

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Red estava em Pirenópolis há três dias para limpar pontas soltas deixadas por seu patrão nove anos atrás quando matou Clarice. Como gostava de fazer as coisas no seu tempo e à sua maneira, resolveu tomar um banho de sol a beira da piscina do hotel em que estava, afinal, o dia tinha amanhecido com sol intenso e céu aberto. Sabia que, quando iniciasse sua empreitada, não lhe sobraria tempo para descanso. Então, nada melhor que aproveitar o dia.

Acenou para um dos garçons.

— Uma gim tônica, por gentileza - pediu com a voz mais doce e sedutora que conseguiu. Não levantar suspeitas enquanto estivesse na cidade, era essencial.

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Giuliana e Cristiano não se encontram por uma semana desde a resolução da primeira parte do enigma. Contudo, ainda trocavam mensagens caso houvesse novidades e claro, boa parte delas vinham de Cristiano. Giu também estava afastada do trabalho, se recuperando dos ferimentos. Ela precisou inventar uma tentativa de sequestro para não dar explicações nem ao Tião ou à Mariana. Não queria envolver mais pessoas em uma história maluca. Coisas do tipo só são bem recebidas em romances policiais, não na vida real.

Com tempo livre de sobra, Giuliana tentava decodificar a sequência de letras que estavam junto com a pista dos endereços de Madalena. Até então, o que ela sabia, era que a mensagem precisava de um código numérico para ser revelada mas Giu não conseguiu descobrir em passagem nenhuma da Bíblia alguma anotação relevante que pudesse ser o código. Mas tal dificuldade funcionava mais como um estímulo do que como um obstáculo e ela não desistiria por tão pouco.

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— Cristiano, vou viajar com a empresa. Meu voo é esta quarta e volto daqui cinco dias. Cuide da rotina das crianças. Se quiser, contrate alguém para ajudar... Enfim, se organize - Ester informa assim que vê o marido na cozinha.

Havia alguns sinais do seu humor baseado no comportamento dela. O primeiro deles, ter chamado o marido pelo nome. O segundo, não combinar com ele como seria na sua ausência. Ao invés disso, comunicou o que ele deveria fazer. Sem negociações, sem poréns ou ressalvas. Ester saiu levando consigo as meninas, sem se despedir de Cristiano, que terminava seu café.

O delegado não sabia por quanto tempo Ester seria paciente e compreensiva quanto aos atrasos e imprevistos em que ele se metia. Ela estava mais desconfiada que antes mas preferiu não confrontar Cristiano de modo mais incisivo. Ester sabia que ele não está investigando algo banal. Muito provavelmente, na cabeça de Cristiano, desconfiava que a mulher já até sabe no que ele vinha trabalhando. Mas há uma grande diferença entre supor e confirmar. Se assim fosse, Ester não o perdoaria e seu casamento, estaria com os dias contados. Recobrou sua atenção ao sentir a pele ser queimada pelo café que transbordava da caneca. Agitou a cabeça, deu um último gole que quase lhe queimou a língua e saiu para começar mais um dia.

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— Giu, gostaria de sair pra comer comigo? Preciso conversar com você sobre algumas novidades e essas, são melhores de se ouvir pessoalmente.

Giuliana ficou surpresa com o pedido, ainda mais vindo de forma tão branda e natural. Não que ela achasse ruim quando Cristiano a tratava assim, só não era muito comum. Ele era educado, atencioso mas também, meio impaciente e rude quando as emoções mais intensas tomavam conta dele.

— Posso te buscar, se preferir - falou novamente o jovem.

— Tudo bem... Me encontra no ponto de ônibus mais perto da minha casa.

O caso ClairOnde histórias criam vida. Descubra agora