Capítulo 4 - Grande corredor dos funcionários [Jimin]

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Eu não sei o porquê, mas tempestades me fazem sentir expectativa.

Sempre parece que algo importante vai vir depois de uma grande tempestade e, muitas vezes isso realmente acabou acontecendo.

Grandes amigos. Shows inesquecíveis. Bons contratos. Muitas coisas vieram durante ou depois de o céu cair. Isso me faz suspirar na varanda térrea do hotel.

- Aigoo que céu lindo - sorrio, alongando meus braços.

Estou cansado.
Nossa noite foi muito boa. Estamos com a música nova, o novo disco e uma viagem para os Estados Unidos em nosso schedule.

Sucesso.
Estamos cada vez mais conhecidos e alcançando tudo que sempre lutamos pra ter. Estou feliz, mas agora só quero subir e escrever um pouco pra relaxar. Começo a divagar enquanto caminho em direção ao quarto. Quando penso em escrever, hoje em dia, sinto que é algo que posso acabar fazendo mais a sério no futuro. Gosto de criar com as palvras, Nanjoon Hyung tem me ajudado nisso. Ele é muito bom com as palavras...

De repente, me dou conta de que não sei onde estou. Isso sempre acontece comigo. Me perco em pensamentos e então me perco de verdade. Parece que estou numa das áreas fechadas para funcionários do hotel. Reviro os olhos, rindo de mim mesmo, e me preparo para voltar, quando escuto uma voz conhecida de garota.

E não de qualquer garota. Aquela que definitivamente eu não esperava e nem desejava ver. Complicado demais.

Jeongyeon vem vindo com seus fones de ouvido no máximo, posso escutá-los de onde estou escondido como um bebê chorão.

Como ela consegue cantar desse jeito sem ouvir a própria voz? Sem retorno? Ela é uma das minhas cantoras favoritas. A melhor no grupo dela... Ela alcança notas incríveis e tem um tom de voz único... Não que eu realmente vá admitir isso pra alguém algum dia.

A cada passo que ela dá e se aproxima, sinto minha respiração ficar mais curta e meu coração acelerar. Vejo que, sem mais nem menos, ela suspira e se senta no chão, com duas caixas de pizza na mão. Essa menina é tão estranha.

O que devo dizer a ela? Como vou explicar que não estou aqui para segui-la e sim porque sou uma topeira distraída que se perde por aí? E se ela me entender mal? Pensar que estou interessado nela? E se alguém nos vir aqui juntos?

Por que estou agindo assim?

Sou um homem e não um menininho assustado. Não preciso me esconder. Não devo nada a Yoo Jeongyeon. Somos adultos e já resolvemos nossas questões, dois anos atrás. Bem, mais ou menos. Mas, não preciso ter medo ou ficar ansioso.

Respiro fundo, me recompondo.

Coragem Jimin!

É só uma garota. A garota mais assustadora de toda a Coreia... Talvez de todo o mundo. Saio do meu esconderijo para ir em sua direção. Preciso cumprimenta-la. Se ela me ver de longe indo na direção oposta a ela, vai ser muito estranho pra explicar, não é?

Nesse momento, escuto um trovão bem forte e tudo fica escuro. A tempestade está aumentando.

Jeongyeon.

Não consigo enxergar um palmo a minha frente, mas ainda posso voltar por onde vim e ela nunca vai saber que estivemos aqui juntos nesse corredor. Sem complicações. Sem drama. Mas, ela estará segura?

- Jeongyeon? - ouço minha própria voz chamar por ela, não conseguindo me conter.

- O que eu faço? Agora estou ficando maluca de vez - ela responde rindo, depois do que pareceram ser anos em silêncio - Esse hotel não tem um gera... - seu corpo se choca contra o meu no escuro. - MAS QUE MER...

- Shhhhhh - a silencio antes que comece a gritar e chame atenção pra nós nesse corredor vazio e escuro. Ninguém vai acreditar que somos inocentes em uma situação como essa. E não precisamos de mais boatos com nossos nomes, as pessoas já inventam toda sorte de histórias.
Ela está quieta. Sua respiração estranha. - Jeongyeon, você está bem? Pensei que tinha me ouvido chamá-la.

Silêncio. Ela não respira mais.

- Você ainda está aqui? - tento quebrar o gelo. Ela está bem? Eu deveria tocar nela? Eu poderia fazer isso? É seguro pra nós dois? - hey Jeong! Você está bem? Por que não responde? Está machucada?

Don't think I would just forget about it
Hoping that you won't forget.

Os fones estão altos.
Reconheço a música e é quase irônico o trecho dela que toca nesse exato momento. Por que justo agora? Eu estava em paz. Estava indo pro meu quarto escrever. Mas agora esta menina esta na minha frente, de novo. E mais uma vez não sei o que fazer com ela... Só sei que ela me faz pensar em tudo que poderia, mas que não deveria fazer.

- As pizzas cairam! - ela diz de repente. E meu esforço para não rir fracassa grandemente  - Jimin! - ela diz meu nome, depois de tanto tempo.

Seu tom de repreensão maternal me faz lembrar uma das razões pra ficar longe. Eu adoro isso nela, esse jeito de mãe. E o fato de ela ser doida me deixa doido.

- Meu celular! - ela se lembra do aparelho e de repente uma luz atinge meus olhos, me cegando - Ai meu Deus! É você mesmo... Quer... Quero dizer... Me desculpe sunbae eu... Não queria - agora ela se lembra dos honoríficos. Seguro seu pulso e uma corrente elétrica atravessa meu corpo. Ela estremece e a culpa me atinge. Ela sentiu também. Não posso me aproximar dela.

- Me desculpe - digo tentando manter um tom relaxado e divertido - mas sua lanterna esta me deixando cego.

- Me desculpe sunbae - ela ilumina o chão - eu... Vou iluminar o caminho para sairmos daqui. Eu só preciso ver... - ela se vira, posso ver agora um pouco melhor que meus olhos se acostumam e com a ajuda da luz do celular - ai coitadinhas das minhas meninas. Metade de uma pizza caiu no chão. Será que ela perceberiam se eu...?

Ela só pode estar brincando.

- Sujei o chão - ela continua falando sem parar - quando a luz voltar, vou vir me desculpar com a equipe de limpeza.

- Jeongyeon...

- Não deve demorar muito - ela fecha as caixas de pizza, por sorte sem colocar os pedaços que cairam no chão de volta na caixa - um hotel como esse precisa ter um gerador certo? Não vai demorar...

- Jeongyeon...

- Eu já terminei - diz soando nervosa - podemos ir agora.

Ela passa por mim, iluminando o caminho, e mais uma vez perco o controle dos meus movimentos. Seguro seu pulso, puxando-a de leve para se virar pra mim. A lanterna do celular acaba virando em direção aos nossos rostos, nos iliminando como se fossemos contar uma história de terror.

Me sinto mesmo aterrorizado.

- Não faça isso - ela aperta os olhos, para então abri-los, brilhantes com as lágrimas - Não quero fazer isso Jimi... Sunbae.

Eu também não, penso. E o celular se apaga, descarregado.

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Nota da autora:

Oiiiiii gente linda 😄
Obrigada de coração pelos comentários e leituras! Me incentivam muito. Espero que a história continue a ser tão legal pra vocês como tem sido pra mim escreve-la.

Até a próxima 🙋

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