Capítulo 8: Red of Shame

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Londres,UK
Memórias de Agosto de 1976.

Eu sempre chegava às dez horas em ponto em casa. Muito difícil chegar depois disso, mais difícil ainda era eu chegar mais cedo. Eram minhas pedaladas diárias em uma única rota: de Brick Lane para Coffee's Lady, de Coffee's Lady para a Queen Mary, e da Queen Mary para Brick Lane... Era cansativo, mas não existia sentimento melhor que chegar em casa e sentir um alívio.

- Merda! Que filho de uma... - Os gritos distantes de Madalena me recepcionaram maravilhosamente.

- Ela chegoooou, MadaMaluca! - A voz de um rapaz adentrou pelos meus ouvidos, mas aquele timbre... Daquela voz... Era-me familiar...

--Bruce? - Indaguei, voltando o meu olhar para dentro da cozinha e vendo a imagem alegre de um doce rapaz.

- Oi Delilah! - Ele sorriu e acenou-me com a lata de cerveja na mão.

Bruce... Sim Bruce... Bem, esse nome pode ser muito comum, mas se eu falar Bruce Dickinson? Já deu para clarear? Quem gosta de um bom e velho Heavy Metal, esse homem é simplesmente uma lenda no mundo musical, de simples universitário para vocalista poderoso do Iron Maiden. Eu sempre soube que ele estava destinado a grande coisas.

Bruce, assim como eu, era calouro na Queen Mary, porém no curso de História. Ele era amigo de Madalena, se conheceram por amigos em comum. Eu nunca disse isso, mas antes de eu conhecer Madalena, ela cursava Sociologia na Queen Mary, até desistir para embarcar no curso de Farmácia (nem preciso dizer qual a motivação para isso), curso em que se ela ia para as aulas, eu nunca soube.

Bem, eu e Bruce, obviamente, nos conhecemos por meio de Madalena, para ser mais específica, em um show para calouros no Great Hall. Não lembro o que estava tocando naquela noite, mas recordo do imenso barulho que aqueles caras faziam. Tão barulhento, ao ponto de eu e Bruce concordamos em sair daquele local e tomar algumas geladas na traseira de uma van, a qual ele usava para ajudar na locomoção das bandas da faculdade. Conversamos muito sobre tudo, principalmente de filmes, de músicas antigas, de motores de trator e até de cervejas com gosto de capim. Bem, era óbvio que todo aquele papo e toda aquela cerveja, sozinhos em uma vanzinha, ia parar em uma programação para maiores de dezoito anos. Acho que foi meu primeiro momento em Londres com o modo Devil's Pepper em ON. Mais tarde, por minha surpresa, eu havia descoberto que eu tinha o deflorado. Senti-me, depois disso, um pouco de culpa por de certa forma estragar a inocência de um rapaz. Coisa que depois passou, e nos tornamos bons amigos.

- Meu bebê! - Corri para dar um abraço apertado nele, o qual me retribuiu com um doce beijo em minha bochecha.

Bruce era tão simpático e atraentemente fofo. Ele era simplesmente um bebê, e eu adorava chamá-lo assim, de certa forma, virara meu apelido carinhoso, mesmo inicialmente, ele sendo relutante a isso.

- DELILAAAH! SEU GATO DO DIABO ESTÁ SE APOSSANDO DA PIA DO BANHEIRO NOVAMENTE! - Os gritos de Madalena ecoavam pela casa de forma estridente - ESSE ENVIADO DO SATÃ ARRANCOU UMA LASCA DE MINHA MÃO.

Dava para escutar os grunhidos de Madalena tentando espantar Goliath, ambos se odiavam mais que o normal. Porém eu não podia fazer nada, de fato, Goliath amava dormir na pia do banheiro.

- Goliath ainda continua com sua obsessão por pias? - Bruce perguntou com um tom engraçado.

- Já fiz de tudo, mas se não for em meus pés, ele dorme na pia do banheiro.

- Gatos! - Exclamou ele, bebericando sua cerveja.

- DELILAAAAAAH!

- Já vou, já vou! - Gritei em resposta, entrando do banheiro e resgatando o meu gato das garras daquela maluca.

I Was Born To Love YouOnde histórias criam vida. Descubra agora