Epílogo - 8 Meses Depois

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- Valentina Mendes Martínez!

Levou muito tempo, e muitos trâmites legais, mas finalmente esse é o meu nome. O mesmo nome que agora está em minha certidão de nascimento, em minha carteira de identidade, na matrícula do colégio e na carteira de motorista. O mesmo nome que pertencia aos meus pais, meus verdadeiros pais, e agora é meu também.

O mesmo nome que o mestre de cerimônias chama, anunciando que é minha vez de pegar o certificado.

Nos poucos passos que dou, das cadeiras até o palco do auditório, observo o lugar ao redor.

Olho para os alunos que estão se formando, acomodados nas cadeiras vermelhas enfileiradas da frente, e encontro o olhar encorajador da minha melhor amiga e o sorriso de canto do meu - Nem acredito que estou dizendo isso! - namorado.

Então passo para a parte de trás da sala, onde estão os parentes e convidados, assistindo a tudo. Nossa pequena grande família está ali, me aplaudindo.

Encontro o brilho de orgulho no olhar dos meus pais, os sorrisos carinhosos dos meus outros pais, as risadas animadas de seus filhos e o aceno de Daniel - Ainda que eu ache que ele veio mais por causa de outra pessoa.

Então eu chego ao palco, e após a ladainha, que o mestre fez para todos os aluno, volto ao meu lugar segurando o papel.

Certificado de Conclusão do Ensino Médio.

O resto da festa durou por mais um par de horas, e então estávamos todos no carro, voltando para casa. Nos carros, melhor dizendo. Tivemos de nos separar, e Carlos veio junto comigo e meus pais.

Estava tudo tranquilo, até que Carlos percebeu que o carro de Arthur, atrás do nosso, estava desacelerando.

- O papai ficou para trás.

Vimos o carro dar a volta em uma velocidade acelerada, e ele sumiu da visão. Quando minha mãe ligou para eles, nos disseram que a bolsa de Sharon havia se rompido.

Então demos a volta também é os seguimos até o hospital, onde estamos desde então.

Sharon e Arthur já estão lá dentro há quase três horas, e nenhum sinal de que vai acabar em breve.

O entra e sai de enfermeiras já estava começando a me irritar. Elas só dizem que está tudo indo bem e que a criança vai nascer.

Seja ela menino ou menina. Não temos ideia do sexo. Sharon queria uma surpresa total, então fez prometer a todos que ficaríamos longe da ecografia. Seu desejo foi cumprido.

Até os meninos já se cansaram de esperar. Eles disseram que queriam "dar uma volta", então meu pai os levou para passear.

Minha mãe disse que Sharon iria precisar de uma amiga quando tudo acabasse, então resolveu ficar aqui, esperando até que ela desse a luz. E Nico, como o garoto bem educado que é, lhe resolveu fazer companhia.

Os dois conversavam tranquilamente quando eu finalmente cheguei à minha última gota de paciência. Resolvi que não conseguia mais ficar parada no mesmo lugar, e decidi passear também. E minha mãe insistiu para eu não ir sozinha.

- Vá com o seu namorado.

Ela ficou muito feliz quando lhe contei sobre nós, assim como Sharon, que sempre me incentivou. E meu pai até que levou a coisa muito bem. O fato dele conhecer bem Léo ajudou muito. Ele confia no garoto.

Então aqui estou eu, caminhando pelos corredores do hospital, de mãos dadas com ele.

- Então acabou.

- Quê? - Léo fica confuso. Um dia ainda vou legal alguém à loucura com minhas trocas repentinas de assunto.

- O ensino médio. Acabou. É a hora decisiva, quando nos tornamos adultos, de verdade.

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