Capítulo 23

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Giuliana levantou mais cedo que o de costume. Os acontecimentos recentes a deixaram alerta demais, tirando-lhe o sono tranquilo. Ela estava determinada em tirar a limpo a história de Miguel com Cristiano, mas considerando o problema que ele estava passando, era injusto. Ainda que soubesse que Cristiano não havia agido por mal em relação à segurança da sua família, até tinha dito isso a ele, Giuliana não conseguia deixar de lembrar das palavras de Miguel sobre as verdadeiras intenções de Cristiano com essas investigações e a possibilidade dele não ser uma pessoa tão responsável e preocupada como dizia ser.

Mas Giuliana confiava em Cristiano e, apesar das implicâncias, ele sempre se mostrou alguém fiel à ela e disposto a protege-la. Cristiano não nutria empatia pelo universitário, Giuliana não podia esquecer que Miguel também a apoiava quando ela necessitava. E ele era muito paciente em aturar suas variações de humor e esquivas sobre a relação deles.

— Argh... - ela bateu no próprio rosto - Por que eles não podem agir como dois adultos só uma vez na vida, meu pai?

Giuliana joga as cobertas para o lado e sai da cama, andando com cuidado para não acordar Cristiano que dormia na sala. Ao passar pelo cômodo, reparou que ele estava com um dos braços cobrindo os olhos e que seu corpo quase não cabia direito no móvel. Ele ainda vestia roupa social, sequer tinha tirado as meias pretas. Não teve como não sorrir.

Sabendo do gosto de Cristiano, decidiu fazer um pouco de café para ele. Enquanto preparava a bebida, ouviu Jurema miar e Giu notou que a gata estava para pular no corpo dele.

— Sai daí, Juju... - disse sussurrando - Você vai acabar acordando ele!

— Não precisa, eu já estou acordado - Giu ouviu Cristiano responder e se assustou.

Cristiano se moveu no sofá e se espreguiçou um pouco mas manteve o rosto coberto pelo braço. Giuliana serviu um pouco de café e caminhou até o sofá.

— Aqui, bebe um pouco... - disse tocando o braço de Cristiano

O detetive se levantou e pegou a xícara das mãos de Giuliana, murmurando um obrigado. Enquanto bebericava, ele olhava as mensagens no seu celular para caso houvesse chegado alguma informação nova.

— Alguma notícia? - perguntou Giu

Cristiano negou, terminou seu café e abaixou a cabeça, numa postura pensativa.

- É uma questão de tempo...Quem a sequestrou vai ter que dar informações sobre ela. Não tem como ficar em silêncio por tanto tempo.

Cristiano nada disse, não estava muito para conversas. Queria ir pra rua e procurar a filha. Antes de se levantar, Cristiano reparou nas imagens sobre a mesa de centro

— São as pistas que encontrou em Montes Claros?

— São sim...Estava tentando conectar as imagens ontem com a ajuda de Miguel...

Cristiano soltou um longo suspiro.

— Eu sei que você não gosta dele mas eu precisava de ajuda

— Não é apenas uma questão de gostar ou não dele...Você sabe que quanto menos expor do seu caso, mais seguro é. - Cristiano pegou as imagens e passou a folha-las - E sim, também é porque não gosto dele.

Giuliana sorriu amarelo, não tinha como convence-lo do contrário.

— A única coisa que encontramos está no verso, quando colocamos contra a luz - Giuliana pegou uma das imagens e mostrou a Cristiano

— Parece um mapa... - disse ele avaliando com atenção - Ou então...A planta de uma casa...Vê? Tem uns padrões que são comuns em plantas baixas - indicou com o dedo

O caso ClairOnde histórias criam vida. Descubra agora