Nova Família, Nova Vida

Capítulo XXXII

Tudo está do mesmo jeito.

A rua, as árvores, as casas...

Está tudo exatamente igual à última vez em que estive aqui. Logicamente. Só fiquei fora 3 semanas.

3 semanas. Pareceu bem mais, uma eternidade, para mim. Mas finalmente estou aqui. Em casa. Com meus pais.

Eles olham para os lados, surpresos. Com certeza, para eles, tudo está mudado. Para eles realmente foi muito tempo.

O táxi para em frente ao portão da mansão e em pouco tempo o porteiro já está do lado de fora, para verificar o visitante inesperado.

- Senhorita Valentina! - É a primeira coisa que ouço quando desço do carro.

- Olá! - Respondo com entusiasmo, como se eu tivesse apenas saído para ir fazer compras.

- Onde esteve? Está tudo bem? Vou avisar à Senhora. - Ele dispara, mal respirando.

- Não, espera. Pode ser surpresa?

- Claro. Vou abrir o portão para você.

- Obrigada.

Só então o porteiro se dá conta do casal de mãos dadas ao meu lado.

- Olá, posso ajudar? 

- Eles estão comigo. - O porteiro se vira novamente para mim. - São meus... pais.

É a primeira vez que apresento meus pais a alguém. É uma sensação boa.

- Seus pais biológicos? - Assinto. - Uau! Parece inacreditável. Como se encontraram?

Sorrio para ele. Não conhece toda a história da família, nem acho que seja bom ele saber dos detalhes.

- Eu... bem...

- Creio que prefira chegar em casa primeiro, senhorita. Outro dia você me conta.

- Está bem.

Ele se despede e entra na guarita novamente, para abrir o portão para nós. Então entramos, e o caminho entre a guarita e a porta principal se torna mais comprido do que nunca.

O tempo parece passar mais devagar, e tenho certeza que estamos todos andando a uma velocidade razoável.

- Então... preparados?

Meu pai parece calmo, sorri de volta para mim tranquilamente. Já minha mãe está mais inquieta, ela aperta minha mão levemente, mas sorri também.

- Está na hora.

Bato na porta devagar, já sabendo quem vai estar atrás dela.

- Senho... - Claudia para de falar quando ponho meu dedo sob os lábios, fazendo o sinal de silêncio.

Ela assente, entendendo o que quero. Abre a porta e deixa que entremos.

Faço um sinal discreto para que eles se escondam enquanto caminho em direção à sala de estar. E a cena que encontro me dá um aperto no coração. Tenho a confirmação de que o pessoal da SI manteve a promessa.

Sharon está encolhida no sofá, com o rosto vermelho e o olhar perdido, Arthur está ao seu lado tentando acalmá-la, Carlos está ao lado de Sharon, com seu braço em volta dela e Alex está em pé ao lado do sofá, olhando para eles. Não vejo Leonardo e nem Nicolas, que provavelmente estão na escola.

Então penso na melhor maneira de "dar um oi". Uma tarefa difícil para uma situação ainda mais difícil.

- Que caras são essas? Quem morreu?