Capítulo 25

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Ester tremia ao volante enquanto dirigia. Sua atenção alternava entre a pista a sua frente e a imagem de sua filha encolhida no colo de Eduardo. O rapaz parecia péssimo, os olhos vidrados e arregalados, olhando ora para o trajeto ora para o relógio de pulso. Seu rosto estava marcado pelo cansaço e exaustão, assim como o dela. Ester se questionava sobre tal abatimento de Eduardo. Seria pelas horas na rua ajudando na busca por Maria ou pelas circunstâncias que o levaram a encontrar a menina?. "Que estupidez pensar nisso", se deu conta Ester. Balançou a cabeça e olhou pelo retrovisor outra vez. Eduardo parecia mais aflito que antes ao segurar as mãos da pequena Maria.

— Como ela está?

— Temos de ir mais depressa, Esterzinha. Sei que é difícil manter a calma mas você tem de acelerar o máximo que der.

— Estou com medo de perder o controle, eu nunca dirigi seu carro antes. Eu não ando a mais de 120km/h nem no meu - disse segurando o choro

— Confia em mim, esse carro já passou por poucas e boas. Pode ir com tudo. É sobre a vida da sua filha!

Os olhos da mulher se encheram d'água. Um suspiro manhoso de Maria indicava que ela estava sofrendo. O choro de Ester virou um lamurio silencioso. Ela fungava e mordia o lábio inferior para não romper em lágrimas.

— Você consegue, Ester. Seja forte!

Ester concordou com a cabeça mas evitou responder Eduardo, com medo da sua voz não sair. Ela trocou de marcha e pesou o pé no acelerador. Em alguns minutos estaria no hospital mais próximo.

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A cada solavanco do carro, Giuliana praguejava mentalmente Miguel. Pior mesmo era quando ele colocava o tronco para fora e disparava inutilmente na direção dos perseguidores. Giu tinha vontade de gritar para que ele parasse de bancar o 007. Na visão dela, ele estava sendo bastante idiota. Não que o rapaz se importasse com as caras e bocas de Giu pois sua prioridade era escapar de quem os perseguia.

— Quer, por favor, prestar atenção na estrada? - disse Giu tentando não alterar a voz enquanto massageava as têmporas

— Eu to prestando atenção...E não estamos na hora do rush, fique tranquila. Nosso problema ainda está bem atrás de nós - respondeu Miguel preparando-se para abrir a janela e atirar outra vez.

— Isso não tá funcionando, Miguel. Por que você não faz o que eu te pedi logo, assim a gente para de brincar de velozes e furio...

Giuliana mal teve tempo de terminar a frase pois sentiu um forte impacto na traseira direita do carro, fazendo com que ela batesse a fronte no painel. Ao erguer a cabeça, percebeu que estava sangrando. Mal raciocinando por conta da dor, Giuliana sentiu seu corpo ser arremessado contra a porta e o braço de Miguel segurar seu corpo para que ela não continuasse batendo o corpo por todo canto.

Quando a garota olhou com atenção, notou que o carro girava e Miguel fazia bastante força para evitar que o carro perdesse mais ainda o controle. Gotas de suor escorriam pelo seu rosto e as veias da têmpora pareciam saltar por conta da tensão muscular.

Outra batida, dessa vez na lateral esquerda, foi o suficiente para que Miguel soltasse o volante, deixando o carro rodopiar rápido demais. Giuliana sentia que estava dentro de um redemoinho onde o caos era perceptível em câmera lenta. Foi com essa velocidade que ela viu Miguel se aproximar e abraça-la minutos antes do veículo despencar pelo viaduto.

Giuliana abraçou Miguel com força, escondendo o rosto em seu peito. Naquele momento ela queria chorar. Estava exausta, estressada e sangrando enquanto despencava alguns metros. Ela mal percebeu o tempo da queda e nem o real estado físico em que se encontrava quando o carro parou,só sabia que seu coração batia acelerado e sua respiração estava irregular .

O caso ClairOnde histórias criam vida. Descubra agora