~🇫🇷~As lágrimas continuam a jorrar por minha face por mais que eu já as tenha secado com minhas mãos. Olho ao redor da sala coberta por vários cacos de vidro, tudo isso por causa de uma lembrança, mas não uma qualquer lembrança, por que lembrar disso dói, machuca, me faz querer me isolar de todo o mundo, mas não posso deixar que Thierry Gaillard continue afetando o meu jeito de viver, meu novo jeito de viver, meu novo estilo de vida nada convencional, ele não faz ideia do estrago que causou em mim.
Eu tento ser forte, tento encarar todos esses meses de tratamento, de cabeça erguida. Porém, é difícil, é tão difícil você se relacionar com pessoas publicamente, é tão difícil não imaginar que quando as pessoas te olham na rua ou em qualquer outro lugar, estão te julgando pelo seu passado, sem ao menos o conhecer e é mais difícil ainda, quando você finalmente esquece tudo por um momento, se diverte como antes e no meio de toda essa diversão, tudo volta de uma vez a tona, sua visão escurece, seu ar se vai, e seus sentidos já não são os mesmos.
Foi horrível passar por tudo isso durante esses meses, mas fiz tudo isso por meus pais, me matava ainda mais ver seus rostos preocupados, seus dias mal dormidos, seus corpos cada vez mais magros, por esquecerem de se alimentar direito, por que só pensavam em mim, no meu bem-estar.
Então, muitas vezes tive que guardar várias coisas para mim, eu não aguentava ver eles naquele estado, talvez esse seja um dos motivos para que eu me mudasse, espero que eles possam respirar novamente e se divertirem. Seco mais uma vez as lágrimas que ainda insistiam em cair, levanto do chão e começo a recolher os pequenos cacos de vidro, por total descuido acabo cortando minha mão direita, vou até o banheiro, faço um curativo, volto para a sala com uma vassoura e uma pá, começo a recolher tudo.
~🇫🇷~
- Sim, mãe. Eu estou comendo bem.
- Você não está comendo apenas besteira novamente, não é, querida? - minha mãe pergunta do outro lado da linha.
- Não, mãe, não estou. Não precisa se preocupar, estou totalmente bem - olho para minha mão enfaixada.
- Querida, você sabe que não dá para controlar a preocupação de uma mãe.
- Eu sei, mas quero que você se preocupe com você e o papai agora, eu estou me virando bem sozinha. Vocês dois, como estão? Estão saindo muito?
- Ah querida, estamos muito bem, parece que estamos em uma terceira lua de mel - ouço sua risada, há muito tempo eu não a ouvia.
- Fico feliz em saber disso, quero que vocês se divirtam bastante - digo com total sinceridade.
- Fico feliz em saber que você está bem, querida. Logo irei visitar você, não vá achando que vai se livrar tão fácil assim de sua velha mãe.
- Mãe, você não é velha, pare de falar isso. Não tenha pressa em me visitar, viva seu momento agora.
- Tudo bem, querida. - ouço a voz do meu pai do outro lado da linha - Tenho que desligar agora, seu pai acabou de chegar - ouço ele brincar com minha mãe, dizendo que ela não o tem alimentado direito - Querida , isso não é verdade. Não dê ouvidos ao seu pai - ela sorri enquanto fala - Já vou, querido, espere só mais um pouco. Querida, tenho que alimentar seu pai agora, ou ele vai continuar com essas brincadeiras. Trate de se alimentar bem, amo você, querida.
- Irei fazer isso, mãe. Se cuide também, amo você, manda um beijo para o papai.
- Boa noite, querida. - ouço antes que a chamada termine.
Ainda olhando o visor aceso do celular em minhas mãos vejo que a noite estava apenas começando, observo o apartamento enquanto apoio a cabeça sobre a palma da mão lembrando de horas atrás, tentando entender o por que das memórias me afetarem tanto como afetam. Quando iria me ver livre desse inferno?
Fico de pé decidindo distrair minha mente de alguma forma, mas bem longe daqui.
~🇫🇷~
- Desde quando você faz visitas? - Florence me pergunta surpresa ao me ver na porta de seu apartamento - E ainda mais bem vestida. - me analisa dos pés a cabeça - Espera, o que houve com a sua mão?
- Não seja idiota, vamos ao cinema. - ignoro sua última pergunta.
- Quem é você e o que você fez com a Sophie que conheço? - dou uma leve tapa em sua testa e entro. - Não, você é mesmo a Sophie. O que aconteceu com a sua mão? - insiste.
- Quando é que você vai organizar isso aqui? - pergunto enquanto olho para a bagunça em sua sala - Parece uma zona.
- Fugindo do assunto como sempre, estava planejando arrumar agora, e você está me atrapalhando, vai embora - ela diz com uma mão na cintura e a outra apontando para a porta.
- Que mal humor, nem parece ser á Florence - digo me jogando no sofá em sua sala - Não me diga que você é um extraterrestre que possuiu o corpo da minha amiga? - faço uma expressão de surpresa, e coloco minhas mãos em minha boca, ela acerta um travesseiro em meu rosto.
- O que você quer? - ela pergunta agora com as duas mãos na cintura.
- Sair, vamos ao cinema - digo.
- Por que? Desde quando você sente vontade de ir ao cinema? Aconteceu alguma coisa?
- Quantas perguntas, qual o problema de eu chamar você para sair? - pergunto impaciente.
- O problema é que você nunca me chama para sair, eu sou a única que faço isso!
- Estou chamando agora, mas se não quiser ir, eu estarei indo sozinha - digo me levantando.
- Eu vou com você, não é todo dia que esse milagre acontece, espera só um pouco, Sra. Apressada.
~🇫🇷~
- Justamente no dia que dia que você, milagrosamente me chama para assistir um filme, ainda mais no cinema, o lugar se encontra desse jeito, lotado.
Como eu poderia adivinhar que justamente hoje o cinema iria estar lotado? O que posso fazer? Só esperar por enquanto. Provavelmente é dia de lançamento de algum filme famoso, isso explicaria o por que de ter tanta aqui.
Perco a noção de quanto tempo Florence e eu estamos nessa fila, meus pés estão me matando, pelo menos estamos bem perto de comprar nossos ingressos. Resolvo deixar a Florence na fila e vou até a lanchonete do cinema para comprar dois baldes de pipoca, dois refrigerante, para Florence e para mim, até lá estava lotado, mas foi mais rápido pelo menos, pego os baldes e os refrigerantes e caminho de volta até onde Florence está, mas no caminho acabo por esbarrar em alguém.
- Oh, me desc-... Você de novo?
Capítulo revisado!
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ONE NIGHT IN PARIS || KTH [EM REVISÃO]
Fanfic"Não sei ao certo como Taehyung entrou em minha vida, e se tornou minha pessoa. Mas espero que ele nunca saia dela, que se tornou colorida com a sua chegada. O meu mundo preto e branco, agora tinha outro tom, outra cor ou deveria dizer várias cores...