Capítulo 21

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Cristiano se aproximou de onde morava e percebeu um tumulto atípico na entrada do condomínio, os carros vizinhos estacionados em fila, carros dos visitantes. No controle da entrada dos moradores, estava um dos guardas que ficava na guarita. Esperou por cerca de quinze minutos mas ao perceber que o cenário só se agravava, decidiu descer do carro e conferir o que estava acontecendo.

― Boa noite, senhor. O que deseja? - disse o homem

― Boa noite, moro aqui e gostaria de saber o que está havendo...

― Seus dados, por gentileza

Cristiano informou seu rg e número de telefone. Surpreso, o homem apertou o botão do comunicador e conversou brevemente com outra pessoa da segurança. Após obter a informação, voltou-se para Cristiano.

― Cristiano Paiva? Da residência 50?

― Sim, por que?

― Está liberado - respondeu ele com a expressão estranha - Deem passagem para ele - pediu para outro colega de posto, que removeu o bloqueio para que ele passasse.O detetive voltou para o carro com uma sensação horrível, que só se confirmava conforme ele se aproximava de casa.

Ao longe, viu a moto de Eduardo, bem como viaturas da polícia. A sensação transformou-se em certeza. Desceu sentindo as pernas tremerem e o coração acelerar. Os passos não eram firmes e sentia que iria tropeçar nos próprios pés a qualquer instante.

A porta estava entreaberta e Cristiano podia ouvir discussões acaloradas, seguidas de pequenos resmungos manhosos de Michele. O rapaz entrou em casa e logo sentiu a atmosfera pesar sobre ele.

Em uma olhada rápida, viu que a sala estava cheia: sua sogra, seu melhor amigo, e, no canto encolhida no colo de Verônica, sua pequena Chele, além de um policial aguardando autorização para colher os depoimentos e fazer a segurança de todos. Quando seus olhos encontraram os de Ester, Cristiano sentiu calafrios.

Ester caminhou firme e rápido até o marido, empurrando-o com violência, enquanto resmungava palavrões para ele. Os empurrões logo viraram tapas e murros, que Cristiano suportava sem emitir um som. Tentando contê-la, o homem segurou nos ombros da esposa, preparando-se para ouvir a péssima notícia, pois só isso explicaria o comportamento de todos

— Ester? - ele ergueu o queixo dela - O que houve?

Aos prantos, Ester levou as mãos ao rosto, tentando conter a indignação que crescia dentro dela

— Ela está com a Maria... - disse amuada.

Aquela frase o atingiu tal qual uma pedra ao atingir uma louça de porcelana. Sentiu como se seu interior fosse partido em pedaços minúsculos, uma dor inexplicável que só havia sentido uma vez. Aos poucos, Cristiano se convencia do fato: alguém estava com sua filha. Evitando pensar no pior desfecho, decidiu agir como agiria no trabalho.

— Ela quem? - Cristiano avaliou as pessoas ao redor, esperando uma resposta.

— A amiga da tia Verônica, pai - respondeu Michele enquanto mexia nos cabelos cortados. Verônica pigarreou e deu sua explicação assim que viu a expressão confusa de Cristiano.

— Uma mulher... - ela respirou fundo - Ela me ameaçou de morte algumas vezes...Queria informações é, bem... Isso - ergueu as mãos, movendo os ombros em um movimento simples como se dissesse "o resto você já sabe".

— Que tipo de informações ela conseguiria com você? - ele se agachou perto da mulher

Constrangida com a situação, Verônica contentou-se em encarar o patrão e Ester, para que ele entendesse que não era uma boa ideia continuar o assunto.

O caso ClairOnde histórias criam vida. Descubra agora