O tolo

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nunu narrando s2

[ 🐻 .*+ ]

Quando cheguei na escola, havia um tumulto no corredor. Não sabia do que se tratava nem há quanto  estavam todos ali, mas meu sexto sentido me dizia para não me envolver.

Me esgueirei entre os corpos dos alunos, com a intenção de ir para minha sala e meus olhos pararam em Kihyun, de braços cruzados, encarando Chae Hyungwon do outro lado. Todos do colégio sabiam que os dois não se davam nada bem e que, para o bem da humanidade, era necessário deixá-los o mais longe possível um do outro.

— Parabéns por ter atraído a multidão, Hyungwon — Kihyun disse debochado — eu só quis entrar na sala e você fez todo esse teatro.

— Pare de agir como a vítima, Kihyun. Você não é diferente de mim e sabe bem disso — o Chae rebateu. Já vendo que dali surgiria um incêndio, andei até Kihyun, que arqueou as sobrancelhas quando peguei seu pulso.

— O que foi, Hyunwoo?

— Chega. Vamos lá para fora — falei e, por mais que ele se debatesse, era inútil. O puxei para a quadra do lado de fora da instituição; soltei Kihyun quando subimos nas arquibancadas e me sentei, massageando as têmporas.

— Por que você sempre se mete em tudo?

— Porque seu namorado parece não fazer nada e alguém tem que fazer.

Kihyun ficou extremamente vermelho.

— N-Namorado?

— Changkyun.

— Não estamos namorando.

— Você gosta dele e ele gosta de você. Os dois são idiotas ou o que? — suspirei. Depois de um minuto inteiro sem dizer nada, decidi prosseguir a conversa: — o que você estava fazendo lá dentro?

— Eu só estava tentando entrar na sala, mas Hyungwon veio tirar satisfação sobre a mensagem que mandei pra ele ontem.

— Quando essa rixa de vocês vai acabar?

— Quando ele pagar o preço, Hyunwoo.

— Fazê-lo pagar pelo que fez vai fazer você se tornar uma pessoa como ele — Kihyun jogou a mochila em mim, enraivecido.

— Eu nunca vou ser como ele, Hyunwoo.

Me levantei e estendi sua mochila de volta.

— Então não faça o que quer que você esteja pensando.

— Eu preciso fazer isso — Kihyun disse baixinho ao pegar a mochila. Respirei fundo e dei tapinhas carinhoso no topo de sua cabeça.

— Não, Kihyun. Você não precisa.

Ele abaixou a cabeça e umedeceu os lábios, parecendo extremamente vulnerável.

— Você precisa seguir em frente — foi a última coisa que eu disse antes de deixá-lo só, já que era tudo que ele precisava. Kihyun estava em um misto de emoções, e, pelo tanto que eu o conhecia, ele não saberia administrar tudo de uma vez.

No caminho de volta para a minha sala, encontrei Hyungwon e Minhyuk gritando um com o outro. Apertei o passo para não ser envolvido em outra novela e evitei ouvir os murmúrios dos alunos que presenciaram a mini discussão entre Hyungwon e Kihyun. Todos estavam perdidos em suas necessidades, desejos e anseios. Todos tinham um belo e grande nada e estavam em busca de alguém que os preenchesse. No meu caso, era Kihyun. Mas como a vida nunca foi justa, Kihyun já tem alguém.
Então tudo o que eu posso fazer é ser um mero espectador, que tenta guiá-lo e protegê-lo indiretamente.

Droga, Hyunwoo. Por que você é tão tolo?

— Changkyun — o chamei quando parei na frente da sala dele. O Lim tirou os olhos do livro que lia e franziu o cenho. Andei até ele e me sentei na cadeira à sua frente, suspirando profundamente após — Kihyun precisa de um porto seguro. Eu não posso sê-lo, então essa tarefa cabe a você.

— O que você está falando? — ele questionou.

— É melhor Kihyun contar para você. Ele está na arquibancada da quadra, lá fora.

Changkyun se levantou e correu pela sala em direção ao Yoo. É, quanto mais rápido eu aceitar que não farei parte do futuro de Kihyun, melhor.

PAPER CROWN 「 Changki, 2Won, Joohyuk 」Onde histórias criam vida. Descubra agora