Capítulo 31

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Cristiano podia sentir o corpo de Giuliana tremendo de frio e fadiga enquanto a conduzia para a cozinha. No caminho, ela tagarelava sem parar, tentando se explicar da loucura que havia feito, fazendo Cristiano sorrir um pouco. Enquanto ela se sentava próxima ao balcão da cozinha, Cristiano preparava um pouco de chá

— Eu acordei de um sonho estranho, você não entenderia e nem acreditaria em mim. Nem eu acho que seja verdade também essa coisa de reencarnação e tudo mais - ela falava cada vez mais rápido, gesticulando com as mãos - Mas foi muito real. Ela estava ali na minha frente me dizendo várias coisas sobre mim, sobre você e.... - ela parecia mais eufórica ainda que antes - Acordei e só sabia que precisava vir aqui o mais rápido possível!

— Não entendi nada que você disse - ele riu , se aproximou de Giu e entregou a caneca - Mas conversaremos isso com calma, tudo bem? - e beijou sua testa - Vou subir e separar uma roupa seca pra você.

Giuliana bebeu aos poucos o chá, tentando colocar a cabeça no lugar. Agora que a adrenalina do momento começava a passar, ela se dava conta do que havia feito. Sim, ela beijou Cristiano! E sentiu muito mais prazer naquilo do que esperava. E ele retribuiu seu beijo, seu toque. Nenhum sinal de hesitação ou dúvida. Então, seria mesmo recíproco o que ele sentia?. Um sorriso bobo surgiu em seu rosto

Ainda era difícil pra Giuliana se acostumar com a energia a mais que o espírito de Clarice dava a ela. Era como se a garota tivesse injetado alguma coisa pra potencializar sua intuição e Giuliana podia sentir cada centímetro do seu corpo, cada fio de cabelo, cada batida de seu coração a impulsionando para a uma verdade silenciosa: ela pertencia a Cristiano e vice-versa.

Mas, no fim das contas, Giu ainda era Giu e sua cabeça teimava em dizer que aquilo era um delírio. Seu sonho com Clarice? Algum truque do inconsciente para convencê-la a fazer algo que, em outras circunstâncias, não faria. Se envolver com alguém casado? Seguir seus sentimentos mesmo sabendo que parte da atração que Cristiano sentia por ela, provavelmente, vinha da sua aparência? A cabeça da jovem só repetia o que parecia mais racional: ele não te ama. Ele ama o que você representa.

O sorriso traiçoeiro que outrora havia surgido, se desfez aos poucos. E se Cristiano se desencantasse dela uma vez que seu fascínio por Clarice contratasse com a personalidade dela? Giu suportaria ser rejeitada, principalmente após o beijo que trocaram? Após todo o cuidado que ele estava lhe dando?. O medo de perder Cristiano e a dor de talvez ter seus sentimentos feridos, fez Giuliana ficar pensativa , com o olhar perdido.

Cristiano desceu em poucos minutos trazendo consigo um jogo de toalhas e uma muda de peças femininas. Eram roupas antigas de Ester, dessas que ela usava para limpeza de casa. Ao se aproximar, Cristiano notou o abatimento de Giu mas preferiu dar espaço a ela. Eles teriam tempo para conversar com calma e ele, melhor que ninguém, queria ouvir Giuliana.

Mesmo feliz e extasiado com o beijo de Giu, ele sabia que teria de avançar com calma nesse território emocional. Não só por ela, mas por ele também. Sem dúvidas, ele sabia que sentia algo forte o suficiente pela garota. A forma como seu corpo reagiu ao toque de Giu foi mais do que suficiente. Porém, ser precipitado poderia gerar uma dor mútua e ele não desejava isso. Principalmente sabendo que teria de provar para Giu que seus sentimentos eram verdadeiros e não mera projeção com o que sentiu por Clarice. E tirar essa impressão de dentro da garota, seria difícil.

— Aqui, espero que sirva

Giuliana suspirou, pegou os itens e encarou Cristiano. Os olhos dele ainda brilhavam de ânimo ao vê-la e Giu sentiu seu coração bater um pouco mais desalinhado que antes. Aquela energia de antes, que agora funcionava como um sexto sentido interno, começava a tomar conta de seu corpo e, por pouco, não avançou sobre Cristiano outra vez. Ele era muito convidativo e seu corpo sabia disso.

O caso ClairOnde histórias criam vida. Descubra agora