PAPER CROWN 「 Changki, 2Won, Joohyuk 」

O preço a se pagar

hyungwon narrando sz

[ 🐢 .*+ ]

Eu não deveria ter vindo. Não deveria, simplesmente devia ter ficado em casa.

— Hyungwon, o que houve? — Hoseok sussurrou próximo ao meu ouvido.

Eu encarava Kihyun, que me encarava de volta, sem piscar. Ele havia me visto com Hoseok, mas algo me dizia que ele era capaz de ver mais que nossa encenação de CEO e assistente. Minhyuk com certeza deve ter dito algo sobre Hoseok e eu para a vadia. Se algo desse tipo vazar, vou comprometer Hoseok e minha própria família.

— Nada — respondi. Sorri para o Shin — vamos nos sentar.

Hoseok assentiu e me acompanhou até uma das mesas. Kihyun estava com quem supus ser sua mãe, conversava com todos os médicos e até mesmo ali tinha toda a atenção.

— Parece que viu um fantasma, Hyungwon — Hoseok murmurou ao tocar minha coxa. O olhei, com os olhos pesarosos.

— Só estou com fome — menti.

— Vamos pedir algo para comer, então — Hoseok chamou um garçom até nossa mesa e abriu o cardápio, pedindo duas coisas do menu. Notando que eu estava aéreo, pediu por mim, algo que eu fosse gostar — Wonie, olhe para mim — como eu encarava cada movimento de Kihyun, Hoseok me fez olhá-lo — isso não é só fome. Você conhece aquele rapaz?

— Que rapaz?

— Aquele — ele apontou para Kihyun — ou você só o achou bonito?

— Ele se parece com um amigo de infância que perdi contato há anos atrás — outra mentira.

Hoseok riu.

— Vá lá falar com ele, Wonie.

— É melhor não — ajeitei meus fios e umedeci os lábios. Um médico que havia acabado de chegar foi cumprimentar Hoseok, que se levantou e apertou sua mão com um largo sorriso. Nesse momento, Kihyun me olhou e acenou para os fundos, como se me chamasse para acertar as contas lá. Ele deixou a taça de vinho em cima da mesa, sussurrou algo no ouvido de sua mãe e foi para trás — já volto, Hoseok.

Ele estava tão entretido na conversa de seus colegas que apenas assentiu sem me olhar. Pus as mãos nos bolsos da calça e acompanhei os movimentos de Kihyun, com o coração faltando sair pela boca e com medo do que viria por aí.

— Substituiu o Hyunwoo muito rápido, não acha? — Kihyun disse com certa ironia. Ele cruzou os braços e se escorou na parede — você parece pálido, Chae. Aconteceu algo?

— O que você quer para ficar de boca fechada?

Ele riu.

— Obrigado por confirmar minha hipótese. Eu não ia propor nada sem ter certeza.

Merda. Merda, merda.

— Me disseram que você era assistente de Hoseok — do bolso, ele tirou o celular e o desbloqueou. Estendeu o aparelho para mim e meu coração parou — essa troca de olhares não me parece uma simples troca de olhares. Você sabe que Hoseok é noivo de Youngjae, certo?

— Sei.

— Vocês não prestam.

— E o que você tem a ver com minha vida? — elevei o tom de minha voz. Kihyun guardou o celular e deu um passo para frente.

— Eu me perguntei isso todos os dias desde que coloquei os pés naquela escola e tudo o que você me fez foi pra me prejudicar, Chae Hyungwon.

Engoli em seco. Eu estava com medo da vadia?

— Apague essa foto — disse.

— Receio que já seja tarde, Hyungwon — ele sorriu — você estragou minha vida desde o primeiro ano. Eu só retribuí o favor.

— O que você fez, Kihyun? — indaguei entredentes e punhos cerrados.

— Por enquanto, nada. Mas vou te dar um conselho, Chae — Kihyun se aproximou o suficiente para ajeitar minha gravata — se preocupe com a própria pele a partir de agora.

Kihyun girou os calcanhares e caminhou pela cobertura até sua mãe. E eu fiquei ali parado, com as mãos suando, garganta e lábios secos.

Depois desse diálogo com o Yoo, minha noite não foi a mesma.

[...]

Hoseok me deixou em casa um pouco antes das onze. O jantar ocorreu bem, todos os médicos mostraram suas ideias, se confraternizaram e se divertiram. Kihyun certamente se divertiu com minha apreensão.

— Você está bem, Hyungwon? — Hoseok indagou quando puxou o freio de mão do veículo.

— Estou. Só um pouco cansado — suspirei. O Shin se aproximou e me deu um beijo na bochecha carinhoso e devagar.

— Vá dormir, Wonie. Obrigado por ter ido comigo hoje — apenas sorri antes de abrir a porta e sair do carro.

Quando o carro de Hoseok sumiu na outra esquina, entrei em casa. Meu cérebro não parava de me fazer lembrar do que aconteceu e que eu não deveria ter continuado com Hoseok. Eu sabia que algo nos atrapalharia um dia, porém não achava que seria Yoo Kihyun. O destino realmente ama pregar peças.

Após um longo banho, vesti meu pijama e me deitei na cama. Passei bons minutos encarando o teto de cor creme, e, quando eu estava prestes a pegar no sono, meu celular vibrou. Esperava que fosse uma mensagem boba do Shin, mas não. Era de Kihyun.

É hora de pagar o preço.
- KH