Capítulo 13

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Já era mais de meia noite e meia quando Cristiano entrou na rua do condomínio em que morava. Ao longe, viu os últimos convidados se despedindo de Ester, que estava na soleira da porta. A última figura a sair, era sua sogra, dona Dinorá. Para evitar uma cena, parou o carro e aguardou até não ver ninguém. Não demorou mais que quinze minutos até sentir que já poderia seguir pra casa e enfrentar a ferocidade de Ester.

Como imaginava, a porta estava aberta. Cristiano a abriu com cuidado e analisou a área da sala de estar. Notou alguns papéis e embrulhos no canto do sofá, deduziu se tratar dos presentes de Michele.

— Nem perderei meu tempo perguntando o que houve. À essa altura do nosso casamento, é ridículo bancar a esposa ciumenta e paranóica - a voz de Ester fez Cristiano saltar de susto. Ela estava de pijamas, no último degrau da escada. Os olhos tinham uma expressão dura que eram realçados pelas olheiras.

— O carro deu problema quando estava saindo do trab...

Ester ergueu a mão, sinalizando para que ele parasse de falar.

— Se eu ouvir a palavra "trabalho" saindo da sua boca mais um vez, eu não respondo por mim. Não hoje...Tem ideia do constrangimento que passei?

— Desculpa...

— Eu não quero suas desculpas, Cristiano! - ela elevou o tom de voz - Eu quero um comportamento coerente como homem, marido e pai! Você não pode colocar seu trabalho acima de nós e esperar que um "desculpa" seja suficiente.. - ela desceu as escadas e foi na direção dele - Isso é, se realmente for trabalho o que te manteve tão ocupado na rua!

Cristiano abaixou a cabeça e permitiu que Ester colocasse aquela insinuação de traição sobre seus ombros. Decidiu não se defender para não se colocar em maus lençóis. Ter que confessar a esposa que estava de volta ao caso Clair? Não...Seria o fim para Ester.

— Eu não tenho outra coisa a dizer exceto desculpas... - continuou ele.

— Sinto muito, querido, mas não as aceito. Você mexeu com o que há de mais precioso pra mim: minha família. Sabia que Chele perguntou se você a abandonaria como aquele cretino do pai dela?

Cristiano se desarmou quando ouviu aquilo. Chele devia estar arrasada e a culpa era dele.

— Posso vê-la?

— Melhor não, ela está cansada...Capaz de estar dormindo, inclusive.

Cristiano concordou com a cabeça, o semblante triste.

— Eu lamento muito...Fui surpreendido com - ele se recordou do ataque no IML e das ameaças deixadas no seu carro. - Quer saber, esquece... Não farei isso de novo. Eu quero estar aqui, com vocês - ele tocou o rosto da esposa - Eu amo nossa família, amo nossas meninas...Juro que não serei mais negligente conosco e com o que construímos.

Ester fechou os olhos, respirando pesadamente o ar para fora dos pulmões.

— Assim eu espero. Mas terá que se esforçar mais. - disse Ester com frieza - Vou dormir com a Chele. Está por contra própria, hoje - e subiu para o quarto da filha.

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Giuliana e Miguel, acabado a observação após a medicação dada, foram liberados pelos médicos. A jovem, ainda zonza, ligava desesperadamente para Cristiano.

— Que inferno de homem...Atende essa porcaria! - resmungava ela entrando no carro de Miguel - Quando eu mais preciso, o Cris some...

— Quem é Cris?

— Ninguém que te interesse - respondeu rudemente, ainda ligando para Cristiano. - Vamos embora, quero minha cama.

Miguel deu a partida e seguiu para a casa de Giuliana. O trajeto demorou um pouco mais do que ele gostaria, já que estava também alterado pela medicação e a experiência de ter sido envenenado ou algo do tipo. Assim que estacionou, virou-se para Giuliana

O caso ClairOnde histórias criam vida. Descubra agora