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Maria não disse nada apenas o deu seu colo e esperou ele se livrar de tudo que precisava. Quando estava mais calmo perceberam aproximação de Diego.

— Oi — falou sem olhar para eles — Ela está fazendo almoço — avisou gesticulando para casa atrás deles — Se você quer saber, quando minha avó morreu ela contou a verdade, contou que Sebastião o levou embora e o deu a um casal qualquer. Ela te procurou, procurou por tanto tempo e quando percebeu que não ia conseguir te encontrar sozinho, ela adoeceu.

— O que ela tem ? — Maria perguntou, olhando para ele.

— Quase tudo — respondeu dando um riso de sarcasmo — Diabetes, pressão alta, problema de coração. Ela tem 36 anos e está completamente acabada.

— Eu sinto muito — sussurrou Matthew, sem olhar para o irmão.

— Não se preocupe, ver você e saber que você está vivo a deixou bem feliz — afirmou se aproximando dele e dando dois tapinhas nas costas dele, tinha um sorriso sincero se formando no rosto. — Irmão!

— Precisamos ir — avisou Matthew se levantando do sofá — Por favor, vão me visitar em São Paulo.

Depois de entender um pouco melhor a situação, eles tiveram um agradável almoço, conversaram sobre tudo e foi um ótimo momentos para Matthew e a família que acabara de conhecer.

Eles trocaram contatos e prometeram se visitar de novo. Tudo estava bem, mais Matthew parecia distante e abalado.

— Matt, você está bem ? — perguntou Maria olhando para ele que dirigia todo rígido.

— Sim — respondeu de maneira seca e cortando todo clima para conversar — Vou parar com a faculdade — avisou depois de um tempo.

— NÃO — Maria grito exaltada — Matthew, por que ? Você não pode parar, está quase terminando.

— Maria, eu preciso ajudar Odete, ela é minha mãe e devo isso a ela, acima de tudo. — respondeu sem olhar para ela, se focava apenas na estrada à sua frente — Se eu trancar a faculdade posso tentar voltar para o Vista e conseguir outro emprego a noite.

—Não Matthew! — exclamou, ela estava vermelha e quase chorava, sabia que ele ia fazer isso e sabia que o sonho dele era terminar a faculdade, era triste.

— Não tem outra solução!

— Tem sim — afirmou, ela sabia o que poderia fazer — Eu te ajudo, tenho um bom dinheiro guardado e...

Matthew freou o carro com tudo, se ela não tivesse de cinto teria se machucado.

— Matthew — reclamou arrumando os cabelos.

— Você está me oferecendo dinheiro ? — indagou olhando para ela, Matthew estava com um olhar raivoso, Maria nunca o tinha visto assim, estava assustada.

Eles estavam no acostamento.

— Matt, eu não vou ver você desistir do teu sonho, não vou ficar de mão atadas se posso fazer alguma coisa.

— Não é ajuda, é esmola — brandou passando as mãos pelos cabelos.

— Eu quero ajudar — explicou tentando conter o choro.

— Então não se envolva — ordenou, Matthew pareceu se arrepender do que falou no mesmo segundo.

— Eu estou envolvida — lembrou cruzando os braços e abraçando os joelhos como uma criança assustada.

Ela olhou para fora, para o pôr do sol e não conseguiu segurar as lágrimas, o choro a dominou. Tinha tanta coisa guardada, que não conseguiu se controlar.

— É por isso que não dariamos certo, somos tão diferentes — comentou Matthew repousando a cabeça no volante e encarando os próprios pés.

— As diferenças são boas, elas nos completam — Maria começou a falar, ainda focada para além da janela — Mas me deixam longe de você — ela parou para pensar e solto um doloroso riso solitário — Na verdade teu orgulho me deixa longe de você !

— Maria...

Ela o olhou, e aquele olhar quebrou o coração de Matthew. Ele a amava e vê-la daquele jeito o machucou.

— Sei que acha que mereço coisa melhor e que é assim que tem que ser, teu plano está feito e meu destino traçado — Maria tomou fôlego e enxugou algumas lágrimas que inundavam o topo de seu joelho — Mas você nunca foi de seguir regras e eu adoraria quebrar essa.

Os dois ficaram em silêncio, a cabeça dela estava apoiada no próprio joelho e as lágrimas caiam nele, a dele estava apoiada no volante e suas lagrimas caiam no assoalho do carro. Mal conseguiam respirar.

— Sei que e errado ninguém consegue ir contra o destino, mas isso não deixa que eu me afaste, isso está crescendo acho que isso é o que chamam... — ela se interrompeu, baixou o olhar e respirou fundo, tomando coragem olhou no fundo dos olhos caramelos dele. — Chamam de amor! Eu te amo Matthew.

Matthew a olhou levemente boquiaberto, não sabia como reagir aquilo. Até ela própria não sabia o que fazer, ainda estava meio atordoada por tudo que falou.

— Eu te amo Maria — assumiu Matthew soltando um primeiro sorriso depois de muito tempo.

Maria sorriu e respirou aliviada, Matthew se aproximou dela e colocou a mão em seu rosto.

— Posso? — perguntou sem conseguir tirar o sorriso do rosto

— Por favor ! — suplicou em uma arfada.

Matthew sorriu ainda mas e selou o lábio dos dois. Ali naquele momento eles selavam um novo pacto e um novo tempo. Tudo novo e tudo diferente, menos, é claro, esse amor. 

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