Hanging Out

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Poucos minutos depois estávamos eu, a Tessa e o Jack no Bráz Elettrica, uma pizzaria em Pinheiros que era famosa por funcionar altas horas da madrugada e ser um dos ambientes mais descolados que tínhamos no momento da escolha. Encontramos uma jornalista por lá então nossa conversa fluiu sobre trabalho, trabalho e mais uma vez trabalho.

Quando a jornalista pela qual não recordo-me o seu nome se foi, Tessa então resolve fazer nossos pedidos, ela falou que estava faminta e eu não estava muito diferente então fiquei quieta a deixando escolher por nós duas.

Até que ela volta com refrigerantes e pediu desculpas por não ter perguntado o que eu queria, mas confirmou que ela lembrava meus gostos desde a nossa reunião do TIME'S UP, onde nos conhecemos, que basicamente é um projeto onde damos suporte ferrosamente, nos conhecemos através da Stacy Smith em 2017, na primeira reunião dos Time's que ocorreu, inclusive, em minha casa.

Eu não fazia ideia se a Tessa estava namorando com a Janelle Monae ainda, ou se, de fato, os rumores com o Michael B Jordan eram reais depois dos filmes de Creed. A única coisa que eu conseguia pensar era o quanto os dois eram sortudos, pois...Que mulher.

E entre devaneios sinto um toque em minha mão. Subo o olhar e noto aqueles olhos brilhantes me encarando com calma.

— Tudo bem, madame? - Ela solta uma leve risada e eu a acompanho.

— Claro, mademoiselle. - Ela me olha e responde antes que eu fale mais algo, vendo que eu não conseguia me abrir com facilidade.

— Estou com problemas no paraíso. É esse o seu problema também? - Rimos e ela prossegue: — Eu e Janelle nem sabemos mais o que temos, se temos. Ela está distante desde que fiz os filmes com Michael.

— uhhh, ciúmes? - Tessa pondera.

— Não tenho certeza, nunca tivemos um relacionamento monogâmico, então isso não me parece ciúmes, e sim a falta dele, talvez desinteresse? Eu não sei bem. Ela sempre optou por deixar tudo isso aberto, e sempre deu certo.

— Mas você já quis alguém tanto que não conseguiu pensar em outro alguém? - Eu questiono, nunca havia estado em um relacionamento aberto.

Ela fica me encarando.

— Você nunca esteve em algo assim, né? - E com a cabeça eu assinto, para então ela prosseguir: —  Deveria experimentar.

— Não tenho certeza que eu consigo, de qualquer forma, estou noiva, e não me sinto mais assim, entende? - Ela então me olha melhor e assente.

— Nunca estive nesse papel antes, mas faço uma leve ideia, já interpretei personagens assim. - Ela deu um tom dramático que eu bati em seu braço para em seguida gargalhar.

— Eu finalmente sei quem sou, como sou. E não sou aceita. Não sinto mais o de antes. - Ela então diz:

—  Está vendo essa luz aqui? - apontando para o objeto que acendeu em sua mão, eu assenti e ela continuou: — É a luz do fim do túnel. E do nosso pedido também, vou buscar, espera rapidinho.


O humor e a risada dela era algo sobrenatural, não tinha tempo ruim, isso era uma das coisas mais incríveis em estar em sua presença.


Comemos em perfeita calmaria, vez ou outra ela soltava alguma piadinha para descontrair. Quando finalizamos nossa comida, voltamos ao assunto que estava em mesa a alguns minutos atrás.

— O que você vai fazer? Mandar a real para ele? - Ela me encara e eu olho para minhas mãos, mexo nos anéis de nervoso e depois volto a encará-la.

— Terminar, creio eu. Não sentimos mais o mesmo, não somos mais os mesmos, estamos em momentos diferentes. Eu deveria fazer isso por telefone agora mesmo. - Pego o telefone e ela toma da minha mão pondo novamente sobre a mesa.

— Não seja tão ansiosa, um relacionamento precisa de uma conversa justa até em seu fim. Deixar as coisas claras é essencial. - Ela me olha.

— Você deveria conversar com a Monae, inclusive. - Cito a Janelle e ela faz uma careta.

— Eu acho que ela não quer conversar, ela não me responde desde que saí do país. Inclusive, ela andou com o Jordan por aí também, acho que o problema não sou eu. - Surpresa é a palavra que saia de ambas as cabeças sobre o que acabou de ser dito.

— Queria beber mais até fazer alguma merda. - Solto e me arrependo depois de ver a cara da Tessa, para em seguida soltarmos longas gargalhadas.

— OKAY, eu não esperava por isso. Você parece ser mais quieta nesse sentido, mas agora não tenho mais certeza. - Ela comenta.

— Fui traída diversas vezes, me senti um lixo diversas vezes por isso, e apenas nesse momento vejo que perdi tempo demais com quem não devia, e isso me ensinou a perder tempo com pessoas certas. Porque já passei demais com a errada. - Tessa então sorri e se atreve a pôr a mão no queixo e falar:

— Eu seria sua pessoa certa ou errada? - E eu que estava bebendo água me engasgo. Ela então completa: Ok, acho que isso responde. - Ela comenta com um semblante um pouco confuso.

— Eu não respondi! Assim não vale, apenas fui pega de surpresa. - Tento argumentar.

— Te dou essa segunda chance. - Ela me desafia a responder.

— Ok, talvez fosse bom errar com novas pessoas... Não sei, você é boa demais e tudo mais, e isso talvez me dê a certeza da sua inquietude sobre relacionamentos. Você não me parece muito aberta para relacionamentos monogâmicos. 

— Você também não se encontra aberta para relacionamentos poligâmicos, estamos quites? Acho que ambas estamos erradas sobre isso. Quer dizer, pessoas devem mudar, experimentar... - Ela gesticula e tenta aliviar tudo o que disse com leves sorrisos como se eu não estivesse me sentindo flertada, ou melhor, como se eu não já estivesse querendo continuar com isso.

                                                                                           ...

— Já passou do nosso prazo, são quase 4h da manhã. O papo estava formidável. - Tessa comenta depois da centésima ligação do seu agente.

— Eu que agradeço pelo momento agradável, inclusive estava precisando. Posso te deixar no seu quarto? Você já fez demais por mim hoje, estou te devendo. - Ela sorri e concorda.

— Claro, está me devendo e espero que pague, quando seu problema estiver resolvido, lembre-se que você estará sendo convidada para um jantar como esse, um pouco mais cedo e mais perto de casa, por favor, o Brasil é ótimo, mas muito longe. - Ela comenta e eu ri com sua desculpa para me chamar para sair.

— Claro, Valkyrie. A Captain te levará para jantar, e não o contrário, espero que aceite. 


Pisco o olho e então seguimos para o hotel em que ela está hospedada. Jack nos segue em um carro separado, claro, sempre no nosso campo de visão para impedir que qualquer coisa pudesse ocorrer às 4h da manhã em um país diferente que o nosso.


Breaking Ties in HollywoodOnde histórias criam vida. Descubra agora