— Você sabe que tenho razão e que estou dizendo isso para o seu bem — dizia pela décima vez Catarina.

Maria focava na bola de futebol que Davi chutava com força contra o com de Hayes. Não queria ouvir Catarina, não queria ouvir ninguém e infelizmente sabia que tudo que a ruiva tinha dito era verdade. Ela estava desfocada, não dava atenção para amiga, para Davi e para ninguém e ao mesmo tempo que se sentia culpada não estava ligando, tinha cansado da hipocrisia e das coisas dessa vida, o modo como os pais e os amigos tratavam outras pessoas a estava deixando enjoada e passar a noite em claro com Matthew tentando achar pista sobre a mãe dele era muito melhor do que ir em algum tipo de festa ou se quer ficar perto deles.

— MARIA CUIDADO — Gritou Catarina fazendo a garota despertar de seu sonho impossível com Matthew. Uma bola vinha em sua direção.

A garota se abaixou a tempo de não ser acertada pela bola, que bateu com tudo na parede da arquibancada atrás de si. Assustada ela se levantou e olhou para os jogadores, todos estavam olhando para ela com expressões de assustados, menos Davi que apenas a olhava sério.

— Você está bem ? — perguntou ele no final do treino.

— Foi você que chutou aquela bola em mim ? — perguntou sem receio de qualquer reação de Davi.

— Você está louca? — indagou rindo e voltando a andar — Vai querer carona ?

— Davi — chamou ela irritada — Você chutou aquela bola em mim ?

— Você acha mesmo que eu faria isso ?

— não sei...

— Sabe porque não sabe ? Porque mal anda perto de mim, mal sabe o que está acontecendo comigo. — ele tinha perdido a paciência. —Só fica com aquele barista pobretão.

— Como é? — Maria estava assustada, como ele sabia disso?

— Você acha que sou idiota ? — perguntou retoricamente — Eu sei que anda vendo ele, até demais pelo que eu sei. O que você que Maria ? Quer ajudar os pobres ? Quer fazer alguma ajuda voluntária ? Na igreja tem um monte dessas coisas, por que não foca lá?

— Por que você não cala a boca ? — brandou a garota.

— Como é?

— Você me ouviu, pessoas como você tem que dobrar a língua para falar um A sobre pessoas como Matthew. Você não sabe de nada.

— Você vai realmente defender esse cara ? — questionou se aproximando dela ameaçadoramente. Mais Maria não teve medo.

— Vou — afirmou se afastando dele.

— Maria volte aqui — ordenou Davi, tinha raiva em sua voz — Eu sou seu namorado, volta aqui. — A garota parou de andar e pensou por um segundo, tocou aliança que usava em uma corrente em volta do pescoço.

— Você é meu ex-namorado — anunciou e puxando o colar o derrubou no chão.

—MARIA!

Ela pode ouvir o grito de Davi enquanto saia da escola, seus olhos estavam marejados e parecia que ela iria desmaiar ali mesmo, não estava conseguindo respirar e tremia, se sentia uns 10 quilos mais leves e bem culpada. Deixou seus pés a guiarem, sabia que eles o levariam para o lugar certo e realmente levaram, quando ela percebeu estava no Vista.

Se sentou em um banco um pouco afastado da cafeteria, ficou observando às pessoas entrando e saindo e conseguia ver alguns relances de Matthew que por um momento estava no caixa e depois saiu para limpar algumas mesas. Não sabia se ele a tinha visto, e não tinha certeza se queria dizer para ele que tinha terminado, sabia o motivo por trás dessa confissão.

Olhando para o parque e para o Vista percebeu o quão boba parecia ali, recolheu sua bolsa e se levantou esbarrando com Matthew.

— Opa desculpe — pediu ele rindo e se sentado. — Já vai embora ?

— Ahn...

— Você não deveria estar com Davi ? —questionou ele fazendo Maria travar. — Maria, está tudo bem ?

— Estou sim — respondeu mentindo.

— Por que veio aqui ?— Maria deu de ombros — Okay, precisa de algo ? — ela negou com a cabeça e ele assentiu — Eu preciso voltar para o serviço. — Ela concordou com a cabeça — Até logo — se despediu e se levantou indo para o Vista.

— Terminei com Davi — anunciou fazendo Matthew parar e se virar.

Mesmo tentando ao máximo não mostrar nenhuma reação os olhos dele estavam brilhando e um sorriso insistia em se formar no canto de sua boca, Maria olhava para uma árvore com algum tipo de flor que tinha ali, não queria olhar Matthew nos olhos.

— Eu sinto muito, você está bem ? — Ela ainda encarando a árvore concordou com a cabeça. —Maria — chamou e a garota lhe deu uma breve olhada — por que veio aqui me contar ? — essa era a pergunta que ela estava com medo.

— Não tinha para quem contar, meus pais vão odiar saber disso e Catarina provavelmente estava transando com Hayes no vestiário.

— Então eu sobrei — comentou provocando ela.

— Você não sobrou, era pra você que eu queri... Nada, bom já desabafei, agora eu preciso ir— afirmou tentando mudar o assunto.

— Okay, então...

— Manhã continua marcado — avisou antes de se virar para ir embora.

Ela se virou mas não conseguiu se mover, ficou parada tentando ordenar para seus pés saírem no lugar, mas eles não obedeciam, seu corpo não obedecia. Matthew percebeu a excitação dela, viu que algo a afligia e se levantou para ir até ela.

O rapaz se aproximou e tocou de leve no ombro de Maria, uma faísca queimou aquele toque, a garota se virou e encarou ele, eles se olhava com amor e desejo, aquilo estava quase se tornando o que eles tanto desejaram.

— Bom... Sabe, existe um site que poderíamos procurar outras informações sobre sua mãe — comentou amarrando os cabelos e fingindo que estava tudo normal.

— Você é péssima para enrolar — afirmou ele rindo e fazendo ela se emburrar e cruzar os braços, mas logo um leve riso tomou conta dela.

— Eu não estou enrolando, não sei o qu...

Ela foi interrompida, interrompida por um beijo, um beijo que se iniciou acanhado. Matthew se inclinou e a beijou, Maria no primeiro segundo continuou travada, mas depois se entregou sentiu que aquilo era certo e era maravilhoso, delicadamente ela colocou as mãos em volta do pescoço dele e o fez ficar ainda mais perto dela.

E ali no meio de várias outros desconhecidos, pessoas correndo e andando de skate e crianças gritando por que o sorvete caiu no chão, se concretizava um novo amor, sim, era amor e eles sabiam disso, sabiam que se amavam tanto quanto sabiam que o mar tinha ondas, ou que a chuva trazia consigo o arco íris. Era simples e sincero esse amor.

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