📌 Capítulo 13

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Louise...

Eu não conseguia me mexer, meus músculos estavam paralisados naquela mesma posição a horas, intermináveis e dolorosas horas, John ia de uma sala a outra daquela delegacia a todo momento e eu não conseguia sequer me mexer, respirar era torturante eu conseguiria descrever todo o percurso que o sangue estava fazendo para oxigenar meu corpo, mas eu não sentia mais meu coração pulsar em meu peito, a impressão que eu tinha era que ele havia sido dilacerado ao chegar naquela casa e não encontrar Felícia, que ele havia quebrado e nada além de um corpo vazio habitava aquela cadeira.

- Meu Deus, eu não sei mais o que fazer. – John estava ao meu lado, os cotovelos apoiados nos joelhos e pressionando os olhos com as duas mãos ao mesmo tempo. – Eu não sei mais a quem recorrer, pra onde ir, com quem falar. Eu preciso de uma luz! De um sinal! Qualquer coisa!

Eu ouvia o que ele dizia, mas não conseguia assimilar informação alguma, minha cabeça funcionava como nunca e ao mesmo tempo não conseguia focar em nada daquilo que estava se passando dentro dela. Eu só queria abrir meus olhos e acordar de um pesadelo, pegar minha moto e correr até Felícia e abraça-la o mais forte que eu pudesse e nunca mais a saltar. Eu queria que tudo isso fosse um pressagio e eu pudesse convence-la a sair daquela casa e nós irmos pra qualquer outro lugar com segurança. Mas não era, aquela maldita dor estava latejando dentro de mim, aquela maldita dor estava me rasgado inteira por dentro e eu só queria gritar, tanto que nem mesmo me dei conta quando passei a fazê-lo no meio daquele corredor a plenos pulmões e fui sacudida por um John completamente apavorado.

- Louise, pelo amor de Deus! Eu preciso de você garota! Volta.... Volta porque eu preciso de você, elas precisam de nós e eu já não sei mais o que fazer.

- Eu não consigo, EU NÃO CONSIGO, JOHN!!! – As lagrimas desciam mais rápido do que parecia ser possível e ardiam por todo o trajeto em meu rosto.

- Lou? Olha pra mim! – Ele suplicou também chorando. – Você gosta da Felícia?

- Eu a amo! – Ele apertava meus ombros e olhava no fundo dos meus olhos.

- Então por favor, volte a si porque eu também amo aquelas duas como minha irmã e sobrinha e eu não vou me perdoar nunca se por acaso.... – Ele engoliu em seco. – Se... Se algo pior acontecer a elas, então por favor volte e me ajude, nos ajude!

Meu estômago revirou, me soltei das mãos de John o mais rápido que pude e corri em direção ao banheiro entrando na primeira cabine que encontrei livre e despejando ali a última coisa com a qual eu havia me alimentado a muitas horas atrás. Fui até a pia lavando a boca e o rosto em seguida, minha aparência parecia ter ganho 10 anos de cansaço apenas naquelas horas. Eu não poderia ficar ali sem fazer nada, não enquanto elas estão nas mãos daquele monstro, porque eu não sei o que mais ele é capaz de fazer, mas sei que não posso mais ficar sem elas ao meu lado, eu não poderia, eu não saberia, eu não queria viver sem elas. Joguei mais um pouco de água em meu rosto e respirei fundo apoiando minhas mãos sobre a pia quando ouvi batidas na porta e meu nome sendo chamado logo em seguida.

- Eu estou bem John, já vou sair. – Comecei a secar meu rosto.

- Ok! Estou te esperando aqui fora.

Me acomodei mais uma vez naquela cadeira, encostando a cabeça na parede olhando para o teto e tentei organizar meus pensamentos.

- Louise...

- John, eu preciso organizar meus pensamentos pra conseguir saber o que fazer. – Disse enquanto matinha um dedo levantando em sinal de silencio para ele.

- Certo, vou te dar um tempo. – Ouvi seus passos se afastarem cada vez mais.

