#26

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eu:
Cadê você? Já estou aqui '~'

Depois de uns dez minutos esperando uma resposta, bufo impaciente e bloqueio o celular, logo o guardando no bolso. Olho em volta do parque e apenas vejo um casal ao longe fazendo piquenique, algumas crianças correndo pra lá e pra cá que nem loucas, à minha esquerda uma sorveteria, e um velhinho sentado num banco, alimentando os pássaros. Dou de ombros e começo a andar até o velhinho, logo me sentando ao seu lado e levando meu olhar para as crianças brincando.

— Minha Soyeon adorava alimentar esses pássaros. Já eu não aguentava mais vê-la fazendo isso todos os dias, como se fosse um mantra a se fazer. — assim que ouço a voz fraca e rouca do velhinho ao meu lado eu o encaro com certa confusão.

— Desculpe? — indago. Ele está falando comigo? O vejo sorrir fraco e jogar mais comida para os pássaros.

— Minha falecida mulher. Ela vinha aqui todos os dias e alimentava esses pássaros, e eu a acompanhava. Era tedioso. — ele deu uma pausa e suspirou. — Ela morreu de leucemia, e quando ela se foi, pude entender melhor a sua paixão por esse parque e esses passarinhos. Lembro de seu sorriso, enquanto ela alimentava eles. Ela era feliz fazendo apenas isso, e eu não pude aproveitar dessa felicidade junto a ela quando estava viva. Mas passamos bons momentos, sim. — ele terminou de dizer e suspirou novamente.

— Eu não sei-

— Só aproveite as oportunidades que a vida lhe dá garoto, pois, a gente só vive uma vez, e devemos fazer isso do jeito mais feliz possível. Não seja um idiota como eu e viva os bons momentos. — o velhinho me cortou. Abri a boca para respondê-lo, mas nada saiu. Fiquei atônico e confuso, mas entendendo o seu ponto.

Ele finalmente me encarou e sorriu fraco, um sorriso cansado mas… feliz. Sorri de volta e assenti pra si. Segundos depois meu celular vibra no bolso. O pego rapidamente e vejo uma mensagem nova.

Jungkookie:
Cheguei, olha pra trás.

Me viro rapidamente e o vejo atrás do banco, em pé, me encarando sorridente. Guardo o celular no bolso e me levanto num pulo, dando tchau pro velhinho educado e me pondo ao lado de Jeon. Então, começamos a caminhar devagar pelo parque.

— Oque estava conversando com ele? — Jungkook indaga, se referindo ao velhinho. Sorrio bobo e nego com a cabeça.

— Nada de mais. Mas e então, quais são os planos pra hoje? — pergunto, saltitando ao seu lado. Ele cerra os olhos e suspira.

— Não sei.

Paro na hora e fico na sua frente. O mesmo para também de andar e me encara sério.

— Como assim? Não planejou nada?

— Não. — ele coça a nuca, constrangido. — Ei, porque só eu tenho que planejar algo?

— Por que foi você quem me convidou! — respondo, como se fosse óbvio.

— Justo. — ele diz, logo tombando a cabeça pra trás e olhando pro céu. Segundos se passam e ele me encara novamente, agora sorrindo fofo, com aqueles dentinhos de coelho à mostra.

— Ok, vamos sair pra comer, e depois quero te levar num lugar. — enfim ele diz.

— Tá bom, amo comer. — digo, dando de ombros. — Que lugar vai me levar? — pergunto sorrindo.

— Segredo, meu bem. — ele responde, tocando com o indicador a ponta do meu nariz, me fazendo enrugá-lo, e o mesmo rir, voltando a andar. Reviro os olhos e o acompanho, mas sorrindo também.

|||||

Saímos do BK, agora de barriga cheia e satisfeitos. Agora, ele está me levando para o tal lugar que citou, não me contando qual é o caminho todo. Uns vinte minutos depois, paramos os dois em frente a um lugar já meio conhecido por mim, pois, já vim aqui algumas vezes com o Taehyung. Mas nunca com Jungkook. E só de pensar que vou entrar com ele já me dá um calafrio.

