Changkyun, um garoto tão bonito, mas tão julgado quanto eu. Além de vir da periferia da capital, seu pai é um criminoso bem conhecido pela polícia. Não me surpreende que ele tenha seguido o mesmo caminho.
— Parece que as coisas vão mudar pela escola — Hyunwoo murmurou. Dei uma risadinha, assentindo — te vejo na saída — ele aproximou-se para me dar um beijo na bochecha e eu me afastei abruptamente, mas mesmo assim ele sorriu e deixou seus lábios em meu rosto.
Hyunwoo não desistiria tão fácil pelo visto, eu queria afastá-lo de mim, mas a atenção que ele me dava não era igual à que meus ex-namorados me davam. Decidi entrar na sala e me sentei no lugar de sempre. Claro que tiveram vários olhares tortos no caminho até minha cadeira, mas eu procurei ignorá-los.
A primeira aula seria de biologia, e a professora era tão paciente com as perguntas que me irritava. Não aguentei mais que vinte minutos naquela sala e tratei de me levantar, alegando que estava passando mal, só assim para ela permitir que eu deixasse a sala.Assim que fechei a porta, acabei com meu teatrinho e respirei fundo. O quanto mais eu podia aguentar? Cheol certamente estaria por aí, falando mal de mim para todos os garotos do time, me difamando como sempre fazia pelas minhas costas.
Girei os calcanhares e andei pelo corredor enquanto pensava para qual lugar eu iria. Na metade do corredor, decidi ir para a biblioteca, não haveria ninguém lá a esse horário e eu poderia dormir em paz, nem mesmo a bibliotecária, Jisoo, poderia me encher o saco.
Empurrei a porta de vidro da biblioteca e suspirei de alívio ao não ver uma única alma viva. Caminhei pelas prateleiras, examinei alguns livros até que sentei-me em uma mesa ao lado da janela, onde fiquei observando o pouco movimento de carros.
Uma cadeira foi puxada de forma nada discreta, e quando eu estava prestes a reclamar com quem quer que fosse, o olhar de Changkyun se encontrou com o meu.— Tem trocentos lugares pra você se sentar e você vai se sentar do meu lado? — perguntei à contragosto. Lá se ia minha paz.
— É você quem está invadindo o lugar. Eu sempre me sento aqui quando mato aula.
— Você ficou fora por dois meses, essa desculpa não serve mais.
Changkyun riu.
— Então a vadia decidiu usar a biblioteca como refúgio? — ele provocou. Arregalei meus olhos e já me preparei para dar um tapa no rosto dele, mas o que ele disse a seguir me fez repensar sobre: — é assim que você esperou que eu te chamasse, não é?
Arqueei uma das sobrancelhas. Changkyun não fazia o menor sentido.
— Enquanto eu faço de conta que você não existe, você faz o mesmo — ele disse.
Estalei a língua no céu da boca e me levantei.
— Só sua presença já me irrita. Vou pra outro lugar — ele riu quando me virei para sair da biblioteca.
— Então é assim que você foge dos seus problemas? — Lim Changkyun estava pedindo para morrer. Aproximei-me dele e puxei-o pela camisa. Devido à força bruta que usei, ele esbarrou na cadeira e ela caiu no chão.
— Você não sabe nada sobre mim, Changkyun. Não aja como se soubesse — falei entredentes. Ele sorriu sem mostrar os dentes e pela primeira vez notei suas covinhas.
— O mesmo vale pra você, Kihyun — Changkyun se soltou de forma brusca de minha mão e se sentou.
O que havia acabado de acontecer?
[...]
Não me preocupei em comer no intervalo, fiquei mascando chiclete para a fome passar enquanto eu continuava na sala, olhando para um ponto fixo no quadro.
Mas como hoje é o dia nacional de irritar Yoo Kihyun, Minhyuk entrou berrando com Hyungwon, parecia desesperado.
— Eu fiz merda, Wonie.
— Vai tudo se resolver — Hyungwon tentou o confortar. Ao notarem minha presença, trocamos olhares intimidadores por um minuto inteiro, até que o Chae puxou Minhyuk para fora da sala outra vez.
Quando eu pensei que finalmente teria paz, escutei uns gritos ecoarem do banheiro, o qual era de frente para a sala em que eu estava. Depois dos gritos, vieram risadas, o que me fez levantar rapidamente e ir até onde a confusão estava.
Entrei no banheiro masculino e vi Cheol com mais dois garotos do time de basquete na frente de Changkyun, que estava jogado no chão.— Cheol, o que você pensa que está fazendo? — perguntei ao empurrá-lo — você é idiota?
Cheol me empurrou para trás com força, fazendo com que minhas costas colidissem com a parede.
— Vadia não tem local de fala — ele disse e sorriu — vamos, já fiz o que eu queria mesmo.
Os três ratos saíram do banheiro e eu olhei para Changkyun, que havia acabado de se levantar e limpou o sangue que escorria de seus lábios.
— O que você fez? — questionei o Lim.
Ele riu desdenhoso.
— Eu sou a vítima e você me pergunta o que eu fiz? — engoli em seco — você conhece Cheol melhor que ninguém. Sabe que ele não precisa de motivos pra me bater, só o fato de eu ser filho de um criminoso já é desculpa pra ele fazer o que fez.
Quando Changkyun estava prestes a deixar o banheiro, eu o segurei pelo braço, e isso o fez me olhar.
— Podia me agradecer — murmurei.
— Está falando sério?
Suspirei. Por que eu estava ajudando esse demônio?
— Vamos pelo menos cuidar disso — falei ao aproximar minha mão de sua boca, indicando o machucado que o Lim havia ganhado.
Ele não disse nada, apenas deixou que eu o levasse até a enfermaria no andar superior.
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PAPER CROWN 「 Changki, 2Won, Joohyuk 」
Fiksi Penggemar"Nós, adolescentes, temos a mania de colocar uma coroa de papel sobre nossas cabeças e fazer de conta que somos reis, quando na verdade não somos nada além de camponeses querendo a atenção da nobreza." Ou "Construímos barreiras, a fim de descobrir q...