Londres,UK
Memórias de Novembro de 1976
- Então, Bugs Bunny virou de fato meu apelido! - Ele falou mordiscando a torta em suas mãos.
- Oras! Para que melhor?
- Não entendo o motivo?
- Pernas longas e dentuço, cai muito bem Bugs Bunny em você!
- Não é para tanto! - Ele deu um pequeno chilique amigável.
- Claro que é!
- Se for por isso, você é Petúnia Pig!
- Está me chamando de porca gorda?
- Baixinha e bunduda, cai muito bem Petúnia Pig em você!
- Eu não tenho cabelo preto...
- Não tenho orelhas de abano!
- Você não consegue ver o quão grandes elas são? Dá para voar! - Fiz uma chacota infantil que fez ele revirar os olhos.
- Querida, tenho algo maior para te mostrar. - Freddie lançou um sorriso maldoso erguendo as sobrancelhas.
- Seus dentes? - Falei com o cigarro na boca - Já vejo!
- Você sabe muito bem do que estou falando.
- Não mesmo. Sou santa!
- E eu sou padre!
Desde a noite com o café suicida e o dia com biscoitinhos de gengibre sorridentes, tornou-se comum algumas pausas e passeios nas docas com alguns docinhos e copos de chá ou café, na companhia do meu tormento magricela.
Já havia se passado alguns meses, o inverno de Londres já dava o seu sinal com ventos frios e chuvas constantes. Mas isso era o de menos, em meus intervalos ou no fim de meu expediente, eu sempre descia até as docas como o de costume do meu cotidiano, para tragar um cigarro ou para partir rumo à Queen Mary. Porém, agora, eu tinha uma companhia, a qual no começo era um tormento insistente, mas aos poucos se tornou nada mais nada menos minha distração dos dias frios.
- Gosto mais da turma do Mickey! - Ele apontou para a blusa branca com o Mickey estampado escondida pelo casaco marrom.
- Você é Bugs Bunny e pronto!
- Okay... Petúnia Pig!
Freddie era um bom insistente sem misericórdia. Ele fazia questão de ser meu importuno do dia-a-dia.
Não posso negar, no início pensei em jogá-lo nas docas, era um pensamento irresistível. Todavia,eu preferi deixar meus malditos pensamentos assassinos trancafiados no meu subconsciente até eu notar (um pouco relutante) que era bom ter uma companhia nem um pouco convencional para cigarro, doces e docas.
Mesmo que eu me acostumasse, minha cabeça insistia em uma violenta epifania em tentar compreender o motivo daquele ser singular viver nessa persistência comigo. Não importava, Freddie sempre estava lá com um copo de chá em uma mão e algum doce na outra. Havia dias os quais ele aparentava nem ter dormido, outros dias ele parecia um pouco mais irritado... Mas sempre ele estava lá nas docas em minha espera servindo-me com um sorriso amistoso.
- Sinceramente... Você não tem nada para fazer? - Perguntei um pouco reflexiva; meu tom de voz soou frio,mas não foi minha intenção.
- Oras, querida... Eu não estou fazendo nada?
- Bem... Teoricamente não...
- Então, tomar chá e conversar com Vossa Sapiência é fazer nada?
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I Was Born To Love You
Fiksi PenggemarO tempo fez questão de mostrar à Delilah Simons o quanto seu egoísmo poderia apagar suas mais preciosas joias de uma vida intensa: suas memórias. Decidida em cumprir sua promessa, Delilah encontra-se dedicada em contar ao mundo sua vida ao lado da m...