— Um Karaokê? Sério? Você trás as pessoas para um lugar desses num primeiro encontro, Jeon? — pergunto risonho e observo de soslaio o mesmo sorrir.

— Karaokê é divertido. — ele diz, se movendo e caminhando até a entrada de costas, me encarando com um sorriso cínico. — E quem disse que estamos num encontro, Park? — ele abre a porta da entrada e adentra o local. Reviro os olhos e o sigo.

Já estávamos posicionados de frente a tela, aonde aparecia a letra da música. Segurando cada um, um microfone, começamos a cantar juntos em sincronia, coisa que eu não sabia que era possível. Eu nem sabia que Jeon Jungkook cantava. E ele canta bem, sua voz é maravilhosa.

Depois de umas cinco músicas diferentes, nos jogamos juntos no sofá ao lado, cansados e levemente suados, pois, usamos muito fôlego para cantar e teve uma hora em que a partir da terceira música Jungkook inventou de dançar também, me fazendo rir dos seus passos o tempo todo e eu nem conseguindo acertar a letra de tanto que ria dele.

— Tem razão… karaokê é divertido. — confesso baixinho e devagar, pois minha respiração ainda não normalizou.

O ouço rir ao meu lado e sorrio junto.

— Você canta bem. — confesso novamente. O vejo de soslaio o mesmo me encarar, então me viro e o encaro de volta.

— Você também não é tão mal. — ele diz, me fazendo rir e o dar um tapa no braço. Me viro novamente pra frente e fico encarando a tela do karaokê, pensativo. Esse dia está sendo bom, passar esse tempo com Jungkook me fez ver que ele é uma boa companhia, por mais chato que ele seja. Nunca tivemos essa intimidade toda, de sair juntos pra comer e tal, e nos conhecemos há muito tempo. Mas ele é o melhor amigo do meu irmão, não meu. De repente me lembrei do que o velhinho dessa tarde disse. “Aproveite as oportunidades que a vida lhe dá… ”. Sim, irei fazer isso. Não quero acabar me arrependendo de uma coisa que deixei de fazer por medo num futuro próximo. Sorrio fraco com meu pensamento e suspiro.

— Park. — de repente, no meio dos meus devaneios, ouço Jeon me chamar. Murmuro um “hm?” e viro a cabeça na sua direção. Sem me dar tempo para reagir, ele se aproxima rapidamente e ataca meus lábios com os seus, num beijo simples, mas desejoso. Arregalo os olhos com seu ato, mas logo que sinto sua mão na minha nuca, me puxando para mais perto de si, eu cedo o corpo e relaxo os músculos, o devolvendo o beijo. Sinto sua língua pedir passagem na minha boca e eu a concedo, logo sentindo a sua lingua na minha, as duas se enroscando num beijo de verdade, molhado e gostoso. Apoio uma mão na sua coxa e me aproximo mais de si, querendo mais contato e querendo mais desse beijo apaixonante e desesperado.

Cessamos o beijo devagar, parando aos poucos, até apenas darmos um último selinho e colar nossas testas juntas, com nossos narizes se tocando. Ele sorri de ladino, não um sorriso cínico ou malicioso que ele vive dando, mas um afetuoso. E sorrio junto, lhe devolvendo um sorriso cálido. E droga, odeio admitir, mas estou aos poucos me apaixonando mais pelo melhor amigo do meu irmão.

𝐏𝐥𝐞𝐚𝐬𝐞, 𝐟𝐮𝐜𝐤 𝐦𝐞 𝐓𝐄𝐗𝐓𝐈𝐍𝐆 ʲʲᵏ⁺ᵖʲᵐOnde histórias criam vida. Descubra agora