Passei as mãos pelo rosto, eu já estava exasperada, respirei fundo e levantei indo a procura de John, o encontrei na sala do delegado andando de um lado para o outro.

- Tem que ter mais alguma coisa a ser feita – Era visível o seu total desespero.

- Infelizmente já fizemos tudo o que está ao nosso alcance Dr. Jonathan. – O homem estava sentado em sua cadeira acompanhando os passos de John com os olhos.

- Já acionaram a impressa? – Perguntei me fazendo ser percebida na entrada da sala.

- Eu já sugeri isso, mas...

- Não acho que vá nos ajudar nas investigações agora, só irá causar mais alvoroço em nossa porta. – O delegado dizia em tom calmo.

- O que o senhor espera que nós façamos? Que a gente sente ali e espere o Marcelo resolver finalmente criar bom senso e venha se entregar por todos os crimes que ele tem cometido e nos entregar Felícia e a filha? – Eu estava completamente impaciente com sua calma.

- Não é isso senhorita, ele é uma pessoa pública e espalhar isso pra impressa só vai fazer com que eles acampem na porta da delegacia. – Ele olhava pra mim e gesticulava enquanto falava.

Andei em direção a sua mesa e apoiei as duas mãos sobre ela, cuspi as palavras enquanto falava olhando em seus olhos sem ao menos piscar.

- E é exatamente por isso que vamos acionar a imprensa, quero eles na porta dessa delegacia, na sua porta, na minha e na de quem mais for preciso para que essa noticia se espalhe o mais rápido que puder e qualquer pessoa que o veja o denuncie, ou o senhor não quer que ele seja encontrado o quanto antes?

- Cla-claro que quero. – Soltou a respiração como se só agora se desse conta que estava prendendo.

- Dr. Jonathan, ligue pra todos os jornalistas que conhece, nós mesmos vamos cuidar disso. – Falei ainda sem desviar o olhar do homem sentando. – Com licença, senhor delegado.

- Fique à vontade. – Disse enquanto acenava com a cabeça e eu me retirei da sala sendo seguida por John. Soltei todo o ar dos meus pulmões de uma só vez.

- Nossa minha amiga, pra uma primeira vez enfrentando alguém nesse tipo de situação você foi esplêndida.

- É, acho que é isso que a minha mãe quer dizer com defender com unhas e dentes. Mas eu preciso de você, do meu chefe. O Dr. Jonathan jamais iria acatar o que aquele delegado falou, então por favor, esteja comigo.

- Pode deixar minha amiga, vamos salvar nossas meninas! – Nos abraçamos e logo em seguida passamos a ligar pra todo mundo que podíamos.


Acabou de ser anunciado pela policia local o sequestro de Felícia e Letícia Albuquerque, segundo informações passadas ambas estavam sendo mantidas escondidas por familiares e advogado para preservar a segurança das mesmas após agressões e tentativa de sequestro já realizada a Letícia anteriormente pelo próprio pai, o Deputado Marcelo Albuquerque depois de ter agredido a esposa, a policia divulgou também que Marcelo também estaria sendo investigado sobre uma acusação de assassinato na primeira tentativa de sequestro da filha. Ambas seguem desaparecidas, assim como o Deputado Marcelo Albuquerque, a policia confirmou informações de que seguem sem nenhum tipo de contato realizado com a família das vítimas, qualquer denúncia pode ser realizada através do 190, voltamos a qualquer momento com mais informações.


Em poucos minutos a noticia tinha se espalhado pelas emissoras de TV, internet e rádios, os telefones da delegacia passaram a tocar insistentemente e logo a entrada estava repleta de jornalistas e John iria se pronunciar sobre o caso, eu não sabia se tudo isso ia nos ajudar ou não, mas eu precisava tentar, eu acreditava que alguém pudesse reconhecer Marcelo em algum lugar por aí e denunciar, ele precisava ver que estava sendo caçado e qualquer coisa que acontecesse a Felícia ou Letícia todos iriam saber que ele era o culpado. E eu caçarei ele até meu último dia, mas encontrarei, ele e as minhas meninas.

Entre Duas LinhasOnde histórias criam vida. Descubra agora