7 | Eu pulo

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[08 DE MARÇO DE 2020 — DOMINGO]

Após o meu almoço de domingo, quando o tédio ganhou força pelo início da tarde, decidi me masturbar na cama do meu quarto — ele estava trancado claro, afinal, o susto que eu levei por meu pai ter quase me visto batendo punheta em setembro do ano passado me deixou mais pre­venido. Eu havia deixado a porta aberta sem querer no dia, e, durante o barulho da fechadura, só tive tempo de puxar o primeiro lençol que vi e cobrir meu corpo da cintura para baixo, deixando o peito à mostra. Falei que estava com calor demais para meu pai.

O susto foi tão grande que eu deixei de fazer o que estava fazendo.

Hoje, por outro lado, eu terminei, e não me lembro da última vez de ter feito isso para sair tanta porra do meu pênis. Como eu me encontrava deitado na cama, parte dela pegou no meu nariz, fruto das rajadas in­tensas que me assustaram. Puta que pariu, bicho. Quando foi a última vez que eu comi um garoto? Há dois meses?

Chocado pela quantidade de sêmen, fui ao banheiro tomar um banho demorado, garantindo que todo o resíduo deixasse meu corpo.

Voltei a me deitar ao terminar e dormi por algumas horas, deixando o quarto a porta destrancada dessa vez.

Às cinco e meia, quando acordei, fui à varanda confirmar que minhas roupas do dia anterior já estavam secas — porque o punheteiro aqui havia se esquecido de pegá-las ontem mesmo —, as tirei do varal e decidi passá-las. Verifiquei meu aparelho no bolso para ver se Alec não havia me mandado mensagem, mas não tinha nenhuma.

Minha mãe me fazia companhia na sala enquanto eu usava o ferro de passar no terno macio do colégio.

— Eu estudaria nessa escola só para ter que usar esses uniformes — comentou ela, desviando seus olhos da TV não grande na nossa sala, a tigela de saladas acima do travesseiro em seu colo. Minha mãe era viciada em saladas, e metade das verduras e legumes do supermercado eram le­vadas por ela em seu carrinho de compras. — São quantos mesmo? Cin­co?

— Sim. Um para cada dia da semana, mas eu uso um a cada dois dias.

— Eu usaria um a cada uma semana.

Olhei para ela e sorri.

— Até porque aquele colégio desconhece a palavra "poeira" — concordei com ela.

— Aposto que desconhece.

— Sabia que os dormitórios são do tamanho da nossa casa? — Er­gui uma sobrancelha para Angélica. Eu, meio eufórico por conta das qua­lidades do colégio (e defeitos também, mas essa parte se devia aos fúteis alunos), acabei me esquecendo de falar sobre meu quarto. — Mesmo que três alunos o ocupem, sobre muito espaço. Aquilo não é um dormitório. É uma mini casa.

— Rapaz, eu vou fazer essa prova também. — Meu pai veio da cozi­nha com um copo de refrigerante nas mãos. — Parece que o colégio é mais confortável que aqui.

— Vamos todo mundo morar lá — os convidei, desligando o ferro ao passar o último uniforme. Olhando para a roupa, lembrei-me de algo. — Ah, não precisam me buscar no próximo final de semana, tá?

— Por quê? — questionou minha mãe.

— Vai ter uma festa para os alunos novos no sábado que vem. Uma recepção — expliquei. — Vou colocar minha roupa na mochila já, já.

— Festa, é? — Ela deu algumas garfadas na salada. Com a boca che­ia de tomate e alface, perguntou retoricamente: — Isso é uma escola ou uma faculdade?

— Estou me perguntando isso desde que cheguei lá. — Peguei meus uniformes da mesa de passar roupa. — Vou lá escolher uma roupa para a festa. Volto para guardar as coisas depois.

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