Capítulo 44

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Antonella: Fala logo pai- eu disse nervosa.

Coronel: Você sabe que quando entrou pra essa carreira aqui, você estaria disposta a fazer o que fosse preciso. Ainda mais pela sua profissão mesmo, que é lutar pelas vidas. Você foi convocada a servir em uma missão fora do país- ele disse me olhando sério porém orgulhoso.

PARA TUDO, OUTRO PAÍS ? COMO ASSIM??

Antonella: Espera aí pai, eu ouvi direito ?- eu disse incrédula.

Coronel: Sim meu amor, você vai servir no exterior- ele disse sorrindo.

Eu fiquei uns segundos em silêncio, tentando acreditar nisso. Tudo bem que foi algo que sempre sonhei, mas não me sinto preparada, não agora. E a minha família ? O Dom? Como ficaria isso tudo ??

Coronel: Eu sei que é algo novo pra você, mas você vai adquirir experiências sem igual- ele acariciou minha mãos.

Antonella: E pra onde eu vou?- eu disse triste.

Coronel: Ainda não sabemos, mas você saberá em breve- ele sorriu e eu sorri sem mostrar os dentes.

Me levantei e fui pro consultório, ainda sem acreditar em tudo isso. Tinha algumas pessoas a minha espera e eu entrei meio atordoada com a notícia.

Atendi alguns pacientes e o dia hoje parecia que estava passando carregado. Eu precisava contar isso pra alguém, então pedi pro Pierre vir até aqui o consultório e enquanto ele não chegava eu andava de um lado pro outro.

Pierre: Pode entrar Tonton?- ele disse batendo na porta.

Antonella: Deve- eu disse roendo as unhas.

Pierre: Pelo que te conheço, sei que tem coisa vindo por aí- ele disse sentando na cadeira- Fala logo o que ta pegando.

Eu olhei seria pra ele e ele parecia apreensivo também.

Antonella: Eu vou me mudar- eu disse rápido e ele fez uma cara de "era isso" ??

Pierre: Vai precisar de ajuda ?

Antonella: Não porra, não aqui- eu disse andando de um lado pro outro.

Pierre: Então fala as coisas direito né. Pra onde você vai ?

Antonella: O Exército me convocou pra servir em outro país- eu disse devagar e ele arregalou os olhos.

Pierre: Outro país ? Não não, você não pode ir- ele disse nervoso.

Antonella: Eu tenho que ir- eu disse olhando pra ele- Eu também não quero, mas tem pessoas precisando de mim- eu disse olhando pra baixo.

Pierre: Caralho.... Quando isso ?

Antonella: não sei ainda, eles estão vendo, mas já me deixaram cientes- eu me sentei na mesa.

Pierre: E o Dom, já sabe ?- ele disse preocupado.

Antonella: Não, ainda vou arrumar um jeito de falar isso pra ele... Vou esperar saber tudo direito pra poder falar.

Pierre: Vai ser barra pra geral- ele levantou e me abraçou.

Senti vontade de desabar naquele momento. Agora que minha vida estava estruturada e seguindo um rumo legal, vem uma coisa dessas. Deixei uma lágrima cair nos ombros dele e ele rapidamente me soltou do abraço ficando de frente pra mim.

Pierre: Ei, não chora ta?- ele disse secando minhas lágrimas- você sabe que é extremamente competente no que faz e que jajá você volta- ele disse sorrindo e eu concordei com a cabeça.

Antonella: Eu sei, mas é que não me vejo longe de vocês- eu disse olhando pra ele.

Pierre: É só você ter calma tá ? Agora preciso voltar pro meu serviço e você também- ele me abraçou e saiu do consultório.

Limpei meu rosto e esperei o paciente entrar. O dia passou devagar , acho que pra mim pelo menos eu preferi sair antes do Dom passar aqui pra gente almoçar. Não sei mentir, e ele saberia logo que escondo alguma coisa. Liguei pra minha mãe e fui almoçar com ela, conversar com ela por mais que fosse raro, me aliviava bastante.

Fomos pro restaurante e conversamos bastante, ela me acalmou e disse que tinha certeza do meu sucesso. Em relação aos meus amigos e família, eu iria sentir saudades mas sabendo que quando eu voltasse, nada mudaria. Agora e o Dom? Relacionamento a distância nunca foi o meu forte, ainda mais com todo esse ciúme que existe entre eu e o Dom.

Ao mesmo tempo que eu queria contar eu queria esconder, é um misto de sentimentos que nem eu sei explicar.
Deu a minha hora e eu voltei pro quartel, o Dom tinha mandado uma mensagem no WhatsApp. Ele tava puto porque não esperei ele pra almoçar. Ele ia entender. Nem respondi e voltei a fazer meu serviço.
Não demorou muito a passar e eu já estava liberada. Esperei o Dom pra ele não ficar tão puto e ele veio.

Dom: Por que não me esperou mais cedo?- ele disse vindo na minha direção.

Antonella: Resolvi uns problemas com minha mãe, por isso não deu- eu disse sem olhar pra ele.

Dom: Tá acontecendo alguma coisa Antonella?- ele disse parando do meu lado.

Antonella: Não, claro que não- eu menti descaradamente.

Dom: Então tá, você sabe que eu odeio que me esconda as coisas, portanto se tiver, fala logo- eu apenas balancei a cabeça e fomos andando pro carro. Ele tinha pedido pra eu ir pra casa dele pra gente ir no cinema e jantar, eu concordei e fui pra minha casa pegar uma roupa e fui direto pra dele.

Eu sabia que deveria contar, mas não sei como... Nem sei pra onde vou também, quero falar quando tiver certeza de tudo.
Se passaram duas semanas e hoje eu saberia de tudo. A ansiedade tomava conta de mim.

Eu e o Dom estávamos brigando direto porque insistia no assunto de que eu estava mentindo pra ele, mas eu não podia fazer nada. Me arrumei tão rápido que até me admirei. O trânsito hoje estava tranquilo, então cheguei no horário previsto.

Antonella: Pai?-eu disse batendo na porta.

Coronel: Entra filha- ele disse retirando os óculos e colocando sobre a mesa.

Eu me sentei extremamente nervosa e me calei de tão nervosa.

Coronel: Já resolvemos tudo e você vai em dezembro. Você vai pra Tailândia e ficará por um ano.

Meu coração disparou tão rápido, minhas pernas tremiam é um nó na minha garganta se fez rapidamente.

Antonella: 1 ano ? É muito tempo longe daqui- eu disse com a voz embargada.

Coronel: Mas é o tempo necessário pra eles , você precisa ir- ele disse me encarando.

Eu não conseguia falar nada, só passavam coisas na minha mente e eu sentia vontade de desabar ali mesmo. Mas não podia. Então eu levantei e fui em direção ao consultório, deixando algumas lágrimas caírem em meio ao caminho.

O nó na minha garganta parecia não desfazer e o caminho até meu consultório parecia imenso.

Cheguei e não tinha ninguém me esperando, senti alívio por isso e quando entrei no consultório, 5 minutos depois alguém bate na porta.

Rapidamente enxuguei minhas lágrimas e falei pra entrar, era o Dom. Eu perdi as minhas forças e nem em pé eu conseguia ficar. Ele me olhou bravo e irritado. Com certeza ele já sabia do que eu tanto temi contar pra ele.

A Cardiologista e o Primeiro TenenteOnde histórias criam vida. Descubra agora