ALPHA

16 | Não se preocupe comigo

[18 DE MARÇO DE 2020 — QUARTA-FEIRA]

Na manhã do dia seguinte, por volta das 9h, eu estava sentado na cama resolvendo uma questão de Química ao mesmo tempo em que conversava com meu pai pelo telefone. A ligação não durou muito — nunca durava, na verdade —, mas me fez sentir falta de casa. Não importava o tamanho da minha apreciação pelo ALPHA, eu sempre iria preferir meu tímido e reservado lar familiar.

— Não usou nenhuma droga na festa, né, filho?

— Pai, eu tenho dezesseis anos.

— Os jovens se perdem antes mesmo dos dezesseis, Joshua, acredite em mim.

— Me dá aqui esse telefone, me deixe falar com ele. — A voz da minha mãe interrompendo meu pai me fez sorrir, e, como eu soube que ela adorava tagarelar, abandonei as funções orgânicas que eu estava estudando para lhe dar a atenção devida. — Oi, filho, como você está?

— Oi, mãe. Bem.

— Vai trazer seu namorado para casa no final de semana agora?

Apertei os olhos e esfreguei minha testa.

— Mãe, ele não é meu namorado — Não que eu não quisesse. — É um garoto que eu estou conhecendo, okay?

— Filho, ele é lindo. Deveria investir nele.

— Angélica, não vá constranger o garoto... — repreendeu meu pai.

Luca, que me fazia companhia no dormitório, deixou sua cama e ca­minhou para a porta, o sorrisinho malicioso consigo. Alessandro ainda estava no refeitório tomando café.

— Hum, filhinho da mamãe — me provocou, bagunçando meu cabelo.

Revirei os olhos e sorri para ele, que logo partiu.

— Mãe, eu preciso estudar — tentei fugir, mas a verdade era que eu queria abandonar os livros, então me deitei por completo na cama. — Estou com saudade de vocês. Conto tudo no final de semana.

— Tá, meu filho. Se quiser trazer o Alec para cá no sábado ou domingo, pode trazer. Me ouviu?

Até o nome dele ela decorou.

— Claro. — Como se os pais de Alec fossem deixar. — Eu te amo. Beijo.

— Eu também, querido. Se cuida.

A ligação caiu.

E, pouco tempo depois, saí da minha cama e do dormitório. Assim que eu fechei a porta, vi Danilo passando perto de mim. Ele estava com um macacão completamente preto (ele só usa essa cor?). Com um sorriso lateral de sua parte, seus olhos caramelados desceram para meu corpo num tipo de análise rápida, seguida por sua fala carregada de poder pessoal: