15 | Com o que você sonhou?

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— Eu sabia — sussurrou Matthew, o olhar franzido. — Eu sabia que você estava aqui.

— Sabia — concordou Alec. — Só não podia provar.

Contive um sorriso largo e afastei-me um pouco dos dois, observando o nerd conversando com o jogador de basquete metido a machão. Sinceramente, assim como aconteceu no vestiário, eu não precisava fazer nada.

— Na verdade — a voz de Alec ficou mais sensual —, você tem co­mo provar, não tem, Matthew?

O loiro crispou ainda mais o semblante.

— Se me bater... automaticamente você será expulso... — Ele me o­lhou por um período muito breve. — Os dois. ALPHA condena violência.

Era tão excitante ver o bad boy do pedaço quase que implorando pa­ra não levar uma surra de um garoto inteligente que desviava de todos os clichês adotados aos nerds.

— E quem foi que te disse que iremos te bater? — perguntou Alec retoricamente, a visão ameaçadora. — Eu só preciso que você me responda uma única pergunta, aí estará livre.

— Quem você pensa que é, Garcia? — Matthew ficou revoltado num súbito. — Um tipo de deus? Entre nós dois aqui, quem tem mais relevância no colégio sou eu.

— Não fui eu que quase perdi a bolsa de basquete por zerar a prova de Artes.

— Mas, ainda assim, você é bolsista. — Matthew me encarou. — Como o babacão aqui.

Eu não retribuí a ofensa por ter consciência de que Alec, sem precisar da minha ajuda, lidaria com a situação presente. Em todo caso, eu também estava curioso para saber qual seria a tal pergunta que ele exigiria que Matthew respondesse.

— Então — continuou o loiro, parecendo ter adquirido um tom mais sereno —, tecnicamente falando, vocês têm mais chances de serem expulsos do que eu.

Alec subiu seus óculos com o indicador — aquele seu charme maravilhoso — e sorriu para o garoto, como se tivesse esperado exatamente por isso. Depois, muito rapidamente, ficou sério.

— Onde está a câmera, Matthew? — perguntou com naturalidade, embora eu detectasse sua ameaça por trás do tom sensual.

Até eu, igualando-me ao jogador de basquete, enruguei o rosto em um mau entendimento. Quê?!

— Do que você está falando? — indagou Matthew, a cautela em suas íris de cor azul.

— Você sabe com maestria a quê eu estou me referindo, Tavares, então não me faça acreditar que é burro o bastante para pensar que eu não descobriria.

Confuso, oscilei minha visão entre os dois. Matthew, para minha surpresa, riu e olhou para mim, dando a entender que éramos íntimos demais para que seu gesto pudesse ser dirigido a mim.

— Você fode seu namorado com tanta força assim para que ele fique doido?

Alec, sem piedade, empurrou a lateral de seu rosto contra a porta, causando um som que me fez dar mais um passo para trás. Caralho... O garoto é violento mesmo...

— Onde. Está. A. Câmera? — ele tornou a perguntar, parecendo estar sentindo prazer em anunciar separadamente as palavras.

— Eu não sei de que caralho você tá falando, meu! — exclamou Matthew, os olhos fechados, enquanto Alec mantinha sua cabeça imóvel.

— É óbvio que você sabia que Joshua e eu estaríamos aqui exatamente nesta hora porque estava nos vigiando. Até parece que você vasculhou por todo canto do ALPHA para chegar à conclusão de que estaríamos juntos. — O seu polegar comprimiu a bochecha do babaca. — Onde você colocou a câmera?

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