Capítulo XXI

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Meu coração acelera tão de repente que mal consigo perceber e minha respiração falha, ficando entrecortada. Os olhos dele esquadrinham cada canto do meu rosto, como se quisesse achar algo nele. Acabo fazendo o mesmo, não entendendo o porquê.

Então quando acho que vai se aproximar mais, ele desvia o rosto e diz, no meu ouvido:

- Para de tentar.

- Quê? - Ele está novamente a uma distância socialmente normal.

- Você não faz o meu tipo. - Consigo entender rápido o significado de suas palavras. - Não precisa se esforçar.

- Como é? - Meus batimentos se tornam mais rápidos, dessa vez pela irritação. - Você se acha muito, não é?

Dou um passo para frente, tirando minhas costas da parede e ficando a um braço de distância de Leonardo.

- O que te faz pensar que eu quero algo com você? - Ele mostra seu sorriso convencido, o que me irrita mais. - Eu não quero. - Solto uma risada de escárnio. - Como se eu quisesse fazer parte de sua ridícula lista de conquistas. - Não sei de onde tirei essa última parte, ela apenas sai. - E saiba que você não faz o meu tipo.

- O que está acontecendo aqui? - Nicolas chega de repente, me fazendo duvidar do que exatamente ouviu.

- Nada. - Olho para Leonardo uma última vez, ainda irritada, e me viro, para me afastar o mais rápido que consigo.

Passo o caminho todo resmungando para mim insultos como "arrogante, convencido, imaturo" e me perguntando em que momento ele teve a ousadia de pensar que eu estava "a fim" dele.

Não sei exatamente quanto tempo fiquei assim, mas apenas paro quando chego ao portão da mansão. O carro de Antônio está saindo por ele quando me aproximo. A janela de trás se abre, mostrando o rosto sorridente de Arthur.

- Vale! Estão chegando agora?

- Sim. As aulas acabaram agora a pouco. Vai para onde?

- Para a MN. Quer vir?

Em um momento penso que é bom ir para me afastar dele. Provavelmente Sharon arranjaria algo para reunir todos e ficarmos juntos, algo que eu não quero mesmo.

Aceito a oferta de Arthur, agradecendo mentalmente a oportunidade de ficar longe, antes de imaginar que ele pode fazer a mesma pergunta para Leonardo. E ele a faz. E, para minha frustração, ele aceita também.

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Chegamos à gravadora em menos de uma hora, por causa do trânsito ameno. Arthur foi logo entrando no elevador para ir à sua sala e fazer seus deveres como CEO, que eu não tenho a menor ideia do que são, e deixou eu e Leonardo na recepção. Ele estava indo para o grande sofá com seu celular nas mãos quando me afastei para conversar com as pessoas que vi da primeira vez que vim.

Ele estava no mesmo lugar quando voltei à sala, ainda olhando para a tela, provavelmente lendo, como Sharon contou que faz muito.

Não queria ter que estar perto dele, mas são os únicos lugares para sentar por aqui, então fui até o sofá mais longe dele e me sentei. Comecei a conversar com Ky pelo chat do aplicativo desde então.

Levanto o olhar quando percebo alguém se aproximando de Leonardo. Apesar de estar com raiva dele, minha curiosidade tem forças sobre mim.

- E aí, Jay? - Ele diz, com uma voz menos depressiva que o normal. Ele tem um amigo! Quem diria.

Levanto o olhar, vendo os dois se separando de um abraço.

- Oi, cara. - Engraçado. Eu conheço essa voz de algum lugar.

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