Fora do Tom | YOONSEOK

XIII - Que sorte que há um professor

Taehyung

Dois meses e alguns dias. Esse era o tempo exato desde que Taehyung havia se livrado das agressões de seu pai e se deixara ser acolhido por um professor do qual ele mal conhecia. 60 dias e mais alguns e ele se encontrava nos melhores tempos de sua vida até então.

O apartamento de Seokjin era um ambiente luxuoso, mas não carregava o mesmo peso que sua casa. Na verdade era fácil conviver com o outro Kim, não havia exatamente nada do que reclamar quanto a ele. Nesse período eles puderam conhecer um pouco mais de cada um e criar um laço de amizade forte.

Apesar da postura dura que Seokjin demonstrava dentro da Yonsei, fora do local de trabalho ele era na verdade uma pessoa muito divertida e até mesmo aquilo que se pode chamar de piadista ruim. Por noites e noites Taehyung e ele trocavam gargalhadas de coisas toscas ou somente conversavam sobre nada.

O mais importante de tudo, no fim das contas é que o mais novo já conseguia olhar-se no espelho e aceitar o que via. Ele não era mais alguém que negava a si mesmo ou tentava colocar uma máscara de personalidade que não tinha só para evitar sofrimento. Kim Taehyung estava a cada dia mais aprendendo o verdadeiro significado de amor próprio.

A noite já firme estava agradável apesar de o inverno já bater na porta, fazendo Taehyung aconchegar-se em sua cama num dos vários quartos que haviam naquele apartamento. Pouco a pouco ele foi pegando suas coisas na antiga casa e levando para seu novo lar. Quanto a seu pai, como uma última mentira, Taehyung disse que havia decidido ir morar com a namorada e claro, Eunji estufou o peito de orgulho para dizer que aprovava aquela mudança, mesmo que parecesse loucura. O caso é que a tal namorada de mentira que o Kim havia inventado era Hae Won, mas esta não sabia de nada ainda - e das duas, uma: ou ela concordaria em manter a farsa ou o mataria por isso.

O mais novo rolava a tela do celular distraído quando na soleira da porta, um Seokjin vestido em roupas elegantes e exalando um perfume de lavanda parou e sorrindo o chamou, logo conseguindo a atenção dos olhos do outro.

- Taehyung, vou sair um pouco, tudo bem? A geladeira está cheia, mas se quiser pedir algo, meu cartão de crédito fica com você. - disse suavemente.

O Kim mais novo arqueou as sobrancelhas um tanto curioso que até mesmo largou o celular de lado e perguntou:

- Numa quarta-feira? - indagou.

Seokjin sorriu de canto achando graça da expressão de Taehyung.

- É um compromisso importante. - afirmou calmamente - Não vou demorar muito, não se preocupe.

Naquele momento Taehyung não sabia explicar bem o porquê, mas sentiu algo estranho em si que fez seu coração ficar um tanto diminuto no peito. Seokjin estava muito bonito naquela noite em particular. Usava calças escuras, uma camiseta social branca, um blazer azul marinho e seus cabelos estavam repartidos de forma que seu belo rosto estava exposto ao máximo. Aquilo estava cheirando a um encontro.

O mais novo ainda não tinha muitas certezas em sua vida, pois passara anos e anos duvidando de quem era e do que fazia para se proteger, contudo o que passou por suas veias e percorreu todo seu corpo era algo que ele já havia sentido antes e simplesmente não sabia explicar. Ciúmes, talvez.

- Tudo bem. - ele respondeu sem emoção aparente na voz. - Divirta-se. - assim que o disse, voltou-se para seu celular.

Seokjin estranhou a atitude do garoto, mas apenas deu de ombros, virou as costas indo em direção à porta e saindo. O Kim mais velho tinha em si algo que ele também era incapaz de colocar em palavras, porém era uma intensidade grande em relação a Taehyung. Sentiu-se na pele do garoto por diversas vezes, pôde projetar-se naquela figura que já sofrera demais e aos poucos foi criando um afeto incomum por ele. Quando Min Yoongi disse que o melhor amigo era intenso, não havia exagero algum em sua fala.