Capítulo IX

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Bem... pelo menos isso não mudou.

E isso eu realmente não esperava.

Depois de almoços com louças de porcelana, talheres de prata, taças de cristal, carros de luxo, uma casa do tamanho de um quarteirão, uma dúzia ou mais de empregados... Eu sinceramente não esperava ir para o colégio a pé.

Não que eu queira reclamar. Muito pelo contrário. Quero agradecer à mente brilhante que teve a ideia de colocar a tal escola na mesma rua que a mansão.

Segundo Nicolas, são só uns 30 minutos. Distancia suficientemente curta para não exigir um transporte.

A rua é tão limpa e bem cuidada que reflete muito bem a imagem de bairro da classe alta. As casas são tão "modestas" quanto a dos Montenegro, cada uma mais enfeitada que a outra. Mas o que mais me causa estranhamento são as árvores. Elas parecem ser bastante importantes, já que têm seus próprios cercadinhos.

Eu me sinto pequena ao passar por aqui. Sorte a minha que não estou sozinha. Nicolas caminha ao meu lado, segurando as alças da mochila. Aparentemente, o nervosismo o atacou. Foi o único jeito de deixar suas mãos paradas.

Eu deveria estar nervosa? Talvez.

Sempre abominei escolas particulares. Não sei de onde veio esse preconceito, mas existe. Não sei se é pelos alunos; pelos professores exigentes ou pelas regras controladoras. O que eu sei é que vou ter que engolir tudo e aguentar. Por pelo menos um dia.

- Ele é sempre assim calado? Parece depressivo. - Sussurro para Nicolas, que está distraído em seus devaneios.

- Quem? Meu irmão? - Ele aponta com um aceno da cabeça para Leonardo, que caminha mais à frente.

- Ele mesmo.

- Léo gosta de ficar na dele. Mas em geral sabe sorrir. Talvez se incomode com a sua presença, como Alex, mas não é tão evidente como ele.

- Entendo. - Encaro as costas dele.

- Eu estou ouvindo vocês. - Leonardo diz, cem um suspiro debochado.

- E daí? Algum prob...

- Chegamos. - Nicolas me interrompe, apontando para o prédio do colégio.

O mais correto seria os prédios. Quatro, para ser exata. Todos iguais, os edifícios de três andares estão lado a lado, formando uma fileira.

E, não bastasse os prédios, tem um pátio imenso no piso térreo. E isso é só o que consigo ver, deve ter algo do outro lado.

- E eu que achei que a mansão fosse grande.

- Realmente. - Nicolas esboça um sorriso divertido. - Eu vou indo nessa.

- Okay.

Observo o garoto se afastando, indo em direção a um grupo de outros alunos. Então olho em volta e percebo que eu e Leonardo ainda estamos parados na entrada. Não por muito tempo, já que ele começa a avançar.

- Espera! - O alcanço.

- Por que você não foi atrás dele? – Ele me para, quase como se não quisesse que o seguisse.

- Porque ele estava indo falar com seus amigos. - Aponto para Nicolas, que se juntou aos garotos.

Pressinto que ele quer me dizer algo para me afastar, mas é interrompido por uma voz masculina.

- Ei, cara! – O garoto está acompanhado, por mais 3 meninos e 2 garotas. Eles se cumprimentam.

- E quem é essa morena com você? – Um outro se aproxima de mim, sorrindo afetadamente e piscando.

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