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O sol da manhã já invadia o quarto de Maria Boop. Ela sentiu o toque do primeiro raio de sol, sorriu feliz por ter acordado mais um dia e agradeceu por isso. Se espreguiçou e se levantou, foi até o banheiro e tomou um relaxante banho. Quando já estava com o uniforme do colégio Santa Maria, pegou suas coisas e desceu as grandes escadas de mármore. Sentiu o cheiro do café que Angélica, empregada da família, estava preparando.

— Bom dia — cantarolou a garota dando um leve beijo na bochecha gordinha da tão conhecida Angélica.

— A minha menina — falou secando as mãos em um pano e passando a mão nos cabelos castanhos claros de Maria.

— Onde está papai?— perguntou pegando um pequeno pão de queijo.

— Aqui! — exclamou o pai descendo as escadas como se fosse a pessoa mais importante do mundo. Era um homem muito bonito o senhor Miguel Boop, tinha já seus cabelos grisalhos no meio do castanho de quando era jovem, tinha as linhas de expressão embaixo dos olhos, e um sorriso tímido porém encantador, maria sempre disse pra ele sorrir mais.

Ele deu um beijo na testa da filha e se sentou ao seu lado, aceitou o café de Angélica e deu uma piscadela para filha antes de se mergulhar nas notícias do dia. Logo em seguida a deslumbrante socialite Anastacia Boop desceu as escadas com seu robe enquanto fofoca no telefone. Ela sentou e ganhou um mamão da Angélica, sorriu agradecendo e lançou um beijo pra filha que já estava levantando.

Angélica ficou insistindo para ela comer algo, mas tinha combinado com Catarina, deu um beijo nos pais e logo saiu, sorrindo ao ver os dois de mãos dadas enquanto faziam suas atividades matinais. Nada.

Aquela era a manhã dos Boop, eles se juntavam na mesa do café, o pai como um publicitário comum lendo o jornal e vendo as notícias do dia, a mãe como uma socialite vendo as fofocas do dia, mesmo sendo tão diferentes o amor dele era algo em que Maria se espelhava. E pensando nisso foi caminhando para o parque do Ibirapuera onde encontraria a amiga Catarina.

Ela sabia que sua vida seria o padrão da vida de seus pais, uma casa boa e grande, um marido trabalhador e amoroso e claro um ou dois filhos no máximo.

Ela já tinha Davi Botler, que tinha uma família semelhante a dela, no mesmo padrão. A diferença era que o pai de Davi era pastor, então, mesmo Maria sendo uma garota bem

tranquila, a criação foi bem diferente. Mas ela era feliz com ele, sabia que era o caminho certo a seguir.

O que mais destoa na vida dela era a garota de cabelos vermelhos alaranjados que estava sentada a uns metros dela olhando a bumba de todos os caras que passavam por ali. Catarina Martins, sua melhor amiga desde que se lembra, era o oposto de tudo, só queria ir pra festas e curtir a noite paulistana, seus pais eram ricos e bancavam a vida dela.

— Eu quero ver o que você vai fazer se algum deles um dia se virar — perguntou Maria se sentando ao lado dela.

— Simples, mostrar meu decote — brincou olhando pra amiga e mostrando o decote do uniforme.

Maria revirou os olhos e elas logo foram pro destino, o vício matinal de Catarina, Vista Café Ibirapuera, elas caminharam e conversaram sobre o final de semana. Catarina foi para um festival de música eletrônica e ficou com uns 3 DJ's, e Maria ficou na casa de Davi, ele tinha um evento na igreja e ela o acompanhou como a boa namorada que é.

— Então? Depois da igreja, foram pra onde?

— Restaurante do Henrique Fogaça, foi legal!

— Eu quero saber se vocês finalmente dormiram juntos — perguntou a garota encarando um garoto que retribuiu o olhar.

— Você sabe que isso não vai acontecer até o casamento, a gente comb...

— Ele combinou, você não acredita nem e religião.

— Mas acredito em Deus, e acho legal isso de só dormir junto depois do casamento — afirmou abrindo a porta da cafeteria para Catarina entrar fazendo uma expressão de "eca".

Maria nem se importou, já estava tão acostumada... Mas era verdade, ela não tinha se recusado a nada, por ela já teria dormido com Davi, sabia que ele era o certo. Mas era uma escolha dele, mas ela iria respeitar, amava ele. Catarina estava falando algo e Maria voltou sua atenção pra ela.

— O que ? — perguntou andando um pouco com a fila. Eram as próximas.

— Estou dizendo que sua vida não vai seguir o padrãozinho para sempre.

— Está bem Cat — concordou sem dar importância — O que vai querer?— perguntou colocando seu livro no balcão e pegando o menu.

— O atendente — respondeu ronronando, ela fazia isso sempre via alguém bonito, Maria levantou o olhar e viu um rapaz muito bonito fazendo o café, ela não conseguiu ver o rosto mas ele tinha cabelos em um tom loiro escuro, um corpo bonito até e era razoavelmente forte. Ela respirou e voltou sua atenção para o menu.

— Bom dia, garotas — cumprimentou, Maria percebeu que era americano pelo sotaque. — O que vão querer ?

— Seu telefone no meu Frappe — falou Catarina.

Maria levantou o olhar reprovando a atitude da amiga, olhou para o rapaz e simplesmente travou, ele era lindo, tinha uma pele delicada e expressões suaves, os olhos eram de um tom de avelã. Ela ficou encarando o rapaz que olhava assanhado para Catarina.

— E você, o que deseja? — perguntou desafinando um pouco a voz quando quando olhou para ela, o sorriso que ele tinha para Catarina era diferente, ele analisava todos os detalhes dela, até a mancha verde em seus olhos caramelos ele reparou.

— Cappuccino — pediu virando o rosto para Catarina que sorria pra ela.

Elas foram para o outro lado esperar seus pedidos, Catarina a olhava com um sorriso brincalhão no rosto, Maria estava evitando ela e o garoto. Não sabia o que tinha acontecido, nunca tinha flertado assim com outra pessoa além de Davi. Ele entregou os pedidos ainda olhando para Maria, que agradeceu sem olhar pra ele e caminhou até a entrada da cafeteria.

— Olha! — avisou Catarina apontando para o copo dela

A garota que já estava perto da porta olhou pro copo e lá tinha o numero dele e assinado "M". Maria respirou fundo e olhou pra ele, que ignorava um cliente e a olhava. Bem lentamente ela sorriu pra ele e jogou o copo no lixo e saiu de lá, com uma sensação estranha.

Uma coisa Catarina tinha razão, a vida dela não seguiria sempre o padrão, e ao pensar nisso ela deu um leve sorriso olhando para a cafeteria



Notas Finais

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