Capítulo 12

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Já no carro, Cristiano dirigia o mais rápido que podia para chegar em casa. Se continuasse naquele ritmo, não se atrasaria pro aniversário da filha. O celular, que estava no painel do carro, vibrava intensamente e na tela, surgiu o número de Ricardo. Cristiano diminui e estacionou no acostamento para atender o homem.

— Pode falar!

Onde você está?

— Indo pra casa, por quê?

Consegue chegar ao IML? O legista quer falar com você urgentemente!

Cristiano hesitou por um momento. Estava na metade do caminho pra casa, mas o IML não ficava tão longe assim.

— É assunto demorado? - perguntou o jovem antes de tomar sua decisão

Olha a hora, Cristiano...Ele tá saindo do horário de plantão, 'cê acha mesmo que é demorado? - respondeu Ricardo impaciente.

O rapaz continuou pensativo. Talvez daria tempo. E um pequeno atraso de cinco ou dez minutos não atrapalharia.

— Entre em contato com o legista e diga que estou chegando.

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— E então, o que está achando do evento? - perguntou Miguel oferecendo uma taça de espumante para Giuliana
— É interessante...Nunca tinha participado de algo tão cult assim. Tenho medo de respirar e quebrar alguma coisa - riu ela.

— Relaxa - Miguel segurou a mão de Giuliana com ternura - São apenas alguns professores e pesquisadores de literatura...Nada demais

— Diga por você, senhor "primeiro lugar em letras português na UnB" - retrucou Giu, usando um tom de brincadeira.

— Ah, não é bem assim... - Miguel coçou a cabeça constrangido - Só tive sorte.

— Oportunidade, que chama - resmungou ela baixinho

— Perdão, o que disse?

— Desculpa ... - Giuliana deslizou os dedos sobre a testa, como se afastasse um pensamento ruim - Deve ser o álcool. Não quis te ofender é que... Você teve oportunidades que eu não tive. Por isso comentei...Esquece - Giuliana deu um último gole na bebida - Já volto! - e partiu rumo à área externa para fumar.

Sentada no banco de ferro próximo ao canteiro de flores, Giuliana dava seu terceiro trago. Por um momento, pensou em ir embora. Estava se sentindo deslocada e tinha sido rude com a única pessoa que conhecia ali. De repente, Giu viu uma mão oferecer uma taça nova de champanhe.

— O cavalheiro ali pediu para te entregar - era um dos garçons do coquetel. Giuliana seguiu com o olhar na direção que ele apontava e lá estava Miguel, com uma taça. Ele a ergueu em sinal de brinde.

A jovem aceitou a taça, sorrindo pelo gesto de Miguel. Terminou de fumar e caminhou até o amigo.

— Tá tentando me embebedar? - disse ela brincando

— Mariana disse que você é arredia. Foi a única coisa que encontrei que poderia te amansar já que vive com isso aí - apontou pro esqueiro dela - a tira colo.

— É...Talvez funcione porque eu já tô tontinha.

Miguel ofereceu o braço para a Giu e ambos caminharam de volta ao salão para aproveitar a música e o ambiente.

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O principal Instituto Médico Legal do Distrito Federal ficava na região do Sudoeste, no complexo da Polícia Civil. Com a demanda, por vezes, os funcionários precisavam burlar as cargas horárias estabelecidas para dar conta. Para o azar de Cristiano, não era o caso do legista que encontraria. Ele se identificou na portaria com seus documentos, recebeu as instruções e seguiu para o corredor do necrotério.

O caso ClairOnde histórias criam vida. Descubra agora