Nós não temos empatia por vadias

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hyungwon narrando sz

[ 🐢 .*+ ]

No ensino médio, aprendemos algumas coisas valiosas, sendo não confiar em ninguém uma delas. Tome o exemplo de Kihyun: um namoro falido, um nude vazado pelo próprio namorado e um vexame público.

— Ele vai ficar bem — Minhyuk murmurou para mim. Ri soprado, Minhyuk e suas manias de pensar positivo — está rindo por quê? — ele bateu em meu ombro, se controlando para não rir.

— Você está rindo também, admita que é engraçado! — bradei, e isso fez com que o Lee gargalhasse. Kihyun passou por nós nesse exato momento, com um olho roxo e lágrimas esparramadas por seu rosto pálido. Ele secou a bochecha esquerda e desceu a escada que ligava nosso campus ao estacionamento.

— Pobre coitado — Minhyuk murmurou e mordeu o canudo do suco de laranja — ainda bem que não é tão pequeno assim — o dei um tapa nas costas e ele quase engoliu o canudo — você quer me matar?

Suspirei profundamente.

— Você é um dos poucos dessa escola que quero vivo, Minnie.

Minhyuk conteve a risada e cruzou as pernas. Pôs o copo de suco ao seu lado direito no banco de mármore em que estávamos sentados e fechou os olhos, sentindo o sol em sua pele.

— Eu jamais ousaria desafiar Chae Hyungwon — murmurou. Rolei os olhos e fiz como ele, comecei a aproveitar o sol — foi realmente você que deu a ideia ao ex do Kihyun?

— Você acha que aquela porta do Cheol conseguiria pensar em uma vingança dessas sozinho? Claro que eu ajudei um pouco.

Yoo Kihyun era uma vadia, sempre me enchia o saco com aquela aura de "eu não tenho medo de ninguém" e chegou a um ponto em que ele precisava de uma lição.

— Mas o olho roxo não foi ideia minha — murmurei — aquilo lá deve ter sido porque ele irritou o Cheol.

— Você não presta, Chae Hyungwon — Minhyuk disse e gargalhou.

— O que eu perdi? — Hyunwoo apareceu atrás de mim, me deu um beijo no topo da cabeça e bagunçou o cabelo de Minhyuk, o qual o olhou com cara feia.

— Nada, Hyun.

— Alerta de momento de casal — Minhyuk começou a fazer barulho de sirene e pegou seu copo, levantando-se após — me mande mensagem quando vocês acabarem com a pegação, não quero ir pra casa a pé.

Hyunwoo riu baixinho e assentiu. Ele dava carona para mim e Minhyuk, já que eu e o Lee éramos vizinhos. E de quebra, ainda dávamos uns amassos.
Outra lição valiosa que você aprende no ensino médio: a se aproveitar das chances quando elas lhes são dadas.

Quem era eu para recusar beijos do capitão do time de basquete? Hyunwoo tinha seus charmes, e devo confessar que sua inocência era um deles.
O Son se sentou ao meu lado, ocupando o lugar em que Minhyuk há poucos segundos esteve. Sorri para ele, e ele tocou meu rosto com carinho, como se eu fosse quebrar por ser tão frágil. Fechei os olhos lentamente e aproveitei a corrente eletrizante percorrer meu corpo quando nossos lábios se tocaram. Foi um pressionar simples, Hyunwoo gostava de fazer isso; atiçar sem perceber, ficava tudo melhor depois. Ele entreabriu os lábios e sua língua tocou os meus, então abri a boca e deixei que nossas línguas se enroscassem em um beijo um pouco mais intenso.

Ele se afastou de mim e eu percebi que havia algo errado. Arqueei uma das sobrancelhas e o observei molhar os lábios carnudos.

— Você está estranho — murmurei — o que foi?

Hyunwoo olhou para o lado. Ele costumava fazer isso quando tinha algo sério para dizer, de vez em quando era drama, mas dava para saber quando era brincadeira e quando não era.

— Vamos terminar com isso, Wonie.

Ri, incrédulo.

— Você está dizendo para terminarmos e ainda me chama pelo meu apelido? — esbravejei ao me levantar do banco — eu não acredito nisso. Você só pode estar brincando!

— Hyungwon, eu... — o interrompi.

— Vou chamar Minhyuk para irmos para casa — avisei. Peguei minha mochila e a atravessei pelo corpo, caminhando com passos pesados até a escola, local o qual supus que Minhyuk estaria. E que Minhyuk não estivesse se pegando com alguém pelo corredor, senão eu juro que vomitaria.

Empurrei a porta com força, os passos estavam pesados e enraivecidos, acho que era possível sentir meu instinto assassino a quilômetros de distância. Meu amigo não estava no corredor, havia acabado de fechar a porta do diretor da escola. Pela sua cara, soube que não era coisa boa. Quando Minhyuk me viu, sorriu radiante e saltitou até mim.

— O que aconteceu? — indaguei.

— O diretor me perguntou sobre minhas notas baixas em biologia — murmurou com um bico nos lábios — disse pra eu me esforçar daqui em diante.

Suspirei.

— O que houve, Wonie? Está com uma cara péssima.

— Hyunwoo terminou comigo há pouco — Minhyuk ficou boquiaberto e peguei sua mão, o guiando pela instituição — vamos aproveitar e pegar uma última carona com ele, não aguento mais ficar em pé.

Minhyuk riu de mim e assentiu, acompanhando meu passo. Além de ser dotado de uma paciência extrema, Hyunwoo tinha bom senso e medo do que Chae Hyungwon era capaz em seus momentos de fúria. Por isso, seu carro já estava ligado e estacionado na porta da escola. O Lee olhou de soslaio para mim e correu até a porta traseira do veículo, a abrindo e entrando velozmente em seguida. Espirei e andei até o carro, o qual abri a porta e fechei na mesma irritabilidade. Hyunwoo percebeu isso e então soltou o freio de mão para depois dirigir rumo a minha casa e a de Lee.

O caminho inteiro foi puro silêncio, a única coisa que me incomodava era o barulho do rádio, que chiava constantemente por não ter uma estação definida. Hyunwoo estacionou o carro próximo da calçada, como sempre fazia. Minhyuk foi o primeiro a descer, e assim que fomos deixados à sós, molhei os lábios.

— Espero que saiba o que está fazendo, Son Hyunwoo — murmurei. Suas mãos apertaram o voltante e ele assentiu algumas vezes.

— Eu também — ele praticamente sussurrou.

— E espero que esteja preparado para as consequências. Não vou pegar leve só porque você beija bem — Hyunwoo riu. O olhei, como ele ousava rir assim na cara dura?

O Son desvencilhou suas mãos do volante e apoiou a destra no meu banco. Com a canhota, retirou minha franja dos olhos e sorriu do jeito morno que só ele sabia.

— Eu sei que você não vai conseguir fazer nada para me machucar — ele disse.

— Como pode ter tanta certeza? — droga, Son Hyunwoo. Por que diabos você consegue me desestabilizar assim?

— Porque você gosta de mim.

Rolei os olhos e abri a porta do carro. A fechei brutalmente e caminhei apressado até minha casa.

Chae Hyungwon não gosta de ninguém.

PAPER CROWN 「 Changki, 2Won, Joohyuk 」Onde histórias criam vida. Descubra agora