Capítulo XVII

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- Você está tão linda! - Sharon me analisa com as mãos apoiadas na boca e os olhos levemente marejados.

Quando lembrei que não tinha roupa de banho e pedi ajuda de Sharon, não imaginava que ficaria bom, mas o biquíni azul é exatamente do meu tamanho.

- Meu corpo era bem parecido com o seu a uns 20 anos. - Ela diz, enquanto alisa sua cintura. - Hoje em dia não estou mais tão... assim.

Apesar do que ela diz, seu corpo é perfeito. Não tem mais os traços leves da juventude, mas tem as curvas proporcionais de uma mulher adulta.

- Sabia que adiantaria guardar ele. - Ela parece emocionada ao me ver usando seu biquíni. - Eu sempre sonhei com esse dia! Compartilhar minhas roupas com... - Ela para a frase abruptamente, como se reconsiderásse sua última palavra. - Você.

- Eu não entendo muito dessas coisas, mas acho que ficou bom. Obrigada, Sharon.

- Não ficou apenas bom, ficou perfeito. Você finalmente parece uma mulher. - Ela diz, esperando a minha reação. Quando eu rio de sua frase, ela continua, rindo também. - Sem querer ofender, mas você realmente precisa rever suas roupas.

- Não me ofende. Mas é o que tenho. - Dou de ombros.

- Não por muito tempo... - Ela murmura, cantarolando baixinho. - Mas vamos ao que interessa. Ainda não está pronta. - Ela fala, em uma clara tentativa de dispersar o assunto anterior.

- O que falta?

Imagino que ela vá me entregar um vestido daquela espécie de linha, parecido com o que está usando por cima de seu maiô rosa, mas ela parece não saber o que me fazer vestir.

- Não é um desses vestidos aí? - Tento ajudá-la.

- Claro que não. Sou da opinião que roupa de crochê é para gente velha.

- Você não é velha.

- Ah, querida. Tão gentil. - Ela sorri. Então parece pensar em algo. - Já sei. - Ela se aproxima da cama e pega os shorts jeans.

- Meus shorts? Mas quando cheguei com eles você disse que estava horrível.

- Eu me referia àquilo. - Ela aponta para minha camiseta. - Ninguém curte um dia de piscina com blusas pretas.

- Se você diz...

- Eu poderia te dar um dos meus, que estão menos desgastados, mas não caberia. - Ela diz enquanto atravessa uma porta. - Mas o bom do jeans é que mesmo velho fica lindo.

Vou atrás dela e entro no cômodo escuro, por causa da ausência de janela. Assim que Sharon aperta o interruptor e a luz se espalha no local, me deixando boquiaberta.

Não demoro muito a perceber que se tratam de roupas. Calças, blusas, saias, casacos, até dúzias de bolsas e sapatos. Tudo dividido em dois lados, um feminino e o outro masculino.

- Uau. - Sharon acha minha reação divertida.

- Nunca viu um closet antes?

- Ah, com certeza não. Mas é uma visão bonita.

- Podemos fazer um para você, se quiser.

- Minhas roupas não encheriam nem uma dessas gavetas.

- Está aqui. - Ela puxa um cabide e me entrega.

Visto a camisa de botões branca, um pouco transparente, por cima do biquíni e olho o resultado no espelho.

- Agora sim. - Ela ajeita a blusa nos meus ombros e alisa meus cabelos. - O contraste de seus cabelos escuros e as roupas claras ficou tão lindo.

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