Capítulo 9

175 45 340
                                    

Ao ouvir a notícia, a visão de Giuliana ficou turva e, por pouco, não cai prostrada no chão. Cristiano corre até ela e a ampara.

— Deixa eu te levar pro quarto, ainda está fraca...

Enquanto caminhava com dificuldade, a cabeça de Giu explodia com tantas perguntas borbulhando em seus pensamentos. "Suicídio".

— Aqui, com cuidado... - disse Cristiano ajeitando as almofadas para servir como apoio

Giuliana deixou-se afundar nos travesseiros. Só agora, quando a adrenalina já estava baixa, que ela se dava conta do tamanho do desgaste e do estresse que seu corpo havia sofrido. Colocou um dos braços sobre a testa, os olhos fechados enquanto tentava processar a nova informação. "SUICÍDIO!".

Uma parte dela estava aliviada em saber que Túlio não existia mais. Não lhe agradava saber que um homem como ele seguia sua vida normalmente após ter feito o que fez com Clarice. Porém, um outro lado seu tinha se sensibilizado com as circunstâncias da morte dele. E lamentado, já que não poderiam levá-lo a interrogatório e, consequentemente, ajudar Cristiano em sua busca.

— Quer que eu te deixe sozinha?
Giu tinha se esquecido de Cristiano. Ela abriu os olhos e o encarou. Ele parecia muito abatido e preocupado.

— Não... - respondeu - Pode ficar... - e ela apertou a mão dele, que retribuiu o gesto com um sorriso amargo.

— Nossa viagem não foi tão produtiva... - comentou ele - Sem Túlio, as chances de encerrar o caso de Clarice são mínimas.... - ele sentou-se de costas e apoiou o rosto nas mãos.

Cristiano soltou o ar dos pulmões de forma pesarosa, revelando a dor e agonia que ele tentava esconder na maior parte do tempo. Ele realmente acreditou que estava perto de encerrar esse tormento achando Túlio, na esperança de fazer justiça por Clair para que pudesse retomar sua vida. Mas não, não seria fácil assim e ele percebia com clareza agora, o que não tornava o sofrimento dele menor.

Giuliana sentiu uma vontade enorme de confortá-lo, talvez por conta do apoio que ele lhe deu durante a viagem ou por algum tipo de instinto escondido nela que havia sido despertado ao vê-lo naquele estado.
Giu se ergueu e envolveu o tronco de Cristiano, sua mão deslizando pela extensão das costas, indo até os braços. Depois, ela apoiou seu queixo próximo ao pescoço dele.

— Cris ... ?

A forma como Giuliana se aproximou e o chamou era torturante. Pessoal e intimamente torturante. Ele estava cansado, confuso e repleto de sentimentos soterrados. E Giu tinha de chegar e o confortar daquela maneira quando ele mais precisava. Sim, ela que se parece com sua Clair, de quem sente saudades imensas. Ela que, por vezes, se comportava como a morta.

Cristiano queria um colo, um afago, um corpo junto ao seu para aliviar aquela tortura. Lamentou não poder compartilhar desse peso com Ester, sua esposa. Ela não entenderia nem o perdoaria. Ester lutou muito para afastar a força de Clair da vida dele e do casamento. Cristiano sabia que não era justo projetar tudo isso em Giu, tampouco. Ainda mais por ela trazer o forte apelo da imagem de Clarice. Estaria misturando as coisas, os afetos e as suas propriedades.

Sem parecer rude, tirou as mãos de Giuliana de si. Deu um tapinha na mão dela como se agradecesse o apoio. Levantou-se e, sem encarar a jovem, prosseguiu

— Após o café partimos. Esteja com as malas prontas. - caminhou em direção a porta e a abriu.

_ Cris. - disse firme Giuliana

O caso ClairOnde histórias criam vida. Descubra agora