XIV

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A vida estava boa, pelo menos no ponto de vista de Maria. Eles se encontravam todo dia, ou antes dela entrar na escola, ou depois dela sair ou até a noite, quando os pais dela dormiam. Se sentia feliz e completa, mesmo sendo algo escondido era bom e perfeito daquele jeitinho bagunçado.

Mas para Matthew as coisas estavam erradas, a cada dia que ele se aproximava mais da vida dela e a cada dia que se apaixonava ainda mais, sentia que estava fazendo tudo errado, conseguia ver com uma clareza absurda que não pertencia àquele mundo e que não era bom o suficiente para ela, não era a altura daquela vida.

Naquele fatídico dia Maria tinha acordado achando que algo estava estranho, sentia o tempo é tudo mudando, porém sua inocência é sua paixão falaram mais alto é no momento que viu Matthew entrando escondido por sua sacada tudo sumiu é apenas um sorriso se instalou em seu delicado rosto.

Matthew sabia o que deveria é o que tinha ido fazer, mas ao ver aquele sorriso esqueceu de tudo, sabia que suas próximas ações iriam fazer dele um cafajeste, era possível Maria nunca mais o perdoar, porém ele não teve como se controlar, assim que entregou o quarto dela a segurou em seus braços e selou aqueles lábios com um beijo, para ela apenas um beijo quente e intenso, para ele o beijo de despedida.

Maria retribuiu o beijo e cruzou seus braços na nuca de Matthew, dando uns passos para trás os dois acabaram na cama, a jovem que já estava apenas de camiseta, rapidamente se livrou dela e começou ajudar ele a se despir, tirou o shorts jeans bege que usava e esperou ele tirar a camisa.

O garoto se deitou em cima dela, que o abraçou e puxou para ainda mais perto, ele beijava seu pescoço e alisava a perna dela, enquanto ela gemia bem baixinho no ouvido dele enquanto acarinhava a nuca e os cabelos dele.

Naquele pequeno momento não pensaram em nada, em nenhum problema, absolutamente nada passou na cabeça deles, apenas o como aquilo era bom e até que certo.

Quando terminaram deitaram um do lado do outro, Maria sorria e Matthew apenas olhava para frente, não conseguia olhar naqueles doce olhos com manchas verdes, ela tentou se aninhar em seu peito ainda nu, o garoto sabia que tinha que agir logo antes que a coragem sumisse, se levantou com tudo até fazendo ela tombar para o lado.

— Matt — reclamou dando uma risada.

— Maria, a gente tem que conversar — avisou se vestindo.

— Okay, mas por que está se trocando ? — indagou vestindo a camiseta que estava antes. — Não vai dormir aqui ?

— Não — afirmou sentindo um nó se formar na garganta, ele olhou para ela mas não conseguiu dizer nada, sentiu o corpo tremendo e as mãos suando, se virou para penteadeira dela, colocou às mãos sob a madeira fria, de olhos fechados começou a contar, sentía às lágrimas chegando e não podia deixar isso acontecer.

— Matthew — chamou baixinho, ele abriu os olhos e a viu sentada na ponta da cama esperando algo dele — Está tudo bem ?

— Não — conseguiu dizer com muito sufoco. — Maria, a gente tem que terminar — concluiu com muito esforço e ainda sem olhar para ela, viu pelo reflexo que ela se chocou, ficou sem reação.

Ela não queria estar escutando aquilo, não podia ser verdade, não tinha motivo para ele querer aquilo. Segurou com força o edredom que estava mal estendido na cama, tentou controlar todos seus sentimentos, estava descontando os gritos e a frustração naquele tecido.

— Posso saber o motivo ? — perguntou engolindo todo choro, pelo menos tentou, à voz entregou o real estado dela e Matthew se virou, tinha os olhos molhados.

— É o certo, não devemos ficar juntos — anunciou com um pesar na voz. — Me desculpe. — ele tentou sair dali mas ela não deixou, se levantou rapidamente, às lágrimas já tinham dominado o rosto dela e a dor estava nítida.

— Como você pode fazer isso ? — questionou empurrando ele de volta para o quarto. — Eu não sou boa o suficiente para você?

— É ao contrário, eu não sou bom para você — disse se desviando dela. — Eu não tenho condições de te dar nada disso — ele pegou um enfeite que parecia de cristal. — Você entende? eu não posso te dar algo assim. — ela pegou o enfeite na mão, estava tremendo.

— Que se dane — xingou jogando o enfeite no chão — Eu não quero nada disso — esbravejou aumentando o tom de voz.

— Maria, seus pais — lembrou.

— Eu não me importo — respondeu — Eu quero isso — suplicou indo até ele e tocando nele todo — Eu nós.

Matthew olhavam para ela com muita dificuldade, estava sentindo a mesma dor que ela, era a pior coisa do mundo olha-lá daquele jeito, sofrendo, com o rosto todo molhado e tremendo de tanto sofrimento. Ele queria gritar, queria quebrar tudo, queria pegá-la para ele, fazer os dois sumirem dali.

Maria agarrou Matthew e o abraçou apertado, soluçava encostada em teu peito, não poderia perder aquele abraço, mas ele já tinha tomado a decisão que achava correta. mordendo a língua para não chorar, ele a segurou pelos braços e afastou dele.

—Eu sinto muito — implorou a soltando — É o melhor para gente. — ele se virou e voltou a caminhar para sacada, iria sair por onde entrou.

— Se você for, não vai ter mais volta — avisou encarando as costas dele.

Ela pensou ter encontrado o ponto fraco dele, viu ele hesitando em sair, respirando e contando, mas logo fez seu caminho e sumiu na noite. Maria caiu em seu tapete e não teve forças para sair dali, só conseguia chorar. Matthew acelerava a moto e gritava o mais alto que conseguia, queria tirar tudo aquilo de dentro de seu peito.

Com um gritou ou um choro, o universo escutava aqueles pedidos de socorro.

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