Eu nunca te deixei sozinho, Kihyun

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é a vez do nunu narrar sz

[ 🐻 .*+ ]

— Aconteceu alguma coisa? — perguntei ao ver Kihyun de cara fechada passar por mim na escada. Já estava na hora de irmos, e como eu havia sugerido, ia levá-lo para casa.

Como pensei, Kihyun me ignorou. Talvez porquê não ouviu ou só porquê não tem paciência comigo. Destranquei o carro e ele apressou-se para entrar no veículo, e entrei após o Yoo.

— Changkyun realmente matou alguém? — ele indagou de forma tão baixa que era quase inaudível.

Pela primeira vez Yoo Kihyun estava preocupado com o garoto que ele tanto odiava?

— Dizem que sim. Eu não conheço ele pra te responder — respondi-o.

— Eu quero ir pra casa — outro pedido em um sussurro.

Sorri para ele e girei a chave do carro, sendo possível ouvir o roncar do motor.
Kihyun não falou comigo ao longo do caminho, e eu também não procurei me intrometer naquilo que o incomodava. A única vez que ele falou comigo foi assim que fechou a porta do veículo e murmurou um "até amanhã". Esperei Kihyun entrar na casa em segurança para que eu dirigisse até minha casa.

Eu já deixei bem claro para ele como eu me sentia desde o começo. Recebi inúmeras rejeições por parte do Yoo, mas sabia que ele tinha alguma consideração por mim, por isso, não o deixava sozinho. Por mais que não trocássemos muitas palavras, eu o observava e cuidava dele em silêncio. Uma vez, no refeitório, Cheol e ele brigaram feio, e Kihyun começou a chorar em sua mesa. Como eu sabia que se me aproximasse, seria repelido, comprei chocolate para ele, da sua marca favorita. Passei por sua mesa e deixei a larga barra sobre a mesa, vendo, de soslaio, seu sorriso tímido em resposta.

Quando ele se machucava nas aulas de educação física, eu me oferecia para levá-lo para a enfermaria, já que sabia que seus namorados não o fariam — mas também não conversávamos muito.
De vez em quando nos esbarrávamos em festas, bebíamos e jogávamos conversa fora — coisas fúteis, e talvez Kihyun se soltasse por causa do efeito do álcool.

Quando cheguei em casa, estacionei o carro na garagem e fui logo recebido por uma das empregadas, Hye, com um largo sorriso nos lábios. Peguei minha mochila e a atravessei em meu corpo, dando um beijo na testa de Hye ao passar pela porta. Ela já beira seus cinquenta anos, trabalha em nossa casa há sete anos, sempre me ajudou quando precisei e quando meus pais não estavam em casa para cuidar de mim e de meu irmão.

— Seu pai voltou de viagem hoje, Hyun. Está no escritório — Hye disse baixinho — acho melhor você tomar banho antes de almoçarmos, ele está de péssimo humor.

— Obrigado, Hye — suspirei — sabe o que aconteceu com ele?

— Parece que as negociações em Daegu não saíram como ele planejou.

Murmurei um "ah" antes de pedir licença e sair do hall. Subi a escada e caminhei de forma preguiçosa até meu quarto, joguei minha mochila na cama e baguncei meu cabelo, como se aquilo fizesse todos meus problemas desaparecerem. Como se Kihyun desaparecesse da minha mente.

Tirei a blusa e a joguei na cama também, para então deitar de forma brusca no colchão. Meu celular começou a tocar, parecia que quem me ligava não desistiria tão fácil assim, então, à contragosto, atendi.

— Hyunwoo?

— Sim, quem é?

— Não reconhece a voz do próprio irmão?

Rapidamente, me sentei na cama, como se tivesse levado um susto enorme.

— Faz literalmente dois anos que não recebemos ligações suas. Por que está me ligando? — falei. Minho sabia que eu não gostava de ser ludibriado.

— Eu senti saudades, Hyunwoo. Depois da briga com nosso pai eu quis cortar relações com todos, mas ele me ligou ontem me pedindo pra voltar e tomar conta da empresa, já que você quer fazer algo totalmente diferente.

— O que?

— Vou ser o vice-presidente da empresa, Hyunwoo. Vamos voltar a ser uma família.

Contorci os lábios e os dedos contra o aparelho. Ser uma família de novo? Eu, minha mãe, meu pai e Minho? Juntos?
Não é uma ideia que eu não queira. Minho, na maioria das vezes, me ajudava com a escola e até mesmo me dava conselhos para chamar a atenção de Kihyun. Ele é quatro anos mais velho que eu, mas eu o considero um gênio: sempre teve notas altas no colégio e se destacava entre todos os alunos, tanto é que meu pai confiou a ele o posto de vice-presidente da empresa.

— Hyunwoo?

Molhei os lábios.

— Vai ser ótimo te ter de volta em casa, irmão.

Sei que ele sorriu com a minha resposta, eu senti isso.

— Daqui três dias eu vou voltar pra Seoul. Peça pra Hye limpar meu quarto.

E então desligou. Minho dificilmente expressava seus sentimentos, e quando eu o vi brigar com meu pai a dois anos atrás, eu fiquei assustado e trancado em meu quarto. Minha mãe me contou superficialmente o motivo daquela briga: Minho queria casar com alguém que meu pai não gostava e isso desencadeou um efeito dominó. Os dois brigaram até tarde da noite, até que Minho pegou suas coisas e sumiu da nossa vida.

— Hyun? — assustei-me quando a porta foi aberta e, de uma pequena fresta, Hye apareceu — ainda não tomou banho? — ela abriu por completo a porta e ao se aproximar de mim, preocupou-se — Hyunwoo, está chorando por que? — as mãos pequenas de Hye tocaram minhas bochechas e limparam as lágrimas que eu nem percebi que tinham caído.

— Meu irmão vai voltar pra cá, Hye — falei baixinho, e sorri após.

PAPER CROWN 「 Changki, 2Won, Joohyuk 」Onde histórias criam vida. Descubra agora