My Sweet Boy

Sorriso Quadrado

Não podemos negar que os reais monstros do mundo são os humanos, afinal, eles matam, machucam, abandonam e destroem. Por isso eu não gosto dos humanos, mas você é uma, como pode odiá-los? Então você odeia a si mesma? Nunca disse que eu gostava de mim. Eu apenas falei que não gosto dos humanos, não gosto de ser. O que tem de bom em ser humano? Todos nós temos um lado ruim sim, todos nós podemos ser ruins.

  Eu nunca provei algo bom vindo dos humanos, porque provaria agora? Eles são ruins até para o planeta terra, porque eles existem, qual o propósito? As vezes eu me sinto sozinha, mas não quero amizades, não quero ninguém que seja falso de novo.

  Estar sozinho é ótimo, agora, se sentir sozinho é horrível. Nunca me importei em ser a diferente, em ser a estranha. E sempre vou continuar não me importando. Mas não sou tão forte quanto parece ser. tenho medo sim, todos temos medo de algo. Eu tenho quando chego em casa e lido com o meu irmão. Temos terrores que nos aterroriza.

 Minha melhor decisão foi me afastar de tudo e de todos. Eu talvez esteja certa, ou posso ter errado cruelmente. Eu não sigo nada o que me dizem, pode parecer drama e até aquelas garotas de histórias... Mas o ser humano se acha forte, só que ele tem suas fraquezas e é imune a qualquer sentimento. Nos apaixonamos rápido por alguém, tanto quanto nos esquecemos de alguém.

  Mas um dia eu me levanto sem propósito nenhum. Eu estou cansada em descer lá embaixo e lidar com meus pais que nem ligam para a minha existência. Eu realmente não vejo graça ao viver, nunca tive muito do porque lutar. Ao me vestir com aquele uniforme curto, eu saí de meu quarto. Afinal, não faz diferença, ninguém olha para mim.

 Coloquei meus fones ao começar a ouvir a gritaria lá embaixo. Desci e ergui o som no máximo. Não me importo em ficar surda, se pelo menos for evitar de ouvir isso toda manhã. Não como nada, pelo menos não aqui. Eu já logo queria sair dali. Meu braço foi puxado brutalmente, eu olhei para trás, dando de cara com o nojento do meu irmão, sua expressão séria me fazia sentir arrepios, porém, continuava com a minha expressão séria, sem qualquer amostra que ele me causava medo, angústia.

  - Vai embora sem falar com o seu irmão? - Sorriu debochado, isso só me fazia sentir minha barriga revirar. - Isso não é muito curto para você? - Ele analisou meu uniforme. Ele passou seus dedos gélidos na pele da minha coxa. Eu tentei fugir, mas ele segurou-me pelo pescoço.

  -Me solta...- Eu já não conseguia respirar direito. Meu pai e minha mãe, nem ai, ainda discutiam alguma coisa na cozinha.

-Você é patética. - Riu e me soltou com força. Fiz questão de sair dali rapidamente, ao fechar a porta encostei a cabeça sobre a mesma. As lágrimas transbordavam em meus olhos, eu os permanecia abertos na tentativa de segurar. Não aguentando, os fechei, as lágrimas caiam tão rápido, não havia espaços entre uma e outra.

Eu abri o portão do jardim e sai. Caminhei ainda deixando algumas lágrimas caírem. Eu passava por essa nojeira todas as manhãs, nem sempre era manhã, nem sempre era só uma passada de mão na coxa. Era muito mais, e muitas iguais a mim passam por isso.

O caminho até o colégio era calma e quieta, eu só me aprofundava nas letras da música que tocava alto em meu ouvido. A letra era calma e triste. Eu parei quando o sinal ficou verde e o dos pedestres ficou vermelho, alegando que não poderíamos passar. Meu olhar se encontrou em um menino no café do outro lado, seus cabelos eram platinados e sua expressão serena. Ele tomava um café, que levava calmamente aos lábios.

Eu me distraí com isso, não percebendo quando o sinal já havia ficado vermelho e eu poderia passar, se eu não estivesse tão hipnotizada com essa simples cena. Me forcei a andar. Meus passos foram rápidos até o lado seguinte.