Storm of Hope

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Simpson Desert SA 5734 - Austrália

[ponto de vista de Dominic]

- MAS PORQUE RAIO VIEMOS PARAR NO MEIO DO DESERTO!

- Calma Dominic não é assim tão mau, aliás podes existir aqui qualquer coisa.

- COMO O QUE SUA DOIDA? - A Ares saltou um pouco devido à minha gritaria, não que eu queira gritar, mas eu vim parar no fim do mundo com uma zé ninguém atrás e sem nada preparado.

O jato pousou neste deserto sem mais nem menos, e nós nos deparamos com areia por tudo o que era canto. No jato tínhamos encontrado uma foto do meu irmão e da Kasaki em frente a uma casa na mesma coordenada que o meu irmão tinha escrito na porta que a Ares disse que desenhou. Mesmo que nessa foto tenha uma casa e um oasis eu não sei o porquê de ter parado no meio do nada e isso pode explicar a minha raiva.

A Ares está entulhida três passos atrás de mim sempre olhando para os lados à procura de algumas coisa feito cão de guarda. Em primeiro lugar eu nem a queria trazer, só a acordei para ela me ajudar com os nomes na parede mas afinal com o desenrolar das coisas e com a emoção toda eu tive de a deixar vir, coisa que já estou arrependido. A partir do momento em que entramos no jato ela só se sentou e ficou calada a olhar ao redor.

Não fala.

Não mostra nada de interessante.

E já me está a enervar imenso porque já me basta eu estar no meio do nada sem viva alma e a única pessoa que está comigo mais parece um fantasma mudo que sei lá o que. Se ao menos eu tivesse trazido o idiota do Ariam ou o Sonroc podia estar entretido.

- Podes dizer alguma coisa e PARAR DE SER UM ATRASO DE VIDA! - Grito na cara dela fazendo com que ela se encolha mais.

- Atrás de ti! - sussurra ela apontando para algo com os olhos cheios de medo.

O QUE RAIO PODE TER ATRÁS DE MIM ...

Eu nunca mais reclamo do meu azar, aterro num lugar vazio com uma colega que parece um fantasma mudo e ainda por cima tenho de sobreviver a uma Tempestade de areia. Só podem estar a gozar comigo.

- ARES! Esta é uma boa altura para teres uma ideia! - Falo enquanto pego na mão dela e tento correr de volta até ao jato.

- Dominic não!!!! Estamos a uma hora de caminhada do jato, não vamos chegar lá a tempo, a melhor maneira de escaparmos é montar um acampamento improvisado com a tua capa preta! - finalmente ela disse algo enquanto rifava fora a minha capa.

Pegamos na capa e a abrimos toda transformando-a num pano grande o suficiente para caber duas pessoas debaixo dele. Por sorte tínhamos trazido tubos de ferro para nos fazer de bengala e apoio ao caminhar pela areia e por isso os usamos como pilares. Após 3 minutos estávamos os dois debaixo da tenda à espera da tempestade de areia, o único mal é que tínhamos de estar os dois colados um ao outro.

- Dá para não pisares no meu pé! - reclamava ela não parando quieta.

- Não não dá, porque se for essa a maneira de ficares quieta então eu vou continuar a calcar-te.

- Tu és chato. Reclamaste de tudo durante o caminho todo. Se uma pessoa não quiser falar não fala. - disse-me ela movendo-se mais um pouco acabando por fim por cair no meu colo.

- Tanta coisa para acabares assim Ares!Tens a noção que estamos sozinhos no meio de um deserto por causa de um segredo qualquer da tua mãe que também envolve o meu irmão, ou seja, nós os dois estamos ligados de alguma maneira a isto tudo.

- Sim eu sei Dominic!

- ENTÃO FALA COMIGO MULHER! Que coisa, até parece que eu te vou comer feito bicho papão. Tens medo de mim?

- Não não tenho mas foste tu que me arrastas-te para aqui, eu não pedi para vir, eu não pedi para estar no meio desta tempestade de areia.

- Vais me dizer que a culpa é minha agora?!

Ela não me volta a responder, simplesmente põe-se a olhar para a capa à espera que ela pare de abanar, e que a tempestade passe. Não sei se foi pela demora e pela falta de sono ou se foi pelo facto de ela estar quente mas eu adormeci deitado nas costas dela.

.

.

.

Dominic acorda tens de ver isto! - ouço a Ares a chamar por mim ao mesmo tempo que abana o meu ombro.

- A tempestade já passou .

- E deixou-nos uma uma prenda!!!- disse ela saindo da tenda improvisada.

Mal ela saiu uma luz forte entrou na tenda improvisada fazendo com que eu tivesse que fechar os olhos por um segundo enquanto me levantava e saía.

Já cá fora eu abri os olhos e vi a Ares plantada à minha frente sorrindo feito doida.

- Estás te a rir do que Ouriço?!

- Não me chames Ouriço! e olha para trás - Quando ela disse para eu olhar para trás eu pensava que ela ia pregar-me uma partida qualquer ou gozar comigo mas depois eu reparei naquilo que ela me queria me mostrar e era um milagre.

A Tempestade de areia tinha movido as dunas e ao fazer isso milhares de pedras ficaram à vista sobre a areia semeadas por um extenso caminho. O jato realmente nos levou ao lugar certo e nenhum de nós deu por ela. A Ares passa por mim a correr e eu a segui com o olhar e foi aí que me apercebi que ela se dirigia à casa da foto. Não perdi tempo e fui a correr ter com ela.

- O Oásis à volta da casa pode ter morrido, mas pelo simples facto de a areia ter coberto tudo, algumas coisas foram preservadas ou seja ao desenterrar a casa teremos a chance de a ver exatamente como na foto. - disse a Ares olhando para mim

- Achas que a tua porta está lá? - perguntei sorrindo um pouco.

Decidi usar a minha esmeralda. Apontei a minha mão para o sítio da casa e limpei a minha mente. Já tinha usado muitas vezes a esmeralda preta e por isso já a conseguia controlar.

Senti uma rajada de vento à minha volta e a cada vez que eu mais pensava na casa e na foto e eu tudo mais a força do vento aumentava. Abri os olhos e vi um tornado de areia à minha frente que começava a se dispersar dando visão para a casa perfeitamente desenterrada.

- Vamos à procura da Porta!

Eu e a Ares falamos ao mesmo tempo convictos de que talvez ali naquele deserto exista uma pista que nos leve à verdade, uma pista que nos leve ao fim da guerra.

White EmeraldOnde histórias criam vida. Descubra agora