II

2 1 1
                                    


Ela conseguiu fingir que não ficou pensando naquele garoto por boa parte do primeiro período. Assim que chegou na escola Davi estava lá, com alguns amigos do time de futebol, Cameron, Hayes, Taylor, Nash . Ela e Catarina, se juntaram a eles. Catarina já grudou no pescoço de Hayes, teriam que jogar água nos dois para separar, já Maria teve que aguentar histórias sobre futebol todo caminho até a sala de aula. Mas estava distraída pensando no rapaz da cafeteria.

— Maria ? — Chamou Davi, antes de entrarem na sala. Eles tinham as duas primeiras aulas juntos. — Está tudo bem? — continuou quando ela olhou para ele sorrindo e conseguindo disfarçar.

— Claro, Davi. Porque não estaria ? — perguntou retoricamente. deu um leve beijo na bochecha dele e entrou pra sala.


A primeira aula era de Geografia, depois tinha a aula de Sociologia, a aula que separava Maria de Davi, era Inglês, como a garota nasceu e viveu a maior parte da infância no Estados Unidos, então seu inglês era fluente e por experiência a professora solicitou que ela saísse das aulas, não aguentava mais ser corrigida pela garota. Então Maria tinha aulas de inglês particulares e ao invés de fazer inglês na escola optou por ter uma aula a mais de português, sempre sonhou em ser uma grande jornalista e sabia que um reforço na matéria iria ajudar. Logo depois dessa aula era o primeiro intervalo deles.

Maria estava bem longe da sala de Davi, e sabia onde encontrar o namorado e ocasionalmente Catarina, no campo. Passou no seu armário antes de ir até lá, pegou uma maçã que tinha levado, deixou os livros e se preparou para mais alguns minutos de futebol.

Já estava bem perto do campo, um " psiu" atrás da arquibancada chamou sua atenção. Ao ver o dono sua maçã caiu, ela estava boquiaberta. Era ele, o menino da cafeteria.

— O que você está fazendo aqui ? Por que está aqui ? Como está aqui ? Quem é você?

— Ei, calma está bem — pediu com um sorriso no rosto. — Sou Matthew Espinosa e vim devolver seu livro — Avisou entregando um versão de Dom Casmurro já surrado.

— Como me achou ? — perguntou aceitando o livro

— Uniforme — apontou para o brasão no peito dela.

Ela olhou pro brasão e depois voltou seu olhar para ele, ele sustentou o olhar dela. Os olhos dele eram de um mel bem semelhante com o dela, ele sorria não apenas com os lábios, mas com os olhos. Ao ver o brilho no olhar dele ela involuntariamente abriu um sorriso, delicado mas sincero. Ela queria falar algo, pedir pra ele sair, ou até pedir pra ele ficar, mas não conseguia achar sua voz. Até que alguém a ajudou.

— Maria ? — Davi chamou encostando a mão no ombro dela. A garota se assustou, deu um leve pulinho e derrubou seu livro. Antes que ela conseguisse pegar, Matthew foi mais rápido e pegou para ela.

— Obrigada — agradeceu evitando seu olhar.

— Quem é ele ? — perguntou Davi ficando um pouco sério.

— Prazer, Matthew — se apresentou estendendo a mão para Davi, que olhou com desprezo.

— Ele trabalha na Vista, deixei meu livro lá e ele veio e entregar. — explicou apressadamente.

— Como achou ela aqui ?

— Davi! — chamou Maria — Está tudo bem, ele só fez essa gentileza e já esta indo, né ? — afirmou olhando pro garoto.

— Na verdade não — respondeu cruzando os braços — Essa escola é bem legal, gostaria de conhecer melhor. — retrucou encarando Davi, que estava ficando levemente vermelho.

— Você não poderia nem estar aqui, barista. — provocou Davi. Nesse monto Maria não sabia o que fazer.

— Davi, chega. Vai pra sala por favor.

— Não vou te deixar com um cara qualquer. — avisou, apontando para Matthew, que já estava cansado daquilo. Todo dia era a mesma coisa, um mauricinho querendo ser superior a ele.

—Davi!

— Olha, já deu por hoje — começou roubando o olhar perdido de Maria e o olhar irritado de Davi — Só vim entregar seu livro, Maria né? — perguntou já sabendo a resposta, ela concordou — Fiz meu dever do dia e acho que posso conhecer a escola outro dia.


Nem Maria, nem Davi responderam. Ele riu e continuou.

— Pode me mostrar a saída ? — perguntou colocando a mão no braço de Maria. Aquele toque arrepiou ela todinha.

— Você consegue achar sozinha — respondeu Davi, tirando a mão dele e ficando na frente de Maria.

— Perguntei pra ela — afirmou ainda olhando para Maria.

A garota nunca tinha estado em um situação assim, não sabia muito bem o que fazer ou como agir. Nunca recusou nada que Davi propôs ou pediu, queria muito recusar e levar Matthew até a porta, mas era Davi, não iria fazer isso com ele.

— É melhor você ir embora — respondeu no momento que o sinal para retornar a sala tocou. Ele concordou com a cabeça, seu olhar era de desapontamento. Ela o olhou apenas mais uma vez e abaixou a cabeça e se dirigiu para próxima sala.

— Preciso repetir ? — perguntou Davi.


Matthew olhou bem para ele, não acreditou que uma garota delicada e angelical como Maria, está com um garoto daquele, que se achava e ainda por cima mandava nela. Ele ficou desapontado e chateado, deu mais uma encarada e tentou procurar por Maria antes de se virar e ir embora, viu ela entrando na sede da escola. Ele se virou e saiu pela parte de trás. Estava cabisbaixo mas se lembrou de uma coisa, pegou o celular e viu a foto que tinha tirado do livro de Maria e sorriu, sabendo que não seria a última chance de ver ela.


Maria ficou abalada com o que aconteceu, não largou o livro que Matthew a entregou, quando entrou na sala, folheou ele várias vezes, na esperança dele, quem sabe, ter deixado algum recado ou algo. Não encontrou nada, apenas seu nome e endereço na capa, a dedicatória de seu pai, algumas anotações que ela fazia quando achava algo interessante. Mas nada de Matthew.


As aulas passaram rápido, ela e Davi mal se falaram, decidiram fingir que aquilo não tinha acontecido. para Davi era fácil, para ela não, aquele rapaz mexeu com ela.

Eles saiam da escola às 16h, na saída os seus olhos procuravam algo, ela não percebeu mas Davi sim. O que causou uma briguinha depois. Ela recusou todos os convites dos amigos, Catarina queria ir para o parque, os meninos iriam comer em algum lugar e depois ir ao cinema, Davi convidou ela pra sua casa. Mas ela só queria ir pra casa. E conseguiu o que queria.


Chegou em casa, não tinha ninguém, Angélica já tinha ido embora, o pai estava trabalhando e a mãe devia estar fazendo compras. Tomou um banho longo, adiantou alguns trabalhos que tinha, e comeu um pedaço de bolo que Angélica deixou para ela. Assim que anoiteceu, os pais chegaram. Jantaram todos juntos, conversaram um pouco mas logo ela foi para seu quarto. Ligou a televisão e deixou em um filme que estava passando.

Ela pegou no sono no meio do filme, quando acordou, ainda, pensava em Matthew. Tinha que tirar ele da cabeça a qualquer custo.



Notas Finais

SimpleOnde histórias criam vida. Descubra agora