Capítulo X

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E depois de outra meia hora de despedidas, finalmente estou no carro de novo. Um suspiro escapa pelos meus lábios, dando a impressão errada para Antônio.

- Sinto muito que não tenha dado certo. - Ele diz, me olhando pelo retrovisor.

- O quê? Ah, não! - Dou uma risada. - Não estou voltando. Vou ficar com vocês.

- Isso é uma ótima notícia. - Ele sorri, enquanto liga o motor. - Então para casa?

- Na verdade preciso ir para outro lugar.

- Está tudo bem? - Antônio pergunta, pouco tempo depois de saber o próximo destino.

- Sim. Só um pouco cansada.

Cansaço não é só o que sinto nesse momento, mas posso considerar como consequência.

- Chegamos. - Antônio abre a porta para mim, antes mesmo que eu me dê conta de que o carro parou.

- Obrigada. - Desço do automóvel depressa.

- Sinto muito, não poderei ficar esperando. O Sr. Arthur precisa de mim.

- Sem problema, Antônio. Posso voltar só.

- Até logo, então. - Ele entra novamente no veículo, ligando o motor.

- Espera! - Bato de leve no vidro, que ele abre.

- Sim?

- Não diga nada a Sharon. Quero que seja surpresa. - Ele assente, sorrindo.

Me viro rápido e entro, com medo de perder a coragem.

O restaurante está aberto, mas não há ninguém no salão. Acontece muitas vezes em uma segunda à tarde.

Vou direto até Natália, que cuida da parte administrativa do negócio. Ela recebe a carta das minhas mãos logo depois de me cumprimentar.

- Valentina! Chegou tarde. - Daniel me vêquando passa pela porta da sala. Como sempre, chama a atenção de todos.

- Menina! Quantas vezes já lhe disse para...

- Um pedido de demissão? - Natália exclama, arregalando os olhos para mim.

- O quê? - Difícil dizer quem foi, já que foram muitas vozes.

- O que está acontecendo? - Daniel parece desapontado.

- Eu... é complicado. - Sob o olhar de todos me sinto ainda pior.

- Tem certeza disso, Vale? - Luigi está mais para compreensivo. Assinto.

- Vou organizar tudo. Pode vir buscar as pendências amanhã. - Natália diz, guardando o papel.

- Está certo. Obrigada.

- Vou voltar para a cozinha. - O dono diz, calmamente, e sai.

- Até amanhã. - Aperto a mão de Daniel enquanto saio. Espero que entenda o recado.

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- Você pode dizer para o resto do pessoal? E peça desculpas ao seu pai por mim.

- Claro. - Depois de ver a expressão do meu amigo ficar mais serena, me sinto melhor. - Vou dizer.

- Obrigada.

- Sabe, não precisa se preocupar. Eles têm razão. Só fico triste por não poder ver você todo dia. - Me encolho um pouco. - Sem você... quem vai quebrar os pratos?

- Seu... - Ele ri enquanto massageia o braço. - Tomara que tenha doído mesmo.

- Nem um pouco. Um soco fraco desses!

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