XXVIII

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Matthew saiu da cafeteria com três cafés no suporte, precisou apenas atravessar a rua e já estava entrando no próprio escritório da construtora.

Era a antiga sorveteria que ele ia com Maria, estar naquele lugar todo dia, mesmo reformado, dava um confronto para ele, como se tivesse um pedacinho dela. O lugar tinha perdido as cores coloridas e recebeu tons pastéis e alguns outros detalhes da arquitetura. Logo que abria a dupla porta de vidro se via a recepção, que era a primeiro ponto para entrar nas salas dos arquitetos, no caso Matthew e Diego, a sala de reunião, a cozinha e a sala dos projetos.

Assim que Matthew entrou viu Diego empoleirado na mesa da recepcionista, Laura Castro, uma jovem que estudava arquitetura, era de uma altura mediana, a pele era dourada e os cabelos eram na altura do ombro com um ombré hair loiro e castanho. Matthew revirou os olhos para cena que via.

Antes de Diego, ela viu Matthew entrando — Bom dia Senhor Espinosa — cumprimentou se arrumando na cadeira, o moreno na frente dela apenas virou o rosto para olhá-lo mas não saiu do lugar.

— Bom dia Laura— retribuiu entregando um café para ela, que agradeceu com um simpático sorriso.

— O Senhor Sanches vem hoje às 16h para conversar sobre outra loja da rede Mcdonald's. — avisou entregando alguns alvarás de outro projeto para Matthew dar uma olhada.

— Odeio esse cara, ele sempre quer uma coisa nova. A gente sempre faz uma coisa nova e ele decide que quer o comum — reclamou Diego finalmente se levantando.

— Concordo, mas ele é nosso maior cliente. — lembrou o mais velho assinando os papéis e entregando para Laura. Ele olhou para Diego e entregou o café do irmão, os dois começaram a andar para dentro do lugar, passando pela cozinha e indo até a sala de Matthew que era no final do corredor.

— Alguma novidade do contrato do Vista ? — Diego quis saber se sentando na cadeira na frente da mesa do irmão.

— Sim, vou lá amanhã entregar a proposta — avisou lembrando do antigo trabalho.

Eles ouviram duas batidas na porta e Laura colocou a cabeça para dentro. — Com licença — pediu entrando na sala — Daniel Teixeira, um jornalista do Estadão gostaria de uma breve entrevista sobre o prédio multicultural que vai ser construído no lugar daquele antigo albergue no centro da cidade.

— Pede para ele enviar as perguntas por e-mail que respondo hoje mesmo.

— Okay — respondeu a jovem.

Matthew olhava para seu computador, mas quando levantou o olhar viu que Diego encarava de maneira sugestiva a funcionária, que sorria tentadoramente para ele. Quando ela saiu o mais novo continuou olhando até ela fechar a porta, assim ele se virou e encarou o irmão que o olhava sério.

— Você consegue se controlar ? — indagou levemente irritado, Matthew sabia que os dois já tinham saído algumas vezes, mas que não foi nada sério. Não via problema nisso, mas tanto flerte poderia atrapalhar.

— Qual é ? Não tem nada demais — lembrou se inclinando para mesa dele e apoiando os braços no vidro — Sabe que a gente só sai às vezes.

— Diego, qual a graça nisso?

— Olha a culpa não é minha se você decidiu se abster de todas e quaisquer atividades sociais. — assumiu ganhando a atenção do irmão — Cara, você tem que sair e viver, já se passaram 5 longos anos — lembrou fazendo um tom entediado — Vamos sair, viver.

— Diego, não começa — suplicou fechando os olhos e esfregando a testa.

— Okay, eu sei que você ainda ama Maria e blá blá blá — resmungou batucando a mesa — Então por que deixou ela ?

Matthew levantou a cabeça para o moreno a sua frente como se ele tivesse falado a pior coisa do mundo, percebendo o que fez ele levantou os braços em sinal de rendição.

— Não me mate — implorou revirando os olhos — Sei de toda essa baboseira de " Era melhor para ela... Não fazia parte do mundo dela... Só fiz ela sofrer" — Diego imitou a voz do irmão nas últimas frases, quando ele não riu revirou os olhos de novo e continuou — Mas adivinha, agora você faz parte do mundo dela. Você tem seu próprio e lucrativo negócio e pode estar ao nível dela.

— Tenho que fazer muitos McDonald's para estar ao nível dela — sussurrou respirando fundo e olhando para o teto — Você não entende, nunca sentiu algo assim, nunca foi uma ficada qualquer, era...era...

— Se você falar amor eu vomito — avisou apontando o indicador para ele — Só estou falando que vocês poderiam ter outra chance, aquele artigo dela sobre amor indica que ela ainda está apaixonada e pode ser por você...

— Já disse para parar de mexer nas minhas coisas. — grunhiu entre dentes.

— Que seja — bufou se levantando — Eu sei que você ainda a ama e sei que fez o que fez nas melhores intenções, tenta ter a chance de contar isso para ela. De contar a verdade e mostrar que a ama. Eca — ele fingiu que ia vomitar — Depois de 5 anos você ainda a ama — ele tinha a cara de desentendido como se aquilo fosse o pior problema de matemática do mundo.

— Saia daqui — ordenou virando a cadeira para parede atrás dele.

Ele ouviu a porta abrindo e fechando, ouviu também Diego dizendo alguma coisa e Laura rindo.

Sabia que Diego tinha razão, devia algumas respostas para Maria, mas tinha medo de machucá-la ainda mais e não conseguia suportar a ideia de fazer isso com ela de novo, então a melhor solução era ficar longe e apenas viver com as maravilhosas lembranças que tinha dela. Viver pensando no amor da sua vida.

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